Capítulo 4

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Nos dois anos de casamento eu cheguei a ver coisas que não queria, sei que nunca trouxe ninguém para nossa casa, mas também sei que se encontrava com outras pessoas no seu tempo fora.

Às vezes chegava com outra roupa e mesmo que fosse algo comum em seu emprego, não era como se seus cabelos molhados escondessem algo, estavam sempre pingando, as roupas não tinham perfume de estranhos, mas também não tinha o seu de café.

Acredite, eu apenas me fiz de cego.

Era estranho que, mesmo depois de tanto tempo, mal nos conhecêssemos. Andávamos separados na rua como dois estranhos e não fingíamos na frente dos seus amigos quando eles entravam em casa. Mesmo que eu implorasse, não existia nem um carinho explícito no nosso relacionamento, algo bem visível para qualquer um.

Sua pouca gentileza doía mais do que pode imaginar, perdi a conta de quantas vezes cheguei a desejar que gritasse comigo por quebrar algo ou queimar a comida, coisas que eu fazia de propósito, mas sua atenção nunca chegava até mim. Era cansativo ver seus olhos sempre vidrados naquele aparelho.

As noites continuavam como sempre, o pouco carinho que depositava em meu corpo de forma automática enquanto dormia, começou a me machucar. Era tão estranho, sua pouca demonstração de carinho incomodava mais que farpas.

Acho impossível e até cheguei a pensar que estava ficando louco, mas confesso que fiquei em dúvida se realmente queria sua atenção. Era tão pouca, mínima, se assim posso dizer. E mesmo que às vezes machucasse, seus abraços continuavam me confortando nas noites, passando segurança quando mais precisava.

Seus olhos continuavam ali, mesmo sem que sua boca dissesse, eu sentia o seu amor e mesmo que fosse algo tão distante, às vezes me agarrava na esperança de um dia, só um dia, falasse que eu era seu único.

Ainda me lembro do dia em que desesperadamente provoquei de forma proposital seus ciúmes, pedi para um antigo amigo me marcar o cheiro dele. E porra, não posso dizer que seus ferormonios me agradavam tanto quanto do meu marido, mas foi a primeira vez que me senti desejado, que meu lobo se sentiu suprido.

E esse foi meu pior erro.

Quando chegou em casa estava possesso, procurou em todos os cantos até me encontrar no jardim, perguntou o onde eu havia passado a tarde e com quem, até parar.

Simplesmente parar e respirar fundo, farejando a minha volta, não precisando chegar mais perto para entender que aquele cheiro não era meu e sim de outro alfa. Foi naquele dia em que vi a decepção estampada em seus olhos.

Não me disse nada, não brigou, apenas saiu me dando o vislumbre dos olhos aguados. Foi a última vez em que os vi em minha direção, depois disso dormimos em quadros separados, não trazia mais comida e os presentes se tornaram raros.

Eu errei e errei feio, mas você não me deu a chance de me justificar.

[...] 

Eita povo, que isso!

Eu quria dizer que tô muito feliz,  não esperava que tantas pessoas iriam ler, eu faço isso por diversão, mas não quero deixar a desejar.

E como presente, e por esse capítulo ser bem curto, vou lançar dois. Obrigado a todos que estão lendo 💚

Perto de VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora