Capítulo 2:A Jornada Inicia

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Narrador on

Os dias seguintes à revelação de Bergmann foram uma mistura de emoções intensas e silenciosos momentos de reflexão. A notícia da doença pairava sobre elas como uma sombra, mas também servia como um poderoso lembrete da importância do presente. Determinadas a aproveitar ao máximo o tempo que lhes restava, decidiram embarcar em uma viagem que sempre sonharam, mas nunca realizaram.

- Vamos para a Itália - sugeriu Kudiess uma noite, enquanto ambas estavam sentadas na varanda, observando o pôr do sol.

Bergmann sorriu, a ideia trazendo um lampejo de alegria aos seus olhos. - A Itália...sempre quisemos ir, não é? - Ela segurou a mão de Kudiess, sentindo uma conexão renovada.

- Sim, sempre. Vamos fazer isso. Vamos viver cada dia como se fosse o último - Kudiess respondeu, determinada. - Já fiz as reservas. Partimos em três dias.

A preparação para a viagem trouxe um vigor inesperado para ambas. As malas foram feitas com cuidado, cada peça de roupa escolhida com carinho, cada detalhe planejado. Na manhã da partida, enquanto esperavam pelo táxi que as levaria ao aeroporto, Bergmann sentiu uma onda de gratidão. Gratidão pela oportunidade de redescobrir o amor com sua esposa, pela chance de criar memórias que, esperava, perdurariam além de sua partida.

O voo para a Itália foi tranquilo, e elas desembarcaram em Roma, a cidade eterna. A primeira vista da cidade, com seus monumentos históricos e ruas charmosas, foi um bálsamo para suas almas. Caminharam de mãos dadas pelas ruas estreitas, visitaram o Coliseu, a Fontana di Trevi e a Capela Sistina. Cada lugar parecia mais belo e significativo do que jamais poderiam imaginar.

Em uma das noites, foram a um pequeno restaurante escondido em uma viela de Trastevere. A luz das velas sobre a mesa criava um ambiente íntimo e acolhedor. A música suave e os aromas deliciosos da cozinha italiana envolviam o ambiente, tornando-o perfeito.

- Lembra do nosso primeiro jantar juntas? - perguntou Bergmann, um sorriso nostálgico no rosto.

- Claro que lembro. Estávamos tão nervosas. - Kudiess riu, lembrando-se da hesitação e do entusiasmo daqueles primeiros encontros.

- E agora estamos aqui, depois de tudo o que passamos - continuou Bergmann, pegando a mão de Kudiess sobre a mesa. - Parece surreal, não é?

Kudiess olhou nos olhos de sua esposa, sentindo uma profundidade de amor e compreensão que não havia sentido em anos. - Parece, sim. Mas estou feliz por estarmos aqui, por termos esta oportunidade. Eu te amo, Bergmann

- Eu também te amo, Kudiess - respondeu Bergmann, apertando a mão da esposa. As palavras simples, mas cheias de significado, selaram o momento.

Os dias se transformaram em uma sequência de aventuras e descobertas. Foram a Florença, onde se perderam nas ruas medievais e se maravilharam com as obras-primas da Renascença. Passearam pelas vinícolas da Toscana, degustando vinhos e rindo juntas. Cada momento era uma celebração de seu amor, uma tentativa de criar memórias que transcendessem a dor da perda iminente.

Em Veneza, alugaram uma gôndola e deslizaram pelos canais ao entardecer. A cidade, com seu charme único e romântico, parecia ter sido feita para elas. Bergmann, apesar do cansaço visível, estava radiante. A viagem estava cumprindo seu propósito: reaproximá-las, fazê-las lembrar do porquê se apaixonaram uma pela outra.

Uma tarde, enquanto descansavam em uma pequena praça, Bergmann olhou para Kudiess com uma expressão séria.

- Quero te pedir uma coisa - disse ela, sua voz suave mas firme.

- O que quiser- respondeu Kudiess, preocupada.

- Quando eu me for... - Bergmann começou, mas teve que parar para controlar a emoção. - Quando eu me for, quero que você continue vivendo. Quero que encontre a felicidade novamente, que siga em frente.

Kudiess sentiu as lágrimas escorrerem por seu rosto, mas assentiu. - Prometo que tentarei. Mas saiba que você sempre será parte de mim.

Bergmann sorriu, sentindo-se em paz. Sabia que sua esposa honraria essa promessa. E enquanto o sol se punha sobre a cidade de Veneza, elas se abraçaram, cientes de que, apesar da tristeza que se aproximava, tinham encontrado algo eterno: o verdadeiro significado do amor e da vida.

Continua...

Até que a morte nos unaOnde histórias criam vida. Descubra agora