Prólogo - Nova Vida

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A tarde de um domingo frio de inverno pode ser aconchegante para muitas pessoas, seria também para Simon caso ele não estivesse chorando ao lado do caixão da avó que tanto amava. Infelizmente um infarto havia acometido aquela doce senhora, que tinha tanto apreço pelo único neto dela. O jovem de cabelos loiros escuros estava desolado, não sabia como reagir a essa notícia tão repentina que o deixara em lágrimas desde o início do dia.

─ "Por que tinha que ser assim vó? Espero que a senhora esteja em um lugar melhor agora" ─ Disse tristemente o garoto enquanto observava a face fúnebre daquela que tanto amava.

Os amigos e alguns familiares distantes da falecida foram aos poucos saindo do enterro assim que o pôr-do-sol anunciou o fim daquele fatídico dia. Simon tentou segurar as lágrimas para poder dirigir o antiquíssimo carro que possuía de volta ao apartamento que morava, tudo em vão, pois, o rio que nascia de seus olhos não poderia ser parado naquele instante. Enfim, ele chega em casa com o olhar sombrio e o corpo extremamente cansado do velório e de todas as burocracias que teve de enfrentar. Sem mais forças para ficar de pé, ele decide apenas se jogar na cama e tentar descansar um pouco de todo o caos que estava sua vida.

Na manhã seguinte, o jovem de olhos azuis acinzentados teve que levantar cedo para ir ao trabalho ingrato que pagava suas contas. Movido apenas por um banho quente e uma xícara de café preto que tomou antes de sair para a labuta naquele escritório, o homem já acostumado com a vida urbana e movimentada que existia naquela cidade entrou no "modo automático", por assim dizer. Ele até tentou, mas não conseguiu evitar os olhares e perguntas dos colegas de trabalho sobre o porquê da mudança repentina de humor, dado que Simon geralmente era muito alegre e comunicativo. Até quando descobriu que seu ex-namorado Pedro tinha o traído e, logicamente, terminou o relacionamento de três anos, ele ainda assim sempre agiu de forma acalorada com os demais.

Parecia que o universo deu um pouco de sorte para o rapaz, que conseguiu convencer seu chefe a deixá-lo sair mais cedo para acertar a divisão dos bens da finada avó. Chegando no local onde se encontraria com a advogada que o informaria sobre o que sua querida familiar havia deixado para ele, Simon sente uma pontada de medo, mas resolve se recompor e subir o elevador que o levaria ao escritório da profissional.

Desconcertado, ele bate na porta, logo ouvindo uma afirmação para adentrar o local. Assim que abre a porta a jovem advogada de cabelos castanhos, pele negra e um par de olhos verdes o convida a se sentar na frente dele para que comecem a falar da possível herança que Dona Luzia havia deixado. Logo ele o faz e a jovem mulher começa a explicar alguns trâmites que ele deveria passar para conseguir seguir com o processo legal, além de tentar consolar um pouco o homem que ainda está passando pelo luto de uma parente amada. Enfim, a advogada resolve ir ao ponto principal e dizer algumas informações importantes a Simon.

─ "Bom senhor Martins, como já falei, sua avó não tinha outros filhos além da sua falecida mãe e você é o único herdeiro cabível aos bens dela." ─ falou ela enquanto analisava alguns papéis e documentos referentes as posses da falecida.

─ "Entendi, mas o que exatamente minha vó tinha? Eu não me lembro muito bem dela falando sobre esse tipo de coisa." ─ Expressou Simon com certa curiosidade.

─ "Então, pelo que vi aqui, ele tinha uma quantia de dinheiro guardada no banco e uma pequena propriedade na cidade natal dela." ─ Informou a mulher.

Simon logo se lembrou da pequena fazenda da sua vó em São Junaí, uma típica cidade do interior que ele costumava visitar quando bem pequeno, porém, com o passar dos anos a vida da metrópole o fez não voltar lá durante muito tempo. Depois da morte de sua mãe, Dona Luzia saiu do interior para ficar mais perto do neto, na casa que antes era da filha daquela senhora, então só ia muito raramente para sua fazendinha verificar se estava tudo nos conformes.

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