Capítulo 3

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Passando pela multidão, lutava para não socar alguém. Meu corpo estava cheio de adrenalina. Eu mal conseguia me conter.

- Oi Nate - disse Amber se aproximando - Acha que podemos terminar o que começamos?

Sem olhar em seu rosto, continuei andando.

- Agora não - sooei um pouco frio, saindo de perto de todos.

Vi Hannah subir com sua irmã e sua avó para o andar de cima. Decidi esperar ao lado da escada até ter certeza de que estaria só. Por pura coincidência, lá estava ela. Hoje era meu dia de sorte. Hannah estava sozinha e completamente distraída... como sempre.

Eu a puxei pelo braço e a encostei na parede, tampando sua boca antes que ela gritasse. Seus olhos assustados me deixaram excitado. Como eu amo essa expressão que só ela é capaz de me proporcionar.

— Olá, boneca — digo, com um sorriso malicioso.

Ela ficou ainda mais assustada. Acho que se lembrou de mim. Tirei a mão de sua boca e a vi engolir seco.

— Nate... — disse, com a voz trêmula.

Agora que estava perto dela, eu conseguia ver muito melhor. Caramba, ela estava gostosa! Seios empinados, curvas... Ela virou mesmo uma mulher. Uma baita mulher gostosa.

— Que bom que lembra de mim. Porque eu não esqueci de você em nenhum momento — sorri. — Agora me responda: por que voltou?

Ela olhou para o chão e depois voltou a olhar para mim.

— Senti saudades — respondeu, de forma sarcástica, sorrindo.

Soltei um riso. Não me lembrava dela ser assim. Isso vai ser interessante. Ela mudou.

— Você está bem engraçadinha. Acho que na sua situação, não devia fazer gracinhas.

Ela engoliu seco.

— A gente podia esquecer tudo o que houve. O que acha?

Soltei uma risada sarcástica.

— Eu não vou! E eu também não quero. Por mais que tente esquecer tudo... vai ser muito difícil. E aposto que você e sua irmã não vão esquecer também.

— Eu sei que... — Eu a interrompi.

— Escuta! — ordenei. — Vou voltar para a festa agora, e espero não vê-la mais hoje. Você tem sorte que me pegou de ótimo humor. Então, vê se não estraga o meu dia e nem o da minha irmã!

Após dizer isso, me afastei e segui para a piscina. Precisava me afastar antes que perdesse o controle.

Aproveitando que estava perto do frigobar, peguei as garrafas de cerveja e fui até Aidan, entregando-lhe uma.

— Até que enfim. Achei que eu mesmo teria que ir buscar — reclamou, tirando o lacre e já tomando um gole da bebida.

— Demorei um pouco porque tive que resolver um assunto...

****


Hannah

Eu ainda estava parada, completamente apavorada e tremendo. Sabia do que Nate era capaz. Conheço-o desde os meus 8 anos, faltando apenas três meses para Kat e eu fazermos 9 anos. Nessa idade, Nate tinha 12 anos e ele era meu pior pesadelo.

— Hannah? — perguntou Kat, me tirando dos pensamentos.

— Oi, Kat — disse, andando até ela.

— Você demorou. Achei que fosse pegar alguma bebida. Aconteceu alguma coisa? — perguntou preocupada.

Eu não podia dizer a ela o que havia acontecido. Ela iria atrás dele e tudo pioraria. Tudo o que quero é poder finalmente ficar em paz nesta cidade.

— Não — menti. — Só estou um pouco nervosa.

Ela se aproximou, sorrindo, colocando o braço em volta dos meus ombros.

— Está tudo bem, vou ficar com você até irmos embora.

Dei-lhe um leve sorriso antes de voltarmos para cima. Kat nunca teve problemas para lidar com coisas que a afetavam. Sempre foi corajosa e valente. Enfrentava Megan e batia nos meninos que puxavam meu cabelo e quebravam minhas bonecas. Eu queria ser como ela, mas acho que tudo o que sobrou para mim foi ser a irmã covarde.

Quando chegamos em casa, eu só queria jantar e ir para a cama. Respirei fundo e encarei o teto do quarto ainda encostada na porta, e reclamei em meus pensamentos. Este lugar é uma droga. Odeio cada parte desta cidade, principalmente as pessoas que vivem nela.

Bufei e fui até o banheiro. Precisava tomar um banho para tirar aquela energia pesada da festa. O cheiro de Nate estava em mim, e por mais que fosse bom, só conseguia me lembrar de suas ameaças, e isso me irritava.

Deixei a água cair por uns cinco minutos, sentindo meu corpo relaxar. De repente, a cortina do box se abriu, me matando de susto.

— Kat! — gritei.

— Você não vai acreditar — disse ela, empolgada.

— O que? — perguntei.

— Sabe aquele clube chique que nossos pais nos levavam? A vovó disse que amanhã vai estar livre e a gente vai para lá — pulou de alegria.

Quando éramos crianças, nossos pais nos levaram para o clube do qual eram sócios. Havia piscina, restaurante, golfe, parque para crianças e diversas outras coisas. Era divertido, mas lá sempre estavam Megan, Nate e os amigos dele. Isso era um pesadelo. Kat nunca ligou e, para falar a verdade, ela sempre adorou ir ao clube. Imagino o quão feliz ela deve estar.

Desliguei o chuveiro, cabisbaixa, e me enrolei na toalha enquanto Kate dançava alegremente.

— Kat — disse, e ela parou. — Não sei se é uma boa ideia.

Ela imediatamente parou e me olhou confusa.

— Como assim?

— Não sei se quero ir. Lá parece... — Após dizer poucas palavras, fui interrompida.

— Não precisa se preocupar. Não vai estar a Megan, nem o babaca do Nate para nos incomodar. Apenas você, vovó e eu — disse, sorrindo.

Eu soltei um sorriso.

— Tudo bem.

Ela me olhou com um olhar sugestivo e mordeu os lábios.

— Por falar em Nate... Você viu como ele está um gato? — mexeu em uma mecha do cabelo.

Engoli seco. Antes de irmos embora, ele me olhou como se fosse me devorar. Foi assustador. Me pergunto o quão irritado ele está comigo...

— Talvez... Não reparei muito.

Nate sempre foi bonito, e agora ele estava irresistível. Difícil não reparar.

Ela suspirou.

— Ele está um gostoso, mas é uma pena que seja um idiota. Fique longe dele. Agora que está mais velho, está muito mais forte. Não vou conseguir te proteger sozinha.

Engoli seco e confirmei com a cabeça.

Atraído Pela TentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora