Ponto de vista do autor.
A noite estava particularmente fria quando Laurin Gonzales desceu do carro e observou a grande mansão à sua frente. Ele estava ali para quitar uma dívida, mas a sensação de que algo mais estava prestes a acontecer não o abandonava. Seus homens ficaram de guarda do lado de fora, enquanto ele se dirigia à entrada principal, sua figura imponente e segura de si refletindo o poder e o respeito que ele impunha.
A porta se abriu antes que ele pudesse bater, revelando Giovanni Oliviara, um homem de cabelos grisalhos e olhar penetrante. Giovanni estendeu a mão, que Laurin apertou firmemente.
— Laurin, é um prazer finalmente encontrá-lo pessoalmente — disse Giovanni com um sorriso que não chegava aos olhos.
— Giovanni — respondeu Laurin com um aceno de cabeça, entrando na mansão. — Vamos direto ao ponto. Estou aqui para acertar nossas contas.
Giovanni indicou com um gesto que Laurin o seguisse até uma sala de estar luxuosamente decorada. Sentaram-se em poltronas opostas, uma mesa baixa entre eles.
— Sim, claro — Giovanni começou, o tom de sua voz era calculado. — Mas antes de discutirmos os detalhes, gostaria que conhecesse alguém.
Laurin franziu ligeiramente a testa, mas manteve-se em silêncio, esperando. Giovanni fez um sinal, e uma porta lateral se abriu. Sophie entrou na sala, seus longos cabelos cacheados caindo sobre os ombros, os olhos verdes brilhando com curiosidade e uma pitada de receio.
— Esta é minha filha, Sophie — disse Giovanni, seus olhos observando cuidadosamente a reação de Laurin.
Laurin se levantou, seus olhos escuros analisando cada detalhe de Sophie. Ele não deixou transparecer nada em seu rosto, mas algo nela o intrigava. Sophie, por sua vez, sentiu um arrepio percorrer sua espinha ao encontrar o olhar intenso de Laurin.
— Sophie, este é Laurin Gonzales — continuou Giovanni. — Ele é... um velho conhecido da família.
— Prazer em conhecê-lo, senhor Gonzales — disse Sophie, sua voz firme apesar do ambiente tenso.
— O prazer é meu, Sophie — respondeu Laurin com uma inclinação de cabeça.
Giovanni sorriu, satisfeito com a apresentação. Ele voltou-se para Laurin, assumindo um tom mais sério.
— Laurin, a dívida que tenho com você é grande, e reconheço que nossos negócios trouxeram complicações para ambos. No entanto, acredito que podemos encontrar uma solução mutuamente benéfica.
Laurin cruzou os braços, esperando que Giovanni chegasse ao ponto.
— Estou disposto a oferecer algo mais valioso do que dinheiro — Giovanni continuou, sua voz baixa e deliberada. — Ofereço minha filha, Sophie, como garantia de nossa aliança.
A sala ficou em um silêncio tenso. Sophie olhou incrédula para o pai, seus olhos se enchendo de choque e confusão. Laurin manteve sua expressão impassível, mas seus olhos escuros fixaram-se em Giovanni com uma intensidade renovada.
— Giovanni, você sabe o que está propondo? — disse Laurin, sua voz baixa e perigosa.
— Sei exatamente o que estou propondo, Laurin — respondeu Giovanni. — Sophie é a única pessoa que confio plenamente, e acredito que ela possa ser a chave para selar nossa paz e resolver nossa dívida.
Laurin olhou para Sophie, que estava visivelmente abalada, mas tentando manter a compostura. Ele se aproximou dela lentamente, observando cada reação, cada movimento.
— Sophie, você entende o que seu pai está sugerindo? — perguntou ele, sua voz mais suave do que esperava.
Sophie engoliu em seco, sentindo o peso da decisão que estava sendo tomada sobre sua vida. Ela olhou para Laurin, tentando ler algo em seu rosto impenetrável.
— Eu... — começou ela, hesitante, mas decidida a não parecer fraca. — Eu entendo, senhor Gonzales.
De repente, a pressão se tornou insuportável. Sophie virou-se abruptamente e correu para fora da sala, suas lágrimas mal contidas. Laurin ficou parado, observando Giovanni com uma expressão imperturbável.
— Sophie! — gritou Giovanni, mas não a impediu. — Laurin, me desculpe. Ela precisa de tempo.
— Tempo é algo que não temos — respondeu Laurin friamente.
Sophie correu pelo corredor e subiu as escadas, trancando-se em seu quarto. Lá, ela deixou as lágrimas caírem livremente, sentindo-se traída e desesperada. Ela mal teve tempo de processar a situação antes que a porta fosse arrombada por dois dos homens de Laurin.
— O que estão fazendo? — gritou ela, tentando resistir enquanto era arrastada para fora de seu quarto.
— Ordens do senhor Gonzales — disse um deles sem emoção.
Ela lutou com todas as suas forças, mas era inútil. Em poucos minutos, Sophie foi levada à força para o carro de Laurin. Lá, ela encontrou Laurin esperando, sua expressão impassível.
— Isso não é justo! — protestou ela, sua voz cheia de desespero e raiva.
— A vida raramente é justa, Sophie — disse Laurin calmamente, olhando para ela com olhos sombrios. — Mas eu prometo que, enquanto estiver sob meu cuidado, nada de mal vai lhe acontecer.
Sophie não teve escolha a não ser acreditar nele. O carro arrancou, levando-a para longe da única casa que conhecera, para um futuro incerto ao lado do homem mais perigoso e enigmático que já conhecera.
Enquanto o carro se afastava na escuridão da noite, Sophie sabia que sua vida nunca mais seria a mesma.
VOCÊ ESTÁ LENDO
The price of love
Fanfiction"Quando se separaram, ambos estavam ofegantes. Laurin acariciou o rosto de Sophie, seus dedos roçando sua pele com uma delicadeza contrastante ao momento anterior. - Você está brincando com fogo, Sophie. - Ele murmurou, mas havia um sorriso em seus...