Capítulo IV - Final

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Pietro olhava atentamente para o homem deitado abaixo de si, totalmente ciente de que o loiro estava encurralado por seu corpo. A sensação trazia certa satisfação para o rapaz mais novo, mas ele não deixou transparecer. 

O Maximoff se inclinou mais sobre Clint, baixando sua cabeça a um nível em que sua boca estava perigosamente perto da orelha do outro homem. Ele sentiu Clint estremecer abaixo dele, o corpo do herói tenso com sua proximidade.

–Obrigado por cuidar de mim. – Ele disse rente o ouvido do homem mais velho, um sussurro contra a concha da orelha do mesmo. Ele viu Clint se encolher, e apenas levantou a cabeça para ter uma visão do rosto corado do arqueiro. Agora seus rostos estavam próximos, tão próximos que o mínimo movimento seria suficiente para juntar seus lábios. O platinado se abaixou ainda mais, seu rosto quase tocando o do homem que o encarava de olhos arregalados. No exato momento em que seus lábios se tocariam, o Barton virou o rosto para o lado, fazendo os lábios do velocista atingirem sua bochecha. Pietro se demorou no leve selar, e quando se afastou novamente, um suspiro alto saiu por seus lábios. –Odeio quando você foge de mim. – Sua voz era suave e parecia chateada, o tom baixo e rouco o suficiente para o arqueiro sentir sua nuca se arrepiar. Algumas breves memórias do mesmo escapando das investidas do Mercúrio passaram pela cabeça do Barton, mas seu pensamento foi interrompido. Antes que Clint pudesse voltar seu olhar para o rapaz frustrado, seu rosto foi agarrado sem força real e virado novamente em direção ao estrangeiro. Agora ele conseguia ver a expressão fria de Pietro, que o encarava perto demais para ser seguro. –Não vou mais deixar você fugir. 

Antes que as palavras fossem processadas pelo arqueiro, os lábios do Mercúrio estavam duramente pressionados contra os seus, de maneira que ele não conseguia se desvencilhar. O corpo maior se aproximou ainda mais, se encaixando a força entre as pernas abertas do homem mais velho, que tentou as fechar por instinto, acabando por apenas pressionar as pernas dobradas contra o quadril do homem platinado. Os olhos de Clint continuavam arregalados enquanto os lábios de Pietro empurravam contra os seus, o corpo maior agora totalmente pressionado contra o seu, além dos braços fortes o estarem encurralando, o estavam literalmente prendendo na cama. Suas mãos foram até o peitoral do rapaz mutante, tentando empurrar o corpo que o prendia. Pietro nem se mexeu, parecendo uma muralha sobre o homem mais velho. O velocista parecia não desistir, os olhos fechados enquanto seus lábios se tocavam, parecendo aproveitar o contato, mesmo seco.

Toda luta anterior começou a sair do corpo do herói aos poucos, e seu corpo finalmente relaxou contra o do velocista. Seus olhos se fecharam, as mãos que empurravam o peito do Mercúrio agora estavam caindo de volta no colchão. Seus lábios se entreabiram, e logo o arqueiro sentiu a pressão da língua de Pietro se arrastando por seu lábio inferior, ameaçando invadir sua boca. A língua do homem platinado deslizou por entre seus lábios, invadindo sua cavidade oral lentamente.

O beijo que antes era apenas um selar, se transformou em uma intensa briga por domínio, que foi facilmente vencida por Pietro. A língua ávida do homem platinado exigia submissão, e seu ritmo estava sendo demais para Clint acompanhar. Pietro levou a sério a tarefa de explorar cada canto, o músculo molhado serpenteando por todos os lados, experimentando tudo que podia. O loiro sentia um fio de saliva escapar pelo canto da boca, escorrendo por seu queixo, mas Pietro parecia não se importar. Os dedos do rapaz seguravam seu queixo no lugar, mas sem exercer pressão. Um gemido ferido escapou de seus lábios e morreu na boca de Pietro quando o mesmo chupou sua língua descaradamente, a falta de ar já ameaçando se fazer presente.

O ósculo foi quebrado pelo velocista, que separou seus lábios lentamente dos do arqueiro. A posição totalmente inclinada do rapaz foi substituída por uma postura sentada, o corpo robusto se erguendo e desaprizionando o Barton. Quando os olhos de Clint se abriram, a visão que o aguardava o fez corar quase imediatamente. O rapaz mais novo lambia os lábios com fome, seus olhos nunca abandonando a boca entreaberta e ofegante do herói. A respiração do rapaz também parecia ofegante, e um leve rubor se espalhava por seu rosto e pescoço.

A mão de Pietro segurou seu rosto, agora com delicadeza e carinho. O polegar do mais novo deslizava suavemente por sua maçã do rosto, começando a vagar um pouco mais para baixo. Logo o dedo do rapaz chegou ao seu lábio, se arrastando lentamente sobre ele. O olhar de Clint subiu, encontrando os olhos famintos do velocista. O Barton engoliu em seco com a intensidade do olhar do maior, querendo se desviar. O dedo que esfregava seu lábio inferior apenas contribuia para seu nervosismo. 

–Obrigado por sempre estar disposto a cuidar de mim e da minha irmã. – Pietro quebrou o silêncio depois de algum tempo, sua voz mais rouca que o normal, causando arrepios na espinha do homem mais baixo. –Você não sabe o quanto sou grato a você por sempre estar lá por mim. – A mão do Maximoff viajou para baixo, se esgueirando no colchão atrás da do arqueiro. Logo a mão de Clint foi pega pela do velocista, que a ergueu e levou aos lábios, deixando um suave selar nos nós dos dedos do mais velho. –Obrigado por cuidar de mim. – O rapaz disse por fim, seu tom suave e amoroso.

O olhar antes consumidor do platinado agora transmitia apenas puro e inocente afeto, carinho sentimental sem segundas intenções. Os lábios macios deixaram outro beijo, agora no pulso do homem mais velho, que sorria com as palavras do rapaz.

–De nada, garoto. – A resposta saiu baixa, mas Pietro conseguiu ouvir perfeitamente. A mão que era segurada pelo mutante foi puxada para fora de seu aperto, logo seguindo caminho pelo pescoço do homem platinado, com a outra a seguindo. Os dedos do arqueiro se entrelaçaram na nuca do rapaz, o puxando para baixo. O corpo de Pietro despencou no de Clint, agora todo seu peso em cima do homem mais baixo. As mãos que antes estavam na nuca prateada, agora foram até as costas do velocista, segurando firmemente em um abraço aconchegante. Os braços do platinado fizeram seu melhor trabalhando embaixo do corpo do loiro, o tirando do colchão para seus braços se entrelaçarem ao redor da cintura do homem mais velho. Logo, o velocista trouxe o corpo do loiro contra o seu, o puxando para cima e o colocando sentado em seu colo enquanto ele estava sentado sobre as próprias pernas.

Eles não sabem quando tempo passaram apenas se abraçando, mas nenhum dos dois parecia realmente se importar. O calor corporal um do outro trazia paz e conforto, e Pietro estava extremamente satisfeito ao saber que Clint não iria mais fugir dele.

O momento de afeto foi interrompido pelo barulho de um espirro vindo de trás do ombro de Clint. O arqueiro riu enquanto Pietro fungava, e o rapaz platinado apenas deitou a cabeça no ombro do outro, continuando a fungar.

–Ainda não acredito que um ser com super-poderes ficou doente por ter pego uma chuvinha. – O herói diz rindo enquanto levava uma mão até o cabelo prateado do rapaz mais novo, começando a afagar as mechas platinadas. –Acho que você ainda precisa daquele remédio que eu falei. – Pietro apenas concordou com um "uhum", apertando mais o Barton contra si. Clint não pode deixar de rir mais da carência do rapaz mais alto.

Sick - HawksilverOnde histórias criam vida. Descubra agora