GAIOLA ABERTA

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Já fazem 6 dias que estamos no templo sagrado da nossa vila. Todas as cidades élficas até as mais pequenas como a nossa tem templos, lugares construídos na fundação do espaço tempo, aonde se encontram as cidades. É um fato muito conhecido que só se pode entrar nos espaços eflicos por meio dos templos. Dado que a nossa vila não era muito conhecida, ouso dizer decadente, nosso templo estava praticamente desmoronando. Porém a aparência antiga não me incomodava de fato, eu gostava de ambientes antigos. Inclusive, um fato interessante era que ninguém podia nos ver, pois o templo já tinha uma magia de transparência a cerca de 10 anos, caso alguma emergências acontecesse na vila, algo não inesperado dado o alto crescimento de invasões forçadas por demônios nas cidades mais fracas. Por incrível que pareça, uma grande parte dos elfos conseguiram se salvar. Algo muito bom dado o sacrifício da vida dos guerreiros da vila.

Por fim devo dizer que foram dias tranquilos... se você não contar as memórias repugnantes que obviamente não sai das nossas cabeças e o desconforto de dormir no chão duro por uma semana inteira.

Eu ainda não estava conformada com tamanha maldade dos meus pais, eu fiquei triste com a morte deles, porém com raiva também. Isso pode ser egoísmo, eu sei, mas tem tantas coisas que eu quero entender, que eu quero procurar. Porém agora eu estou presa em Shuri... que pensamentos maldosos.

Sinto como se minha existência fosse vazia, sem fim nem começo, somente fadada pela dor. Lembro-me de memórias da minha vida passada, mas nenhuma que me vem à mente seria consideravelmente feliz.

Existia somente morte, para depois vir minha morte. E agora que eu estava esperançosa, com essa vida cheia de alegrias, acontece uma miséria indescritível. Não é como se a minha existência resumisse tudo, porém sinto como se tudo isso fosse causado por mim mesma. A morte deles... nem tentaram fugir conosco... Eu sei que o ataque foi rápido demais, porém... eles deveriam ter tentado. Eu sei que não é culpa deles, eu sei disso.

Devo dizer que Zaya ainda está em choque, porém melhor do que antes, por mais que ela finja estar bem eu sei que não está. Já Shuri.... Eu não consigo dizer muito bem como ele está.

Quando parei para reparar no horário, percebi que já estava tarde e fui-me deitar no canto, perto da fogueira, aonde tinha uma leve camada de feno. Shuri já estava dormindo e Zaya ainda não tinha voltado da " busca por novidades "

Quando me deitei percebi que como de costume, o sentimento de solidão e melancolia de todas as noites vinha me assombrar novamente. Eu não gosto das noitadas, por mais que saiba que combinem comigo.

Eu tenho certeza que já tinha pegado no sono, quando tive a sensação de ter acordado. Abri meus olhos e percebi o iminente breu em minha frente, parecendo um abismo sem fim.

A sensação era estranha, eu estava consciente, e de certa forma sentia que pertencia a aquele lugar mas é como se ao mesmo tempo eu não pertencesse e não deveria estar lá.

-Olá Anastasia Sinclair, da tribo do vento, você quer saber a verdade, certo? - uma voz... eu não sabia identificar se era de um homem ou de uma mulher, nem sabia se ela existia mesmo, eu não conseguia identificar o barulho de um som, é como se... - você soubesse o que estou tentando te dizer? - a voz resumiu.

- Exato. - Respondi um pouco hesitante.

- Anastasia, minha querida, por acaso sabe o significado que seu nome carrega nessa vida? - Uma pergunta inusitada, que por mais de ter certeza de nunca ter perguntado para ninguém sobre isso, eu tenho certeza que seia resposta de certa forma.

- significa 'reencarnação' se não me engano... - respondi um pouco mais confiante.

- Exato, minha benção. - O ser respondeu com um som de satisfação.

Anastasia e a guerra entre os continentesOnde histórias criam vida. Descubra agora