Melodia do caos

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O Baía Mall estava lá, imponente e silencioso, como um gigante adormecido. Ao longe, o cenário era surreal, uma mistura de beleza e caos, onde a serenidade do entardecer contrastava com o horror que estava à nossa volta.Empurramos o barco para a areia e nos preparamos para o que estava por vir. Cada um de nós, armados com facas e nervosos, movíamo-nos com cuidado, atentos a cada sombra e som. A praia, outrora vibrante e cheia de vida, agora parecia um cemitério a céu aberto com cadáveres ambulantes. Na rua havia um pequeno grupo de zombies, entretiam-lhes os corpos espalhados pelo chão. É estranho que tenham tão poucos zombies num lugar destes. Percebi logo que eles podiam estár concentrados lá dentro. Então tive uma idéia, que podia salvar ou acabar com os nossos pescoços.

–Eu vou atraí-los com o alarme de emergência do carro. Enquanto isso entrem de fininho e barriquem as portas, como se fossem os portões do céu.
–Se for como os portões do céu, podes não entar.
Respondeu o Walter, que mesmo nervoso ele soltava frases destas.
–Assim espero! Ainda não me batizei.
–Depois de tantas aventuras, acho que nem o batismo te faria abrir tais portas. –Respondeu o Walter que acabou nos fazendo rir e nos libertar por breves segundos deste ar tenso de insegurança.–É demasiado perigoso, suicidares te não nos vai ajudar em nada. 
–Relaxem, nunca me dei mal. Vocês já me viram escapar de muito.
–Mas como é que nós vamos barricar o shoping? Tem demasiadas entradas. –Perguntou o Anderson preucpado ao lembrar das entradas da parte de cima.
–Usem os carros do parque de estacionamento para bloquear as entradas. Sugeri ao ver a quantidade de carros que haviam em nosso favor.
–Nunca pensei que fosse aasim que iriamos morrer, mas vamos nessa, mais vale tentar e morrer do que ficar parado e ter o mesmo destino.–Disse o Walter já amarando bem os atadores das suas botas.
– E eu que ainda nem sequer beijei, decentemente!–  Disse Anderson enquanto se preparava para correr também.
–Okay,  vemo nos mais logo, ainda que seja na pós vida.

Esgueirei me até a um carro automático, que ainda tinha a chave na ignição. Dirigi o carro até a praia, uma vastidão deserta e silenciosa. O som repetitivo das ondas do mar ecoavam pelo cenário deserto da praia, enquanto eu posicionava o carro com cautela. Desliguei carro, tranquei-o e afastei me. Já longe dele, peguei em pedras e atirei para o carro até acionar o alarme. O resultado foi imediato e aterrorizante.Zombies, antes dispersos, agora vinham de todos os cantos em direção ao som incessante. Corrí o mais rápido consegui, atirei me para um mato de mangais e escondi me lá. Os Zombies passaram por mim, enquanto aqueles dois entravam, o exterior se transformava numa cena caótica. Zombies atraídos pelo som, seguiam cegamente em direção à praia, tornando-se um espetáculo macabro à luz do entardecer. A combinação das ondas do mar, do alarme e dos gemidos gutulares dos zombies formavam uma sinfonia distorcida que dominava o cenário desolado da costa do sol. Entramos, e o silêncio dentro do shopping era quase palpável.Os corredores estavam vazios, mas o ar estava carregado com a sensação de que não estávamos sozinhos. Os manequins nas vitrines das lojas pareciam nos observar, suas expressões congeladas em poses, enquanto passávamos apressados. Nossos passos ecoavam, e a tensão era quase insuportável.

–Fecharam tudo?
–Sim, tudo fechado.
–Vamos ao spar, lá deve ter todo o equipamento de que precisamos.
Ouvimos um barulho. Algo estava se movendo nos fundos da loja. Olhei para o Walter, que segurava a faca com força, e dei um sinal para que ficasse alerta.
–Tem alguém lá .Parece ferido.–sussurrou ele.
Nos aproximamos com cuidado, prontos para qualquer coisa. Quando dobramos a esquina da última prateleira, vimos uma menina caída no chão. Estava sangrando, mas parecia consciente. Olhou para nós com olhos desesperados. Rastejou para longe de nós, desconfiada.

–Espere! Podemos ajudar.
Ela estava apreensiva mas concordou.
–Ajudem me pelo amor de Deus! Estou a sangrar muito. Não quero morrer!
Aproximamo-nos para avaliar a grávidade do ferimento. A ferida era feia, ela ofegante, começou a hiperventilar.
–Meu paii! Eu estava com meu pai, não posso morrer aqui! Por favor eu não quero morrer aqui‼!
–Vai ficar tudo bem, o seu pai também, por favor acalme-se!
–o meu pai! Ele…

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