A SALVAÇÃO - Ashley, Andrew x ocs

𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟎𝟏 ๋࣭ ⭑⚝

— Mataram John, ceifaram a vida de um dos nossos. Não alcançaremos a paz profunda sem vingança - declarou meu pai com autoridade, dirigindo-se aos homens encapuzados. Desviei o olhar para Aiden, meu irmão, que assistia à cena com um deboche mal disfarçado. Apertei os lábios, tentando conter o riso que ameaçava escapar. — E aqui estou, apresentando os meus primogênitos, a nossa salvação, eles irão buscar vingança por John para que sua alma possa descansar

Os homens aplaudiram como se presenciassem um grande milagre. Eu, porém, mantive meus pensamentos guardados. Havia muito que reprimia minha verdadeira opinião sobre tudo isso. Nascemos com um propósito sombrio: nossas almas vendidas ao demônio por nosso próprio pai. Que desde sempre teve uma obsessão pelo oculto, pelo demônio, condenados ao inferno, fomos adotados pelo demônio de maneira bizarra. Desde então, uma sombra me perseguia, apelidada carinhosamente de “morte”. Cada pessoa que se aproximava de mim acabava encontrando um destino trágico, condenando-me à solidão. Exceto por Aiden, meu irmão, o único que podia me tocar sem sofrer a morte fria e dolorosa.

Perdida em meus pensamentos, mal percebi quando a suntuosa sala ficou vazia. Aiden me observava com pena, e eu sentia isso.

— Não se preocupe, passarinho - disse Aiden, acariciando minhas bochechas.
— Vamos eliminar esses filhos da puta conforme o velho deseja. Depois, pediremos umas férias de tudo isso e irei levá-la ao Canadá. - Seus lábios tocaram minha testa, aquecendo meu coração. Aiden sempre trouxera paz, algo que eu nunca pude experimentar.

— Tenho medo, irmão — confessei, encarando seus olhos azulados, idênticos aos meus. — Medo de nunca termos uma vida normal.

Olhar nos olhos dele me lembrava da nossa mãe, que nunca conhecemos. Graças ao nosso "querido" pai, que nos forçou a comer a carne dela quando completamos dez anos, parte do pacto sombrio que nos ligava ao demônio, o começo do nosso inferno pessoal.

— Emma, já matamos tantas pessoas que estamos condenados. A paz nunca virá para nós - admitiu Aiden, afastando-se. Ele se acomodou em uma poltrona confortável e me chamou com um gesto. Sentei-me em seu colo, encostando meu rosto em seu pescoço. — Mas prometo, passarinho, levá-la aos lugares mais belos para que sinta sua paz. - Suas palavras sussurradas em meu ouvido fizeram meus olhos se encherem de lágrimas. — Nossa mãe estaria orgulhosa de você.

Essas palavras me fizeram refletir. Ela, que sempre fora justa, aprovaria nossas ações monstruosas? Será que sentiria orgulho de seus filhos transformados em demônios?

Ela nos odiaria.