Capítulo 8

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LEONARDO

ALTADELLYS, 18/09/2902

Leo resolveu dar uma missão para Penelope e Rafael: descobrir quem era o engraçadinho que estava brincando com sua cara, mas ele não pensou em uma coisa importante: teria que contar sobre o tablet.

Penny disse o quanto isso era absurdo, Leonardo ouviu seu sermão sobre estar sendo imprudente, mas Barajas insistiu que assim que descobrisse quem estava por trás disso, deixaria tudo de lado.

Rafael não acreditou, para ele, Leo já estava bem envolvido com tudo isso, mas o astrônomo insistia novamente. Na cabeça dele, tudo ficaria bem.

Assim que se despediu de Rafa e Penny, começou a subir a escada, mas ouviu uma voz, Chica estava parada na base da escadaria. A mulher Barajas tinha uma elegância impressionante, dessa vez, seu vestido longo havia uma fenda lateral e usava muitos acessórios.

― Vai sair? – Perguntou Leo, não realmente interessado, apenas para ser educado.

― Depois do almoço, vou passear com algumas amigas. – Respondeu, sua voz era pausada e calma.

― Certo. – Leonardo tentou passar pela mulher para subir os degraus, quando Chica fez um breve sinal.

― Achei que íamos almoçar juntos hoje.

― Estou atarefado. – A voz dele era doce, porém, falava rápido e quase não dava para entender, sua mãe vivia chamando sua atenção para esse detalhe.

― Sempre extremamente atarefado, não é?

― Alguém tem que trabalhar. – Retrucou, um pouco mal-humorado. Chica deu um sorriso falsamente triste. – Desculpa, mãe, eu...

― Você poderia tirar um pouco do seu tempo para mim...

Leonardo achava estranho essa mudança. Chica, o chamava de louco, de problemático, o obrigava a sair com garotas e fazia certas crueldades que depois negava ter feito, e de um momento para o outro, ela simplesmente o queria por perto.

Era sua mãe, afinal de contas, ela sabia o que era melhor, não?

Leo suspirou, cedendo a ideia de ficarem juntos durante o almoço. Chica foi na frente em direção a sala de jantar, sendo seguida pelo seu filho. Leonardo sentou ao lado da mãe, enquanto os empregados os serviam. Ele ficou em silêncio, não tinha o que conversar com ela, na verdade, Leo tinha muita pouca coisa em comum com sua mãe, talvez porque tenha convivido mais com seu padrasto e aprendeu a gostar das mesmas coisas que ele.

Chica levava o garfo até a boca e limpava-se delicadamente, Leonardo não sabia o sentido de colocar o batom antes de comer, mas não iria contestar a mãe. Continuou em silêncio, apenas dando garfadas delicadas em sua carne. Leo não sentia muita fome. Leo se achava esquisito grande parte do tempo e isso embrulhava seu estômago a ponto de não conseguir comer, normalmente Leonardo não comia em situações de grande estresse.

Na verdade, ele comia em poucas situações, apenas quando estava extremamente feliz, e isso raramente acontecia. Chica não fazia questão de se preocupar com a alimentação do filho. Leonardo aprendeu a se importar sozinho desde que seu padrasto morreu.

Ele tinha raiva de morar na mesma casa que a mãe, todavia, era orgulhoso para não deixar a casa que herdou. E mesmo se tivesse essa disposição, sua mãe podia continuar alegando sua incapacidade para ficar com o dinheiro, e Leo não pretendia deixar nada para Chica.

Largou os talheres de forma um pouco mais violenta e ficou observando o que restou da comida no seu prato, o alimento parecia se mover e falar com ele, igual quando era criança. Os mesmos sintomas. A mesma coisa. Leo já havia entrado em compreensão que as pessoas de Altadellys não entendem muito de doenças psiquiátricas ou gostam de falar sobre questões espirituais, seja qual for o caso de Leonardo.

1969Onde histórias criam vida. Descubra agora