2011

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Kaia Martinez
2011 | São Paulo, Brasil.

Oscar estava assinando com uma equipe e iria disputar a Série A. Todos estavam orgulhosos de Oscar, sua felicidade era tanta que veio com Richard para São Paulo, assinar o contrato em êxtase, depois da notícia vinda de Hector Herrera. Como Richard não poderia ir a reunião, chamei o colombiano para ficar aqui em casa comigo, e depois iríamos ver o estádio onde ele iria jogar naquele fim de semana.

— Vamos almorzar? – pergunto, levantando do sofá após dar pausa no videogame. Richa fez careta abrindo um sorrisinho, após escutar a palavra " almuerzo"

—  Apenas mais uma partida, por favor, Kai? – pede olhando-me com aqueles olhos de cachorro caído da mudança, fazendo-me bufar ao sentir as malditas borboletas no estômago.

—  No! Vamos comer e depois mamãe disse que nos levaria com ela para a clínica mais tarde – Falei vendo ele pular do sofá, e ir comigo até a cozinha, tentando irritar-me puxando meu cabelo e me abraçando o caminho todo.

Almoçamos vendo o jogo do Real Madrid, e Richard vibrava do meu lado.

No meu caso, sou do contra e torço para o Barcelona. E ele ainda ficava bravo quando lembrava-o disso.

Margareth, nossa diarista estava lavando a louça quando saímos da cozinha após o jogo. Escovamos os dentes e voltamos para a sala para terminar nossa partida de videogame acirrada, já que Richard era péssimo perdedor, e não aceitava perder.

No horário de almoço da minha mãe, ela nos deixou no campo onde Oscar iria jogar, e ficamos ali com Oscar, que chegou pouco tempo depois, com Hector.

Até joguei um pouco, apesar de não ser muito a minha praia, gostava mais da contextualização do futebol do que jogar em si. Achava interessante ver como acontecia uma vitória, um contra ataque e vários outros fatores importantes do futebol.

Oscar roncava ao meu lado enquanto Richard ouvia música, e eu estudava para minha prova de português da próxima semana.

O nosso voo já iria pousar em Vegachí, Tio Neimar nos buscaria no aeroporto como o combinado com minha mãe.

Terminei de estudar e fiquei escutando música com Richard que adorava escutar muito hit da Disney, o que era bem engraçado, de fato.

Faltava apenas alguns minutos para pousarmos, acordei Oscar e coloquei o cinto.

Após algum tempo, desembarcamos e fiz Oscar levar minha mala, já que não aguentava uma mala sequer pelo cansaço.

Avistamos tio Neimar, Richard correu até o pai. Animado, abraçando-o forte. Juan, estava ali com seu cabelo loiro chamativo esperando para o irmão o abraçar. A expressão contente ao ver o Ríos mais velho foi fofo de admirar no pequeno Juan.

— E ai, Juan? – Toquei o cabelo de Juan que sorriu envergonhado.

— Hola, Kai! – Fala, sorrindo, fofo. Oscar bagunça o cabelo de Juan que resmunga fazendo todos rirem do pequeno monegasco.

— Hola, Tio Neimar! – Abracei-o forte com ele rindo.

—  Hola, Kai. Está ainda mais bonita – Sorri envergonhada fazendo meu tio rir, bagunçando meu cabelo loiro queimado pelo sol.

— Gracias, Tio – E dei espaço para Oscar, ainda envergonhada pelo elogio.

Minutos depois, briguei com Oscar que não queria levar minha mala de pirraça, e Richard levou após ver que nem seu amigo e nem eu iríamos dar o braço a torcer. Nosso apaziguador.

— Vamos, deixa que eu levo – Fala, tranquilamente, pegando minhas malas. Tio Neimar sorriu indo com Juan e Oscar na frente.

Richard arrastou sua mala e a minha, tranquilamente enquanto falava da sua próxima partida para o próximo fim de semana.

— Vai dar tudo certo, Richa – Falei, confiante para Richard que concorda, sorrindo fraco.

— Sei que sim – Fala suave, agora mais confiante. Saímos na rua avistamos o carro de tio Neimar um pouco mais a frente. – Você vai assistir?

Seu rosto estava corado e parecia meio sem graça pela pergunta.

— E porque eu não iria te ver jogar?  – pergunto, risonha e envergonhada. Gostava de ver Richard jogando.

Richard sorriu corado.

— Você me trás sorte, preciso ter certeza de que vai estar lá! – Dei um riso tímido. Richard beijou minha bochecha e fomos até seu pai.

Meu rosto estava em chamas e meu estômago parecia querer sair pelo umbigo.

Eu sabia o que era. E não gostava da sensação.

Richard é meu amigo.

Junior, irmão mais velho de Richard, estava conversando com Oscar. Juan estava no colo de tia Samy que prestava a atenção na quarta, compenetrada em ver o filho. 

Richard estava com a bola. Seu desempenho estava bom, mas, sabia que se ele queria vencer, tinha de fazer melhor que aquilo.

E de fato, ele fez.

Oscar ensinou muitas coisas para Richard. Vencer era melhor que tudo. Ele me dizia o mesmo sempre que perguntava sobre qual a sensação de vencer.

Os olhos de Richard brilhavam antes dele descrever tudo que fez até a vitória.

Richard tinha a mesma característica do seu treinador. Ambos seriam o futuro do futebol, eu sabia disso.

— Quer pipoca, Kai? – Samy, pergunta atenciosa.

— Sim, tia. Obrigada! – E peguei um bocadinho em minha mão. Oscar me passou seu refrigerante, enquanto sorria acariciando meus fios loiros.

Richard recebeu uma passada de bola horizontal com precisão, fazendo o gol. Faltava apenas dois minutos para o fim do jogo.

— Oscar – chamei meu amigo que me olhou – Imagine, Richa e você jogando juntos?

Oscar riu.

— Esse é um sonho nosso. Meu, seu e de Richa. Seria maravilhoso.

Os olhos dele brilharam e eu sorri abraçando ele de lado, voltando minha atenção para Richard.

Disculparse | Richard RíosOnde histórias criam vida. Descubra agora