Capítulo 3

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Naruto era um garoto irritante. Desde criança, sempre foi uma peste: sujo, barulhento, bagunceiro e, ouso dizer, com um cheiro desagradável. Passamos a infância brigando, até que ele cresceu, começou a se cuidar melhor, ficou mais organizado e responsável. Até os escândalos dele ficaram mais suportáveis, talvez porque sua voz se tornou mais grave e atraente.

Aos quatorze anos, eu já sabia que era diferente; não me interessava por meninas e não conseguia mais me enturmar tanto com os meninos, que estavam na fase de "falar sobre garotas". Preferi focar nos estudos, o que me afastou dos outros garotos. Não me interessava em ser amigo deles; eram todos imaturos.

Aos dezesseis anos, passei por uma fase difícil: ver todos os meninos crescendo enquanto eu parava no um e setenta. Sempre fui alto, mas, de repente, todos me ultrapassaram, principalmente o Naruto. Comecei a reparar mais nele: como seu cabelo era bonito e espetado, como ele não sabia escrever "pentágono", como nunca comia de boca fechada, como se sentava de pernas abertas e como sua risada era estridente. Isso me fazia perder a cabeça. Como ele podia me deixar tão derretido sendo tão desleixado?

Depois de me formar, entrei na mesma faculdade que ele. Só descobri isso quando o vi na mesma sala que eu. Lembro até hoje: aula de conhecimentos gerais, uma das poucas matérias que cursamos juntos. Eu escolhi desenvolvimento de sistemas e ele, educação física. Um completo banana! Mas, meu Deus, que corpo maravilhoso esse homem tem.

Aos dezoito anos, eu estava completamente apaixonado por ele, mas negaria isso até a morte, não importa o quanto me torturem! Ele sempre me convidava para seus aniversários, mas eu sabia da fama das festas do Naruto: muita gente se pegando, e eu não queria correr o risco de vê-lo beijando ninguém. Isso me destruiria, já que ele foi a única pessoa por quem já cultivei amor, mesmo que platônico.

Este ano, Naruto passou o ano inteiro sendo legal comigo. Começou a ser irritante; me pedia coisas emprestadas mesmo tendo elas, como canetas, borrachas, lápis e até mesmo folhas de caderno. Uma vez, ele me pediu uma presilha emprestada, e ele nem tem cabelo grande para prender. O aniversário dele estava chegando novamente, mas dessa vez as coisas estavam diferentes. Circulavam boatos de que Naruto gostava de meninos, o que me deixou levemente animado, mas também ansioso, com medo de ele aparecer namorando.

"Tô falando sério, esse ano ele vai sim!" Naruto era escandaloso, e sua voz sempre dava para ouvir a quilômetros. A porta do banheiro se abriu e ele entrou acompanhado.

— O Sasuke odeia você, Naruto, supera isso! Dá ideia no Sai, o moleque é emo também. Esse não é o seu tipo? Fiquei sabendo que ele é um viado igual você — Kiba, sempre péssimo com as palavras.
— Eu não quero o Sai! E eles não são nada iguais. O Sai é esquisito... O Sasuke é inteligente, bonito... — Sentia o meu coração disparar dentro daquela cabine de banheiro.
— Ah, me poupe dessa ladainha. O Sasuke é mó nerd. Você gosta mesmo é de ser maltratado por ele, e eu respeito isso. Também adoro mulher mandona.
— Dá pra focar? Eu vou convidar ele pra festa com jeitinho, e então eu vou fazer ele gostar de mim.
— Vai ter que fazer um esforço grande. Só hoje ele te mandou calar a boca quatro vezes.
— Ele só fez isso porque a gente tava fazendo beatbox na biblioteca enquanto ele estava lendo. — "Quem conversa no mictório, pelo amor de Deus?" Era o que passava pela minha mente durante a conversa inteira. Acho que nem o fato dele gostar de mim me deixou mais surpreso do que ele conseguir mijar lado a lado com alguém e ainda conversar naturalmente enquanto faz isso...
— Que nojo, Kiba! Não vai lavar as mãos não?
— Ah, foi mal — os dois lavaram as mãos e saíram do banheiro dando risada.

Legal, o Naruto gosta de mim, quer que eu goste dele também e, acima de tudo, ele lava as mãos depois de usar o banheiro. Hoje o dia está cheio de surpresas. Estou com frio na barriga, ansioso e feliz, mas sinceramente não sei como vou olhar para a cara dele depois disso. Mas eu definitivamente quero que isso aconteça! A ideia de que finalmente vou poder tocar nele como homem me deixa eufórico.

Atração - Narusasu.Onde histórias criam vida. Descubra agora