Beatriz Zaneratto

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⚠️ Avsio
Este capítulo contém o tem suicídio.


A brisa fria batia contra meu rosto e agora já não me incomodava mais, minha cabeça doía e meus olhos agora já estavam secos, as lágrimas não existiam mais.

Eu podia sentir certinho o vazio dentro do meu peito, não tinha me acostumado como muitos disseram. Desde o dia em que recebi aquela notícia, meu peito ficou vazio e eu não tinha me acostumado. Era terrível, era terrível, eu só queria parar de sentir tanta saudades.

Respirei fundo com dificuldade e miro os olhos na pista abaixo dos meus pés, estava escura e a única coisa que iluminava ali eram os faróis dos carros, carretas e caminhões que passavam debaixo da ponte. Eu não queria isso, eu estava com medo, mas era simplesmente a única forma de talvez me sentir viva de novo.

Irônico, não?

— Mari, eu sei que está decepcionada comigo, tentei fazer tudo certo do jeito que você pediu, eu tentei seguir em frente. Eu tentei mesmo, mas agora eu cheguei no meu limite. — Falei as palavras em voz alta e ergui a cabeça para o céu escuro e com poucas estrelas. — Espero que você me perdoe, onde quer que você esteja.

As lágrimas voltaram a cair e eu firmei as mãos na mureta e apertei os olhos, precisava usar o pingo de coragem que me restava para acabar com isso. Meu corpo estava arrepiado, meu coração estava acelerado e mil pensamentos passavam por minha cabeça.

Eu não queria isso, não queria, no fundo eu gritava internamente para qualquer coisa que fosse me salvar, me impedir.

— Ai, caralho. — Abro os olhos imediatamente quando ouço alguém se aproximando, quando viro o rosto para olhar a ponte do meu lado direito vejo uma silhueta. — Meu pé. — A voz feminina resmungou e a vi dar uns pulinhos como se tivesse batido o dedinho na quina de alguma coisa.

Desvio o olhar para a pista de novo e dessa vez fico tensa, enxugo meu rosto com as costas da minha mão e só torço para a desconhecida passar reto e não falar comigo.

— Hm, oi moça, tá tudo bem aí?

Droga, é claro que ela ia parar pra falar comigo. Uma doida sentada na mureta em cima da ponte com os pés pendurados pra fora no meio da noite, claro que ela ia parar.

— Tá sim, estou só pensando, pode ir tranquila. — Minha voz saiu trêmula e nenhum pouco convincente, me amaldiçoei por isso.

— Sei, não me leve a mal, mas não parece que tá bem. — Viro o rosto para olhá-la e a vejo se aproximar devagar.

— Você não me conhece para saber. — Respondo.

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