Capítulo II

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Sem perguntas

Enquanto Angel continuava caminhando em sua direção, todo o barulho da boate parecia ter desaparecido, como se o universo inteiro entrasse em pausa naquele momento. O contato visual intenso teria feito Yunho desviar o olhar em qualquer outra situação, mas ali, em frente àquele ômega, era como se um ímã de carga oposta o atraísse magneticamente.

Sentiu um cutucão sutil de Jongho na lateral de seu corpo, trazendo sua atenção de volta. O dançarino desviou seu caminho apenas quando estava a poucos centímetros de distância, aproximando-se do chefe, que cochichou algo em seu ouvido antes que o moreno tornasse a se virar em sua direção.

Yunho esperava diversas coisas naquela situação, contudo, o que realmente aconteceu, fez com que suas ações congelassem. Sentiu-se um adolescente desajeitado e cheio de hormônios quando Angel subiu em seu colo; havia um sorriso perverso nos lábios do garoto, algo que fazia seus olhos brilharem enquanto movia o tronco suavemente no ritmo da música. Seu primeiro instinto foi levar as mãos para frente, mirando a cintura bem desenhada do ômega, mas recebeu um par de mãos pequenas em seus pulsos, os mantendo contra o estofado de couro.

Yunho piscou confuso, tombando a cabeça quando o outro tomou a deixa para inclinar-se em direção à sua orelha, sussurrando bem próximo para que fosse ouvido acima da música alta:

Pra tocar é mais caro.

Se havia algo do qual o detetive se orgulhava era de saber lidar com as mais diversas situações, mas existia algo ali que havia o desarmado totalmente; se o sotaque carregado, o tom grave e arrastado ou o maneirismo em pronunciar a letra s… eram tantas opções que levou um minuto inteiro para reagir, levando a mão até o bolso interno do paletó, tirando de lá um punhado de notas e acenando lentamente para ele antes de guardá-las no bolso traseiro de sua calça. 

Dessa vez o garoto não recuou, deixando que o alfa guiasse as mãos até sua cintura, apertando firme na região. Preso no próprio mundo, estalou a língua no céu da boca, frustrado quando Jack se inclinou em sua direção para murmurar:

— Considere minha proposta. Angel é realmente algo, não acha? Leve-o para casa, relaxe um pouco e volte amanhã.

Yunho suspirou. Não, Angel era muito além de algo e se viu preso nesse pensamento intrusivo. Era evidente que o dançarino estaria muito melhor na segurança de sua casa do que naquela boate cheia de pervertidos nojentos e ficou irritado por perceber as proporções que aqueles sentimentos possessivos começavam a tomar. 

Sequer conhecia o garoto, seu nome real, sua idade… Era um total desconhecido no momento em que trocaram o primeiro olhar, mas só conseguia pensar nas histórias românticas sobre “true mates” que sua mãe contava quando era criança. Talvez não fosse seu lado racional agindo, pela primeira vez em sua vida. O fato era que não conseguia pensar direito com todo aquele barulho e o objeto de sua obsessão remexendo lentamente em seu colo.

— O que acha, Angel? — Manteve o olhar no dançarino, ignorando momentaneamente o chefe. 

O ômega ficou quieto. Algo frio cruzou sua expressão por um segundo e se não estivesse olhando, sequer teria percebido a hesitação antes que ele olhasse para Jack, esperando por instruções. O gesto revirou seu estômago quando o alemão ergueu as sobrancelhas e acenou com a cabeça. 

— Acho que ele concorda comigo. — O sotaque áspero não passou despercebido pelo detetive, mesmo que o sorriso de lado fosse uma tentativa de disfarçá-lo.

Em todos os seus anos de carreira na polícia, Yunho nunca se sentiu tão empolgado para interpretar um disfarce quanto naquele momento, quando segurando ainda mais firme na cintura do dançarino, se levantou do estofado com ele ainda em seu colo, deixando que ele descesse com um pulinho contraditoriamente adorável. 

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⏰ Última atualização: Jun 17 ⏰

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Red moon [yunsang]Onde histórias criam vida. Descubra agora