Capítulo 02

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— Que tal se experimentasse o frango, Reg? — Pandora colocou um pedaço do mesmo em seu prato. Os olhos azuis da garota brilhavam em sua direção, só por isso ele tentou comer.

Régulos se conteve muito para não vomitar o frango e toda a comida que Lupin o fez comer mais cedo. Seu estômago estava mesmo fragilizado o suficiente para que ele não sentisse a mínima vontade de se alimentar.

— Desculpe, Dora. Comi mais cedo, não estou com fome. — o garoto ofereceu um sorriso mínimo a amiga, que murchou. Reg colocou a mão coberta pelo moletom na boca — Com licença.

O Black teve que sair correndo do salão, tentava não chamar atenção, mas acabou esbarrando com alguém ao sair pela porta.

— Ei, estrelinha. Tem que começar a prestar atenção por onde anda. — a voz tão doce e boa de se ouvir soou quase risonha. James Potter não se importava com o fato de ter esbarrado com Régulos Black, não quando o pequeno acidente lhe dava o pretexto de falar com o irmão do seu irmão — Tudo bem aí? Você está pálido.

— Potter. — Reg não encarou o dito ladrão de irmãos por mais de dois segundos, já que seu estômago ainda doía. Ele saiu correndo, deixando um James curioso para trás.

— Alguém sabe o que houve com Reg? — Potter indagou ao se juntar com os amigos no mesmo lugar de sempre na mesa da grifinória.

— Por que do nada todos resolveram se importar com o coitadinho Black? — Siriu parecia irritado com aquela mobilização toda pelo garoto.

— Por que você está falando desse jeito? — Potter franziu o cenho ao não reconhecer aquele tom do menor, na verdade, ele reconhecia sim, do fatídico dia da briga.

— Hoje todos parecem ter percebido o quão querido aquele garoto é. O que está acontecendo?

— Não seja filho da puta, Sirius. O mundo não gira ao seu redor. — Peter revirou os olhos, pegando mais um pedaço de torta — Régulos está doente, quase desnutrido, beirando a morte, ele foi vomitar por conta de um pedaço de frango, e você está aí reclamando pela mínima menção de seu nome. Isso não parece melhor do que o que seus pais faziam.

Todos, sem exceção, todos os alunos ao redor deles pararam diante da fala de Petter. O ar parecia mais pesado e ninguém ousou dizer nada, até porque todos sabiam que aquilo era a verdade. Sirius bateu a mão na mesa, saindo em seguida. James olhou pesaroso para Peter, Remus passou a mão pelo rosto, suspirando alto.

— Não vou pedir desculpa. — Pettigrew reclamou — Vocês sabem que estou certo. E o Black mais novo é legal, ele não merece isso.

— Tudo bem, Petter, não estamos te julgando.

— Alguém foi ver o Régulos? Ele não parecia bem mesmo.

— Acho que Barty foi.

— Não, Barty não apareceu hoje.

— Eu vou. — James se ofereceu.

— Vai mesmo, Potter, ele vai adorar ter o ladrão de irmãos por perto.

— Hahaha. — Prongs jogou uma um pedaço de carne no amigo antes de se retirar da mesa de forma nada educada e bastante costumeira.

James teve que esperar uns dois minutos antes que aparecesse uma garota da sonserina para que o deixasse entrar. O moreno orou incessantemente para que ranhoso não aparecesse e começassem mais uma de suas brigas animadas. Não foi difícil achar o quarto do menino, já que haviam placas de letras bonitas com os respectivos nomes, o de Reg estava junto ao de Crouch e de Rosier. Ele bateu na porta, bateu três vezes antes que houvesse alguma resposta.

Bem, Régulos parecia pequeno e magro demais mesmo. Seus olhos tão cinzas e bonitos estavam fundos e sem vida, os lindos cabelos pretos estavam grandes demais e sem corte. Ele se parecia tanto com o Sirius que James tinha um dia acolhido. Por que ele não acolheu os dois mesmo? Régulos precisava tanto quanto Sirius e ninguém percebia.

— O que está fazendo aqui, Potter?

— Antes que tente, não vou embora. — Prongs escorregou sorrateiramente para dentro do quarto.

Quem era a cobra ali mesmo?

— O que você quer?

— Quero saber como você está.

— Você quer saber, ou Remus te obrigou a vim aqui? — a acusação soou muito rígida para o Potter. Ok, ele não estava acostumado com todo aquele ódio.

— Não preciso que Remmy me obrigue a fazer tudo na vida, estrelinha.

— Não me chame assim, Potter. Não tem esse direito. — Reg sentia vontade de chorar toda vez que era chamado daquele jeito pelo mais velho. Lembrava da época que James parecia a coisa mais brilhante e viva para si, quando tinha uma pequena paixão pelo leão e o admirava.

— O que houve com você, estrelinha? Meu Merlim, como chegamos a isso?

— Você roubou meu irmão, Potter. Foi assim que chegamos a isso.

— Sabe que isso não é verdade.

— Sei. Eu sei, droga. Mas eu não tenho no que me apegar a não ser isso. Meu irmão me odeia e a culpa é só minha, pronto. Agora vá embora.

James parecia maravilhado. Quando foi que Régulos Black tinha crescido?

— Não. — James fez questão de deixar explicito que não o obedeceria por nada. Pelo contrário, Prongs se jogou na cama do mesmo, dando duas batidinhas como convite para que ele fizesse o mesmo — Não roubei seu irmão, estrelinha, Sirius só parecia precisar muito da minha ajuda e eu precisava muito de um irmão, mas achei que pudéssemos ser como uma família. Não queria que tivesse ficado para trás.

— Grimmald Place pode ser difícil.

— Queria que tivéssemos te levado aquele dia, não me importava em ter te sequestrado se fosse preciso.

Por que não me levaram? Por que não me salvaram também.

Não preciso de nenhum de vocês.

— Está tentando convencer a quem, pequeno? — o moreno sorriu para ele, um sorriso triste, como se pedisse desculpas — Sinto que a culpa foi mesmo minha. Sirius sofreu, mas você... — ele engoliu em seco ao encara-lo — Não queria que tivesse sido assim.

— Alguém tinha que se foder. — Régulos esquadrinhou o rosto bonito e ânguloso do maroto. James parecia um anjo e ninguém podia negar, Lily era sortuda — Me deixe em paz, Potter. Não preciso da sua piedade, vá embora.

— Não. — James insistiu. Queria abraçar o garoto, abraçar até que tirasse todas as suas dores. Quando tempo demoraria para que curasse o pequeno Black? — Você tem a teimosia dos sonserinos.

— Deve ser que é por eu ser um.

— Adoro como é espirituoso. Quando foi que cresceu assim, estrelinha?

— Não achou que eu fosse ser para sempre o pirralhinho que andava atrás de vocês, achou? — Régulos se deitou, mantendo um bom espaço entre os dois.

— Essa não era a descrição que tia Minnie dava ao Peter?

— Não sei, Potter. Não sou um de vocês.

— Deveria ser. Você é importante, estrelinha, e todos nós gostamos muito de você. Sirius só está ressentido.

— O ressentimento do seu irmão já me machucou demais. Não vou deixar que crie esperanças em mim para que eu seja mais uma vez humilhado e destroçado em meio a todo mundo. Se sou como sou, é porque me deixaram assim, não vou ser o menino machucado de novo, Potter.

— Poderia ajudar a se curar, se ao menos deixasse me aproximar.

— Nunca. Nunca deixaria que chegasse ainda mais perto, James Potter.

Quando Vejo Seus Olhos - StarchaserOnde histórias criam vida. Descubra agora