𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟎𝟑 ๋࣭ ⭑⚝

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Sentia os braços de Andrew me pressionando contra a árvore, numa tentativa de me "proteger" daquela situação caótica. Com as sobrancelhas franzidas, eu estava incerta sobre como reagir. Ao olhar para o lado, vi Ashley desembainhando uma pistola, enquanto Aiden, com sua arma em punho, vigiava o perímetro oposto. Virei minha cabeça na direção dos disparos e avistei vários carros pretos metralhando o hotel onde os irmãos deveriam estar. Meu olhar então captou a figura responsável por aquilo; reconheceria meu tio a qualquer distância.

— Filhos da puta! — murmurei entre dentes, repuxando alguns fios do meu cabelo numa tentativa de conter a raiva que fervilhava dentro de mim a cada segundo que passava.

— Calma lá, garota. Se quer tanto ficar careca, podemos resolver isso agora mesmo — Andrew comentou com sua expressão neutra habitual — cara de quem não está nem aí.

Encarei as orbes verdes do homem e decidi ignorá-lo. Ele me irritava profundamente, maldito fosse por ser tão atraente!

— Emma, pegue a pistola e atire no carro da direita. Vou contorná-los e pegá-los pela frente — Aiden articulou seu plano com um olhar firme em mim e depois para Andrew — Você e sua irmã apenas saiam daqui.

— Vão nos deixar fugir assim? Por que diabos vocês vieram então? — Ashley questionou com um tom zombeteiro em sua voz. Revirei os olhos e saquei a arma que estava presa à minha coxa.

— Porque aqueles traidores nos apunhalaram pelas costas! Aquele maldito velho... — Minha voz se elevou enquanto engatilhava a arma e começava a disparar contra todos os carros. Cega de ódio, eu mal podia crer que nosso próprio pai nos enviara para uma armadilha mortal. Será que esse era seu plano desde o início? Nos eliminar como se fôssemos descartáveis? Entregar nossa mãe para um demônio e vender nossas almas? Lágrimas turvavam minha visão e eu lutava para conter o soluço que ameaçava escapar de minha garganta quando senti um aperto em minha cintura e subitamente fui içada para as costas de Aiden.

— Você só faz merda, passarinho — ele grunhiu.

Aiden correu comigo nos braços enquanto observávamos os irmãos correndo atrás de nós. Tremendo e ainda segurando o choro, sabia que não podia me dar ao luxo de chorar naquele momento crítico. Fui colocada no chão assim que chegamos a um local mais seguro. Ashley retirou uma chave do carro do bolso e destravou o veículo.

— Certo, é o seguinte: aparentemente vocês não têm para onde ir e, embora eu não seja fã de companhia... acho que vocês podem vir conosco — Ashley lançou a chave para Andrew, que pareceu surpreso ao pegá-la.

Aquilo não me cheirava bem.

— E por que faria isso? Nada é de graça nesse mundo — questionei baixinho, apertando o braço de Aiden, que encarava o chão pensativo.

— Precisamos acertar algumas contas com nossos pais — Ashley explicou enquanto entrava no carro — Vocês vêm conosco até resolvermos isso. Depois seguimos para o Canadá e vocês tomam seu próprio rumo, para onde quer que desejem ir — ela bateu a porta do carro e colocou o cinto de segurança — Mas sejam rápidos; afinal, a morte está sempre à espreita.

[• • •]

Já se passavam horas desde que havíamos partido, e ainda estávamos a caminho. Os pais deles, aparentemente, os haviam abandonado à própria sorte no velho apartamento, sem um pingo de preocupação. Essa indiferença me fazia recordar do meu próprio pai, o homem que deveria ser meu herói, mas que sempre foi a fonte do meu maior temor. Durante essas intermináveis horas, encontrei conforto reclinada no ombro de Aiden, que gentilmente acariciava meus cabelos. Percebi Andrew lançando olhares ocasionais pelo retrovisor, mas optei por ignorá-los; conjecturas tolas eram o último de meus desejos.

— Já chegamos? Preciso usar o banheiro... — Ashely indagou com um olhar suplicante para Andrew, seus olhos marejados denunciavam sua urgência.

— Não vou parar o maldito carro só porque você quer — Andrew retrucou com uma frieza cortante, sua expressão se endurecendo pela primeira vez na viagem. Observei seus músculos tensionarem e suas sobrancelhas se contraírem em desdém. Uma onda de calor subiu ao meu rosto e instintivamente levei a mão à testa.

— Nós vamos parar — Aiden interveio com firmeza, encarando os irmãos com determinação. — Minha irmã não está bem e eu não vou permitir que ela sofra.

Com um suspiro pesado, Andrew acenou em concordância e fez uma curva em direção a um restaurante à beira da estrada.

— Por que você não pode ser mais como ele? — Ashely murmurou com um beicinho, claramente frustrada.

— Só cala a boca, Ashely!"

A SALVAÇÃO - Ashley, Andrew x ocsOnde histórias criam vida. Descubra agora