O sol brilhava impiedoso sobre Maputo, bem normal para essa região. De alguma forma o mundo parecia silencioso. Pergunto me se era por ser uma manhã ou se apenas estava demasiado envolvido em meus pensamentos. A calmaria que esse dia exalava viera para lembrar me do quão amo a vida e a liberdade que ela proporciona. Muito estava por vir naquele dia, fenômenos que viriam a tingir as nossas histórias como a melanina de um rapaz africano. Estava a boléia da minha minha mãe, para a Universidade.Desci do carro, respirei fundo, enquanto ela o observava-me.
-Boas aulas! Estuda bastante e aproveita o dia.
Sorrindo respondi-a:
-Podes relaxar, mãe... Até mais tarde!Despedi-me com um aceno e asssim que o ela se foi embora, virei-me, caminhando em direção à direção oposta à universidade.Ví uma colega ao longe e, decidido a evitar qualquer confronto, desviei-me habilmente, mantendo-me fora de seu campo de visão. Com passos rápidos, continuei a caminhar, procurando manter-me discreto e não ser notado por ninguém.Ao chegar à paragem de chapa, eu respirei aliviado e embarquei rapidamente no transporte público moçambicano. Com sorte encontrei um assento vago e acomodei-me tentando ignorar a sensação de desconforto que me envolve.
No entanto, conforme o chapa avançava pelas ruas movimentadas da cidade, senti um vazio se instalando em meu peito. Um arrepio percorreu-me a espinha. Um presságio de que algo está por vir instalou-se em mim. Nesse momento fiz o melhor que tinha a fazer, entregar o dia ao criador."Senhor, hoje entrego este dia em tuas mãos. Sei que nem sempre compreendo o caminho que devo seguir, mas confio que me guiarás através das incertezas."
Desci do chapa, sentindo uma calma interior após a minha entrega a Deus. Os meus olhos percorriam o movimento de alunos indo em direção ao Instituto Comercial de Maputo, uma instituição católica na cidade. Aproximei-me de duas estudantes.
-Com licença, vocês sabem onde fica a sala 9?
-Claro! Você vai ao Instituto Comercial?
-Sim, preciso de alguém lá.
-Ah, então você não pode entrar sem estar uniformizado.
-Entendi. Obrigado de qualquer forma.
As estudantes trocam olhares rapidamente e dizem:
-Espere um momento, temos uma ideia. Venha conosco.Segui as estudantes até o posto do guarda, onde elas distrairam o guarda enquanto eu aproveitava a oportunidade para entrar na instituição.
Dentro dos corredores do Instituto, os olhares curiosos dos formandos se fixaram em mim que acabara de entrar. É como se a minha presença destacasse entre os demais, emanando uma aura de singularidade e mistério. Estou mesmo Mog aqui, é tudo oque conseguia pensar.-LAMAR‼
Gritou Anderson, chamando a atenção de todos para si ao se posicionar na janela da sala 9.
Ao entrar na sala, encontrei o Anderson em um cumprimento cheio de saudade e emoção. Demos um aperto de mão e um abraço caloroso, como se o tempo não tivesse passado desde a última vez que nos vimos.A turma, percebeu a ausência de apresentações formais, ficou inquieta.-Não nos apresentas, chefe?
Perguntou uma das colegas dele.Anderson sorriu orgulhoso e respondeu:
-Este é Kevin Lamar. Meu primo.
-Tem um sorriso bonito.
-Este não pegas! Já estamos a ir.
-Deixa de ser off!
Anderson olhou ao redor da sala e pergunta:
-Então, já vamos?
-Sim, já é hora.
-Bem, é melhor eu ir mesmo. Até mais, pessoal.Enquanto saíamos despedimo-nos da turma. Fora da sala , os olhares curiosos dos formandos se intensificaram ao ver nos lado a lado.
-Kevin, já notaste?
-Somos bonitos, é claro que vão olhar.
O Anderson soltou uma risada e continuamos em direção à saída. Ao sairmos, o Anderson percebeu um funeral na igreja do Instituto.
-Olha, morreu alguém! Aqui costumam ter várias cerimônias destas.
-A morte tem me seguido ultimamente.
-Como assim?
- O meu gato morreu hoje e ontem ví dois rapazes serem atropelados.É natural, onde há luz há trevas nesta vida.Resta nos aproveitar as nossas. Não é amigo?!
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Devoradores Das Sombras
HorrorNa vibrante cidade de Maputo, jovens enfrentam um pesadelo apocalíptico, eles são forçados a navegar por um mundo repentinamente dominado por zombies, onde cada esquina esconde perigos mortais. Entre a luta pela sobrevivência.