Capítulo 7

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A primeira vez que o vi, meu coração disparou, ele era jovem, mas carregava uma beleza única que me atraia. Meu lobo não conseguiu se conter, e quando cheguei nele foi engraçado como me recebeu com esse seu sorriso bobo, no rosto que se tornou gradativamente vermelho e o aroma mais intenso. Podia jurar que todas as vezes que o olhasse poderia me apaixonar novamente.

A minha vida sempre foi fácil, bom emprego e dinheiro suficiente para manter alguns pequenos luxos, minha família não era tão importante para atrapalhar meus planos, por isso no dia do meu casamento fiz questão de convidar todos os que duvidaram da nossa união e até mesmo os que quiserem atrapalhar, aquele dia foi para dizer ao mundo que deveriam ficar longe do meu amor.

Comemos e bebemos, dançamos juntos durante a noite, seu corpo parecia se encaixar perfeitamente no meu, eu o guiava e ele apenas seguia, a risada calorosa toda vez que pisava no meu pé chamou minha atenção e preencheu o vazio que tinha no meu coração. Poderia viver na cena onde minhas mãos serpenteavam por sua cintura, seus braços enroscavam sobre meu pescoço e nossos olhos não se desencontravam, eu não poderia estar mais apaixonado.

Claro que eu sei que errei quando o deixei sozinho no nosso quarto, deveríamos passar a noite juntos, seu corpo exposto e tão entregue pra mim era o que eu esperava, mas a dor latente em meu peito, me fez te deixar sozinho. Seu amor foi o que me fez perceber que o amor nos devora se o quiser tanto, e com o meu lado egoísta te arrastei junto de mim.

Seokjin era o melhor marido que alguém poderia ter, e eu nem precisei pedir a deusa Luna. Cheia de compaixão, ela me entregou um dos seus filhos. Ele era, com certeza, era abençoado, seu corpo desenhado por um grande artista e uma personalidade esculpida com delicadeza e gentileza. Sua voz natural me encantava, e era fácil se perder no ômega, na minha alma gêmea,.

Acontece que, quando se tem algo tão belo, o medo é o que mais pode perturbar. Eu sabia que ele era inocente, e a preocupação de machucar meu ômega com esse gênio ruim que insistia em ficar na minha cabeça, precisei escolher, mesmo que meu maior sonho fosse ver meu belo ômega com um buchinho, andando com dificuldade pela casa.

Não era difícil de perceber seus olhinhos brilhando em minha direção, mas era complicado entender o que ele realmente queria, por isso me dediquei em lhe dar espaço, observava como ele se comportava de longe. Entretanto, era difícil me manter muito tempo longe do seu corpo, principalmente quando o lobo me arranhava por dentro, deixando mais complicada nossa convivência.

Todas as vezes que nos encontrávamos em casa, quando eu o abraçava ou deixava um simples carinho em seus cabelos macios, doía. As noites eram os únicos momentos em que eu conseguia ficar ao seu lado sem sentir dor, e era quando eu me permitia abraçar e esquentar aquele que eu mais amo.

Não posso negar que faria de tudo por você, deixaria tudo de lado para ficar mais perto de você, mas a dor chegava a ser insuportável quando estava do seu lado. O meu lobo implorava por ele de forma possessiva, na minha cabeça deixar ele dominar iria machucar meu menino mais do que me encarava.

E o dia que menos esperava chegou, quando entrou em seu cio a dor veio em dobro, o sangue que senti em minha boca todas as vezes que escutava aquela doce voz me chamando. Da primeira vez foram dois dias desacordado, infelizmente aconteceu muitas vezes e com o tempo só foi ficando pior.

E porra eu não sabia como contar. só sabia que não podia te ferir de forma alguma, isso nunca nem sequer passou pela minha cabeça. E quando o meu cio chegou, precisei passar aqueles dias tortuosos longe, o mais longe possível, porque eu sabia que iria atrás de você e o tomaria, iria te machucar.

Ah, aqueles olhos curiosos e manhosos brilhando em minha direção, que me torturavam enquanto faziam uma pergunta silenciosa, que pediam por uma explicação, aquela que eu não sabia dar.

Ele é e sempre foi meu ponto fraco mesmo quando não nos conhecíamos. Eu só não sabia que aquele dia iria chegar, os seus olhos lacrimejantes me dizendo que eu o negligenciei, que não cumpro com o que eu prometi, aqueles olhos quase implorando por um pequeno abraço. Foi a primeira vez que senti meu lobo ficar em silêncio, sufocado era a palavra que eu conseguia achar para descrever o que eu senti, todo o meu esforço para não te machucar apenas te feriu mais ainda.

O rosto molhado e vermelho tão perto do meu, foi como a minha morte, conseguia arrumar os cabelos bagunçados depositando um pouco do meu amor, ainda com o medo de o ferir, mas para a minha surpresa tive um beijo roubado e eu não poderia estar mais confuso.

Eu me esforcei para lhe entregar tudo o que eu podia, o abraçava e estava presente, não podia o beijar da forma que eu sei que desejava. Mas ele parecia não se importar, ainda mais quando chegava a noite e eu não soltava seu corpo, ao invés de fugir apenas ficava mais perto para se aconchegar mais.

Nas manhãs aquele cabelo rebelde, enquanto me esperava para tomar café, sempre me chamou a atenção — consigo me arrepender das vezes que eu não parava para sentar ao lado dele, mas isso não significa que não reparava no seu cuidado em preparar tudo.

Eu queria pedir desculpas, por não conseguir ficar tanto tempo perto daquele que roubava meu fôlego.

Eu me perguntava por que tudo parecia tão errado quando eu estava certo de que íamos dar um grande passo no nosso relacionamento. Eu não entendia por que não estávamos mais perto; parecia apenas mais uma tentativa de melhorar o nosso relacionamento, mas sem sucesso.

Depois de um dia cansativo de trabalho, tudo o que mais queria era chegar em casa e ver Seokjin sentado no sofá me esperando para jantar. O dia havia sido horrível e abraçar o corpo quente do meu marido e me encaixar perfeitamente nele era o que eu precisava.

Os dias não eram mais silenciosos depois da nossa conversa. Podíamos contar um com o outro, ainda que existisse uma parede entre nós por conta das minhas mentiras. Mas, naquele dia, a casa parecia fria. A televisão estava desligada e nenhum cheiro de comida sendo preparada vinha da cozinha. Andei até a sala de jantar e a mesa, sempre posta, estava vazia. Fui até o quarto que dividiam e você não estava lá.

Sorri quando senti aquele cheiro vindo do banheiro, mas quando eu bati na porta não escutei uma resposta. Entrei preocupado, mas não tinha ninguém, nada. O guarda-roupa vazio, a casa vazia. Eu jurei que tínhamos nos aproximado. Eu já era capaz de aguentar a dor que corroía meu peito. Estava planejando te contar, assim poderíamos resolver juntos.

Lembrei das últimas semanas, como aos poucos fomos nos entendendo melhor, superando nossos desentendimentos. Pensei que tínhamos encontrado um caminho, uma forma de lidar com as feridas que ainda não cicatrizaram. Estava pronto para abrir meu coração, compartilhar meus sentimentos e, quem sabe, encontrar uma solução juntos.

Mas eu entendi. Naquele dia em que cheguei e não o encontrei, reconheci que ele havia me deixado e eu nem podia julgar. Nosso amor colecionava tentativas falhas e o maior culpado sempre fui eu.

Acontece que foi difícil deixá-lo. Encontrei-o em uma vila e, por mais que seu sorriso não fosse como antes — quando nos conhecemos —, ele parecia mais feliz do que quando estava comigo. Por isso, deixei-o viver sem mim. Fui egoísta ao mantê-lo perto. Mas quando vi aquele alfa, que vive o rodeando e que deixou um beijo em seu rosto esses dias, senti o meu peito voltar a doer.

Dessa vez, a fera que habitava em mim seria incapaz de me causar tanta dor quanto o pensamento de outro tocando-o, aquele que um dia me pertenceu.

O meu ômega, o meu ele.

[...]

Hehe, até semana que vem povo!

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