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Os minutos finais eram sempre os mais calorosos. A bola deslizara nos dedos ágeis de Lilian, estava tudo muito bem regido e orquestrado. Seus movimentos, seu salto, seu passe, era como se aquele ponto a pertencesse. O corpo da garota mais parecia com o de uma bailarina dando um grande salto no ar. As demais na quadra fitavam os olhares sobre a bola, talvez no aguardo de um milagroso empate.
Lilian mal podia prever seu glorioso corte sendo interrompido por um bloqueio certeiro e inesperado de sua colega rival. A bola quica em seu campo, a seguir do culposo apito que ecoava sobre a quadra, era fim de jogo no Maracanãzinho. As jogadoras desgastadas se dispersam da quadra, algumas iam em direção a suas garrafinhas de água, outras comemoravam entre si batendo suas mãos. Lilian não se movia, encarava as arquibancadas vazias a não ser por alguns telespectadores e bolsas jogadas, um suspiro de alívio e fadiga vazava de seus pulmões, era apenas mais um treino.
— Não fica parada, Lilian. Se perdermos o trem só saímos daqui às quatro da tarde.
A morena acorda do seu transe e balança a cabeça na tentativa de desgrudar seus fios de cabelo de sua testa molhada. Esgueirava um pouco seus olhos ao perceber sua amiga lhe estendendo seus óculos.
— Valeu, Jade. — Ela os coloca com certo alívio depois de duas longas horas enchergando com dificuldade.
A loira põe a alça de sua mochila em um de seus ombros, a seguir alongando um de seus braços.
— Como cê tá? — Ela Indaga.
— Normal, só achei que desperdicei um corte muito lindo.
— Não, garota. Como tá a sua vida?
Os olhos de Lilian, que outrora estavam concentrados no chão encontram os de sua amiga, a seguir de uma expressão apática.
— Tá indo tudo muito bem. Não precisa ficar preocupada.
— Espero que esteja mesmo. — Jade acaricia um dos ombros da morena enquanto seus lábios se curvam em um sorriso apaziguador.
— Quem perde tem que guardar a rede! — Surgia a de cabelo cacheado que saltitava alegremente sobre a quadra, saltos dos quais faziam seus cachos pularem, os deixando ainda mais bagunçados.
— Engraçadinha. Uma pena seu time não ter ganhado também, né Camilla? — Rebate a loira com um sorrisinho sacana no rosto.
A mais alta que outrora estava radiante parece murchar enquanto escutava as gargalhadas de Jade.
— Vai apelar pra futebol é? Vou ir trabalhar, até porque quem ganha alguma coisa roubando é o Flamengo. — Resmunga a garota, ajuntando suas coisas espalhadas pela arquibancada.
— Roubando? O juiz nem deu acréscimos pro seu time não passar mais vergonha!
— Enquanto vocês estavam aí discutindo eu já desamarrei a rede. Vamos embora por favor, eu tô grudando de tanto suor.
