VI - Desculpa

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Eu pensei que ela já tinha ido embora, mas quando desci, pude ouvir o som de sua risada no quarto ao lado. Um som delicioso que imediatamente me causou um frio na barriga que rapidamente tentei ignorar. Sentei-me até encontrá-la com a cabeça erguida na quina. Em alegre conversa com minha avó. Meu avô já estava desligado prestando atenção na TV.

"Sim, tem sido maravilhoso desde que me mudei para cá." - ela estava dizendo. Eu nem sabia que ela tinha se mudado para cá. Inferno, eu não sabia nada sobre ela. Tudo o que eu sabia era que a beijei e ela não gostou.

"Oh, lá está ela." - minha avó disse, me vendo espiando pela quina. Quando os meus olhos e os dela se encontraram, eles estavam frios, como se ela se ressentisse totalmente de mim. Ela saiu do sofá e caminhou em minha direção. "Por favor, com licença." - ela falou, pegando meu braço e me levando para a cozinha.

Ela me empurrou contra o balcão, com as mãos ao meu lado. Ela se aproximou até que o que ela falava era apenas o que eu conseguia ouvir. "Como você ousa." - ela disse em um tom severo e agressivo. "Sinto muito." Eu sussurrei de volta. "Você nem perguntou." Ela disse com raiva. Parecia fogo queimando a maneira como ela falava comigo. Parecia que ela me odiava.

"Nunca mais falaremos sobre isso, você me ouviu?" - ela disse com raiva fervente. Assenti e ela começou a se afastar. "Sim, senhora." - ela se virou e me encarou imediatamente. "Sim, Senhorita." - ela corrigiu, e eu balancei a cabeça novamente.

Foi horrível, eu me senti horrível. Eu queria chorar por causa da minha própria estupidez. Como pude ser tão descuidada? Ela está certa, eu não perguntei. Eu apenas projetei meus próprios sentimentos nela e esperei que ela os retribuísse. O que não aconteceu. Fui até a pia e joguei água fria no rosto. Deixando escorrer do meu queixo. Tentando me livrar da sensação de queimação que ela me deixou.

Eu escutei daqui e pude ouvir todos eles conversando na sala. Meus avós pareciam amá-la e eu não sabia o que fazer. "Obrigada, mas acho que demorei demais." - ela diz se levantando do sofá.

"Não, por favor! O jantar acabou de ficar pronto e eu adoraria que você comesse conosco." - minha avó diz em um tom genuíno. Ela suspira e acena com a cabeça. "Acho que poderia fazer isso. Mas, por favor, não se preocupe muito com isso." - ela diz passando a mão pelos cabelos.

"Oh, não tem problema querida, siga-me até a cozinha." - ela diz, passando por mim, ela atrás dela. Assim que ela apareceu, saí da cozinha e subi as escadas até chegar ao final do corredor.

"Eu errei, mãe." - Digo sentando ao lado da mesa que guardava a foto. Eu pego e olho para ela. Rastreando minha mãe e meu pai na foto. Eles estão de mãos dadas. E então eu, entre os dois, um sorriso no rosto. "Estamos de mau humor, não é?" - ela falou. Eu olho para cima e encontro meus olhos nos dela. "Sua avó quer você lá embaixo e me disse que há um banheiro aqui em cima."

Ela diz em um tom assertivo. Ela voltou a ser como é na sala de aula, fria e direta. "Ah, sim, aí mesmo." - Eu digo apontando para a porta atrás dela, ela acena com a cabeça e vai embora. Deixando-me ainda sentado contra a parede segurando a foto. Fiquei ali por vários minutos. Ela saiu do banheiro e começou a estudar os arredores.

Tomando conhecimento de todas as fotos nas paredes. Ela parecia curiosa sobre eles, traçando algumas das molduras com as pontas dos dedos, seus olhos mudando de cada uma até que eu pudesse ouvir uma risadinha escapar dela, me fazendo levantar e caminhe até ela por curiosidade. Era uma foto minha brincando na areia da praia. Eu tinha 7 anos. Imediatamente fiquei envergonhada de vê-la rindo disso.

Ela continuou a olhar as fotos nas paredes, vendo mais minhas, algumas dos meus avós.

"Bem, você não era desajeitada?" - ela diz apontando para uma foto minha fazendo beicinho depois de deixar cair meu sorvete. Franzo a testa para a foto, sabendo o quanto isso me deixou chateada naquele momento. Mas ela continuou rindo disso.

Oh, Senhorita Malisorn (Faye X S/n)Onde histórias criam vida. Descubra agora