Cassiel

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O mundo não é um lugar de contos de fadas; na verdade, tudo o que você já ouviu falar ou viu sobre o mundo é uma verdadeira mentira.

Sentado na beira de um prédio de 30 andares, ergo minhas asas ao céu. Faz muito tempo que não sinto essa liberdade. 

Desde tempos imemoriais, eu vivi nos reinos das fadas. Ao longo dos séculos, aprendi que tanto no mundo humano quanto no nosso, o mal sempre encontra um caminho para se manifestar. Mas o maior mistério para mim, mesmo depois de tantos anos, é minha própria origem.  Eu não tinha um nome, um lugar para chamar de lar , eu era algo completamente diferente, como um incógnita. A incerteza sobre o propósito da minha existência sempre me assombrou. Parece que sou o único a me questionar dessa maneira, embora muitos dos meus semelhantes aceitem sua natureza sem hesitação. E não eu não sou o único!

Ninguém nunca soube me explicar e eu já havia desistido de entender. Sem uma linhagem definida e sem poderes notáveis, fui exilado para viver no mundo das fadas, condenado a uma vida de servidão. Recordo-me vividamente dos dias em que era jogado em masmorras escuras, castigado por brincadeiras inocentes ou obrigado a limpar os salões luxuosos dos nobres. Eu era só uma criança, meu braços viviam se contraindo de dor e eu não podia descansar.

-Servo inútil 

Diz um soldado atras de mim, ele cuspiu no chão próximo a mim . Se aproximou, abaixando-se e apoiando uma mão no meu joelho. O meu joelho estava machucado mas ele havia feito de proposito, não podia chorar em frente ao guarda então mordi meu lábio inferior tentando aguentar a dor, mas inevitavelmente um lágrima cai, com as duas mãos no meu rosto, apertou com seu olhar penetrante. Nunca senti tanto medo.

-Até esse piso que você limpa tem mais valor. - Ele se levantou e deu um sorriso de lado, me deixando sozinho.

Naquela época,  entre os adultos cruéis que pareciam não sentir nada além de desdém por mim. As surras que levava eram frequentes e dolorosas, muitas vezes me deixando inconsciente .

Porém tudo mudou naquele dia fatídico em que decidi explorar o salão real do Rei das Fadas. É claro que eu sabia que era proibido, mas eu sempre tive um certa curiosidade com o novo, com o ''proibido''. Fui encontrado por um velho mago chamado Valent, que estava de visita ao castelo, aquele dia sua compaixão transformou minha vida para sempre. Eu já o  tinha visto algumas vezes, ele sempre me trazia comida ou conversava comigo, mesmo que fosse apenas o básico, para alguém que nunca sequer era notado além do fato de apanhar por algo Valent era um heroí para mim, ele intercedeu por mim diante do Rei, convencendo-o de que meu exílio traria equilíbrio ao reino das fadas. Prometeu-lhe que todo o reino algo dentro de um sacola azul. O Rei, impressionado com a determinação de Valent e tocado por minha história, concordou em libertar-me do jugo da escravidão, oferecendo-nos exílio em troca da paz que prometi.

Valent era um homem intrigante desde o primeiro momento em que o vi. Ele exalava um aroma amadeirado e usava uma longa capa azul que parecia capturar a luz da lua. Seus olhos brilhavam com um verde profundo, contrastando com sua pele enrugada e sua baixa estatura. Uma bengala o ajudava a caminhar, um lembrete constante de uma batalha antiga que eu tinha curiosidade de saber. 

Enquanto caminhávamos pela densa floresta, eu mal podia olhá-lo; meus olhos estavam quase fechados, roxos e inchados devido às pancadas que levei, e meu rosto, marcado do lado direito, doía a cada movimento. Vestia apenas uma bermuda, e meus pés estavam descalços, frios e cortados pelo chão irregular quando saí do castelo. O ar estava gelado, e eu nunca havia sentido tanto frio, pois nunca tinha saído das dependências daquele lugar que me aprisionava.

Valent, gentil e protetor, me envolveu em sua capa acolhedora e colocou sandálias nos meus pés, um gesto simples que me fez sentir um pouco mais seguro. Fomos seguindo por uma trilha estreita, puxando sua carroça rústica, que rangia a cada movimento. As árvores ao nosso redor eram altas e imponentes, suas folhas sussurrando ao vento enquanto caminhávamos.

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⏰ Última atualização: Oct 19 ⏰

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