"Ninguém pode ser triste sem motivos", era isso que Amber Starling escutava des de que havia nascido. A garota nasceu linda, em uma grande mansão no campo, em uma família altamente privilegiada, rica e calorosa, o que não era comum na sociedade que vivia. Mas ainda sentia que lhe faltava algo.
Ela imaginava que talvez apenas não deveria ter nascido, se sentia egoísta por simplesmente não conseguir viver sorrindo e alegre como sua irmã mais velha, não sabia o motivo. Odiava as festas, odiava as pessoas, odiava os estudos. Amava a arte, fazia desenhos impressionantes pela sua idade e falava como uma verdadeira poeta, acreditava que sua única felicidade era a ponta do pincel inserida em um grande pote de tinta.
Amava seu pai mais que tudo, admirava sua irmã pela beleza e carisma e... Temia sua mãe. Ela era assustadoramente perfeita, e isso a incomodava tanto, que as vezes sentia náuseas pela manhã, e dor nos olhos pela tarde. Aos seus oito anos, Amber já se sentia impressionantemente inferior a todas as garotas e mulheres da alta sociedade, sentindo toda a cobrança de sua mãe em suas costas, as vezes nem conseguindo respirar.
Preferia passar seus dias no campo, desenhando ao ar livre. Amava os lírios, os achava inspiradores. Pensava constantemente em correr pelo jardim e comer bolinhos de baunilha. Tinha medo, pavor da chuva.
Em seus dias mais felizes, seu pai a levava para o lago, sua irmã nunca ia pois estava ocupada demais aprendendo bons modos e o forte piano com sua mãe. Eles brincavam, corriam e até mesmo nadavam. Eram realmente dias adoráveis para a pequena.
Ela só não imaginava que em uma dessas voltas, seu destino seria selado."Papai, podemos ir agora?"- Amber perguntou enquanto arrumava seu vestido lilás de cetim.
"Querida, tem certeza que deseja ir? O tempo está fechando, talvez chova, e você talvez fique com medo."- Ele disse, já sabendo dos medos da própria filha.
Ela pensou, e enfim olhou para seu pai com um sorriso radiante, levando suas mãos à cintura, com um ar confiante, como se estivesse prestes a fazer uma afirmação totalmente comprovada.
"Vou estar com você, papai! Não precisarei ter medo, você irá cuidar de mim!"
O homem riu, bateu a mão em seu peito enquanto suspirava profundamente, em um ar dramático.
"Claro que sim, sempre terei o dever de proteger minha bela donzela em perigo."
E então a pegou em seus braços para um ataque de cócegas.
O tempo sempre passava rápido quando estavam juntos. Dessa vez, pescaram um grande peixe juntos. Depois Amber percebeu que talvez seria melhor devolvê-lo para sua família, já que deduziu que o coitado provavelmente estava morrendo de medo. Ela colheu flores e comeu biscoitos que seu pai havia levado para o passeio, parou, olhou, pensou, e então deu aquele sorriso travesso. Se aproximou de seu pai e delicadamente tocou sua barriga.
"Te peguei! Agora você tem que contar para eu me esconder. Seja educado e conte até um número maior que doze."
John balançou a cabeça, olhando para o alto, com uma pose de dúvida.
"Então contarei até treze."- Disse enquanto escondia seu rosto com as mãos.- "Um..."
E a garota saiu correndo.
Correu tão rápido que logo não podia mais escutar seu pai. Sorriu vitoriosa enquanto alcançava uma grande árvore, onde se apertou entre os galhos e se escondeu.
Esperou por alguns minutos, a floresta estava tão silenciosa que a menina começou a pensar se talvez seria melhor ela mesma ir procurar pelo pai, até que sentiu um pingo de água cair em sua testa. Ela estremeceu.
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O Sobrinho da Rainha.
RomanceEssa é uma história fictícia, baseada nos livros e na estética Bridgerton. Até onde uma amizade pode ir em um século onde tudo é considerado um escândalo? Em um reino sem rei, um bastardo da coroa foi salvo por uma jovem lady incomparável, criando...