CAPÍTULO DOIS - O PALÁCIO DOS PEIXES

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Enquanto o sol se punha sobre a densa vegetação da floresta, o jovem viajante continuava sua jornada, guiado pelas botas mágicas que agora adornavam seus pés. A luz crepuscular lançava sombras sinistras sobre o caminho, mas ele avançava com determinação, impulsionado pela esperança de encontrar suas irmãs perdidas.

No meio do caminho, entre as árvores retorcidas e os raios dourados que se filtravam pelas folhas, o jovem encontrou três marmanjos brigando por objetos estranhos: uma bota, uma carapuça e uma chave. Intrigado pela disputa, ele se aproximou e indagou sobre o valor daqueles itens.

Os marmanjos, entre resmungos e discussões, explicaram-lhe que se tratavam de objetos mágicos: a bota, capaz de levar quem a calçasse a qualquer lugar desejado; a carapuça, que ocultava a pessoa que a utilizasse; e a chave, que abria qualquer porta. Fascinado pela magia dos objetos, o jovem ofereceu o dinheiro que trazia consigo e prontamente adquiriu os três itens.

Sem hesitar, ele ordenou à bota que o levasse à casa de sua primeira irmã. Num piscar de olhos, encontrou-se diante de um palácio magnífico, cujas torres se erguiam como lanças em direção ao céu e cujas paredes reluziam com a luz do sol moribundo.

À porta do palácio, o jovem foi recebido por um porteiro solene, a quem explicou que a dona da casa era sua irmã. Surpreso e intrigado, o porteiro conduziu-o até a presença da irmã, que o recebeu de braços abertos e olhos brilhantes de felicidade.

No interior do palácio, o jovem contou à irmã toda a história de sua jornada e a magia dos objetos que adquirira. A irmã ouviu atentamente, mas seu semblante logo se ensombrou quando a noite começou a cair.

Com lágrimas nos olhos, a irmã revelou ao jovem o motivo de seu pesar: ela era casada com o rei dos Peixes, um príncipe feroz que não tolerava a presença de estranhos em seu reino. Temendo pela vida do irmão, ela implorou-lhe que partisse antes da chegada do temido monarca.

No entanto, o jovem não se deixou abalar pelo medo. Com a carapuça mágica em mãos, ele assegurou à irmã que seria capaz de se esconder do rei dos Peixes e enfrentar qualquer desafio que surgisse.

E assim, quando o rei chegou, farejando o ar com desconfiança, a irmã do jovem conseguiu convencê-lo de que não havia estranhos em seu palácio. O rei, satisfeito, tomou um banho e revelou sua verdadeira forma: a de um jovem príncipe, tão belo quanto uma pérola escondida no fundo do mar.

Durante o jantar, a rainha testou a lealdade do rei, perguntando-lhe o que faria se um parente seu aparecesse de surpresa. O rei, sem hesitar, respondeu que o receberia de braços abertos, pois o parente da rainha era também seu cunhado.

Com essa resposta, o jovem irmão da rainha revelou-se, sendo recebido com honras pelo rei dos Peixes. Ele contou toda a sua história, mas recusou o convite para permanecer no palácio, pois sua jornada em busca das outras irmãs ainda não havia terminado.

Antes da partida, o rei dos Peixes presenteou o jovem com uma escama brilhante, revelando-lhe seu segredo. Quando estivesse em apuros, bastava ao jovem pegar a escama e invocar o rei dos Peixes em seu auxílio.

Despedindo-se da irmã e do bondoso rei, o jovem continuou sua jornada, com as botas mágicas guiando seus passos rumo ao desconhecido. Enquanto ele desaparecia na escuridão da floresta, o rei dos Peixes observava-o com olhos cheios de desejo, desejando possuir a magia que o jovem carregava consigo.

Assim, o jovem seguiu em frente, com coragem no coração e esperança nos olhos, determinado a encontrar suas irmãs perdidas e desvendar os mistérios que aguardavam por ele no caminho. E nas profundezas da floresta, o Manjaleu observava silenciosamente, sua sombra imponente estendendo-se sobre a terra, aguardando o desenrolar dos acontecimentos com interesse sombrio.

Conto - O Bicho ManjaleuOnde histórias criam vida. Descubra agora