2009

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Kaia Martinez
2009 | Vegachí, Colômbia.

Estava uma pilha de nervos. Sabia que estava.

Era uma das jogos de Richard, e estava ansiosa por aquilo a semanas. Era a primeira vez que eu iria assisti-lo.

— Pai, está pronto? — pergunto aproximando-me do homem, este já com as chaves do carro em mãos.

— sim, vou deixá-la com Oscar e ir para uma reunião, okay? — Concordei, já sabendo que era isso mesmo desde o início. Meu pai e minha mãe não tinham muito tempo para mim.

Não que eu me importasse. Aprendi a não ligar com o passar do tempo.

E bem, Richard e Oscar estariam lá.

Sentei-me ao lado de Tia Samy e Juan, todos ansiosos pela partida que começaria.

Oscar, Tio Neimar e Junior estavam no vestiário, ajudando Richard com os preparativos do jogo. O garoto já de uniforme e a chuteira desamarrada como sempre, ouvindo atentamente Oscar que gesticulava sem parar.

Desde o dia que Oscar havia tomado pra si a responsabilidade de apadrinhar Richard, o mesmo estava cumprindo com maestria tudo isso. Era um padrinho presente sempre que podia, e ajudava sempre o garoto com tudo que podia.

Eles faziam uma boa dupla, e rezava para que ambos um dia jogassem juntos.

Seria um sonho.

— Está nervosa, Kai? — Pergunta Juan balançando os pés, agitado. Sorri tocando seus fios loiros.

Adorável.

— Um pouco, Juan. — Falei sorrindo meio sem jeito. Juan apenas deu de ombros.

— Não fique, Richa vai se sair bem. — Juan tenta me confortar, comigo sorrindo fraco.

Virei-me para a quadrs vendo que já iriam iniciar de fato a partida. Todos já em seus devidos lugares, comigo já começando a morder minha unha do mindinho, nervosa.

Que dê tudo certo — Pedia silenciosamente em minha mente.

E quando deu início, só pude prender a respiração e assistir.

Sorri empolgada vendo Richard rir alto, sendo levantado por Oscar e Junior que gritavam pelo mais novo.

  O time de Richard havia vencido numa disputa acirrada, foi uma partida legal.

— Felicidades, mi bebé! — Tia Samy agarra os ombros de Richard que fez careta ao ser beijado várias vezes no rosto.

— Mama! — Richard choraminga comigo rindo ao me aproximar com Juan que logo abraçava o irmão.

— Mi neném es tão talentoso — Ela falava ajeitando o cabelo bagunçado de Richa. Eu ri ainda mais.

— Por el amor de Dios, mujer. — Tio Neimar disse ajudando Richard a se livrar do ataque de mamãe ursa.

E por fim, me aproximei.

— Você foi incrível, bebé — Provoquei vendo o mesmo revirar os olhos, comigo abraçando-o forte — Estoy orgullosa, Richa!

— Me haces afortunado, Kai — E nós dois sorrindo.

Uma coisa bem estranha aconteceu após isso. Meu estômago estava lotado de borboletas bobas, minhas mãos estavam geladas e um friozinho estava na minha espinha, deixando-me nervosa.

Os olhos castanhos de Richard estavam brilhando em minha direção, comigo segurando um suspiro em minha garganta. Ok. Tinha algo errado.

— Oye, estamos falando com vocês — Juan falou bravo acordando-me do transe. Nunca gostei tanto desse garoto como gosto agora.

— Eles estavam namorando pelo olhar — Oscar provoca comigo bufando ao fuzilar o colombiano com meus olhos. Um tremendo idiota.

— Oh sim, Richa e Kai sentados em uma árvore... — Junior cantarolou junto de Oscar fazendo eu e Richard ficarmos vermelhos.

Não poderia ser mais constrangedor.

Sorri fraco ajudando Juan a limpar o rosto sujo de sorvete, com o garoto nem mesmo ligando, voltando a se lambuzar de sorvete de chocolate.

— Ey, você gostou mesmo da partida? — Richard Sussurra ao meu lado, comigo olhando-o de lado.

— Claro que sim, Richa — Falei óbvia vendo o mesmo sorrir aliviado — Não seja bobo. Você é sempre incrível.

— Obrigada, Kai — Fala baixinho, envergonhado.

O frio na barriga, as mãos geladas e o maldito sorriso bobo não saiam do meu rosto.

Tinha algo errado comigo. Sabia que tinha.

Já era tarde quando eu e Brienne deixamos de lado as novelas, deitadas um do lado da outra, apenas em silêncio no quarto escuro.

Na manhã seguinte eu iria voltar para o Brasil, para ficar com minha mãe. Meus pais tinham uma relação estranha e unilateral, e ambos só se falavam por mim. Nada além disso.

Eu passava os fins de semana na Colômbia, e na semana, ia para a escola no Brasil, onde morava com minha mãe.

— Pelo amor de Deus, fala logo o que aconteceu para você estar quieta assim, Kai! — Brienne disse após um breve silêncio — Você não costuma ser calada assim.

Engoli em seco, decidindo contar a alguém o que estava sentindo. Mel era mais velha e saberia explicar-me o que era tudo isso de estranho que estava sentindo.

Falei para a mesma o que havia acontecido na corrida e na sorveteria, completamente sem jeito.

— Você sabe que gosta dele né? — a mesma questiona.

— Claro, ele é meu amigo! — Falei óbvia, os menos na minha cabeça nada disso fazia sentido.

— Você sabe do que estou dizendo, Kai. Você gosta de Richa da mesma forma que os casais de filme se gostam, ou como meus pais de amam e etc. — explica levemente comigo negando-me a acreditar nisso.

Era loucura.

Eu gostando de Richard? Puff.

Bobeira.

— Não, ele é só meu amigo — Falei convicta do que dizia, Melanie sorriu.

— Certo então, senhorita apaixonada. Quando você notar, vou dizer um lindo e belo " Eu avisei" — Ela riu ao falar.

— Impossível, isso não vai nem acontecer mesmo — e dormi escutando seus risos.

Essa garota só pode estar maluca.

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Disculparse | Richard RíosOnde histórias criam vida. Descubra agora