Braces

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 Itadori chegou no meio do primeiro ano do ensino médio, recém morava na cidade e não conhecia ninguém. Megumi lembrava certinho quando ele apareceu na sala com a coordenadora, todo atrapalhado.

Nos primeiros dias, não interagiram nenhuma vez. Yuuji se encaixou muito bem na turma, engraçado e carismático como parecia ser, de acordo com os olhares de canto que Megumi constantemente o lançava, mas sua adaptação para acompanhar a diferença de conteúdo entre as escolas estava dando errado. Então, já que a escola fazia tudo menos resolver por si própria, Fushiguro foi chamado pela professora, agora intitulado oficialmente como um "ajudante". Tudo isso por que era um aluno muito aplicado e recentemente um dos professores se preocupava com sua "dificuldade em socializar", quando na verdade Megumi só preferia não falar.

Para a escola, isso era dois coelhos em uma cajadada.

O que, em outras palavras, significava que Yuuji iria ter que sentar em dupla com Megumi e, pelo menos o que o moreno pensava, colar de todos os seus trabalhos, a forma mais fácil de poder se livrar do outro.

Quando a professora anunciou no início da aula para o garoto de cachinhos rosas trocar de lugar, ele o fez despreocupado. Jogou a mochila no chão ao lado da carteira, arrastou a cadeira vazia pra trás e se sentou largado, pernas abertas e mãos na nuca. Se balançava pra frente e pra trás, quase assoviando de tão à vontade. Nobara, sua amiga, a algumas cadeiras na frente, se virou pra trás, o olhando travessa com a irritação aparente que deveria ter.

Megumi não deu oportunidade de conversa, apenas se virou para sua mochila e começou a pegar seus materiais, esperando que o outro fizesse o mesmo, mas quando se virou de volta pra mesa Yuuji já o encarava. Ele parou de balançar, colocando os braços cruzados sobre sua mesa, o cotovelo invadindo o espaço na de Megumi, se inclinando sobre o garoto curvado escrevendo a data.

"Você é o Megumi, né?"

O moreno só murmurou um "sim", esperando ser suficiente.

"Nem sabia que você era da turma sendo tão quietinho. Fiquei sabendo o porquê a gente vai ficar junto, que merda."

Em duas frases, Fushiguro já se questionava como iria aguentar o outro. Não era acostumado, e nem queria ser, a conversas longas e íntimas. Exceto com Satoru, seu padrinho, que ficava tagarelando sozinho enquanto Megumi usava fones de ouvido escondidos por baixo do cabelo, ou Nobara o contando todas as fofocas e novidades de sua vida, mas isso não contava, já que em nenhum dos casos o assunto era sobre si.

Ele concordou com a cabeça, sabendo que se falasse qualquer coisa iria soar irritado. E ele estava, mas não iria admitir. O comentário de Yuuji falando sobre ele ser quieto o trazendo aquela sensação de não ser ninguém, ainda mais com alguém que era... tudo. Megumi observava o garoto desde que chegou, irritado com sua personalidade extrovertida. Em menos de três dias, Itadori conseguiu ser amado por pelo menos metade da escola. Ele jogava futebol nos intervalos - e aparentemente tinha entrado no time da escola, mas Fushiguro nunca foi em um treino para saber -, sempre com os outros o vangloriando pelas jogadas e gols que fazia. Além de outras garotas irritantes que ficavam suspirando por ele, que nem ao menos dava bola para alguma delas.

Yuuji era encantador, engraçado e Megumi NUNCA iria admitir, mas era muito bonito. O conjunto perfeito, que irritante. Fushiguro se forçava a acreditar que o cacheado na verdade era um babaca por dentro, exatamente como todos os jogadores do time de futebol eram. Legais, até traírem a namorada líder de torcida ou baterem em um nerd que não fez seu dever de casa. Talvez estivesse exagerando, uma encenação do que deveria ser um meninas malvadas de baixa renda, mas aquele sorriso de dentes brancos que Yuuji dava, principalmente para as meninas berrando elogios sobre suas jogadas, o irritava profundamente.

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