One - shot.

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- 1500 palavras.

- Roteiro falso, não relata a realidade do autor ou alguém em especifico. 

- Leitor sem gênero definido.

!Alerta de gatilhos no texto, e áudio sugerido pode causar sensação de ansiedade!

- Não há romance.

- Final em aberto.

- Não revisado.


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Entro na clínica e dou meu melhor sorriso para a atendente. ( Talvez eu sorri esquisito, ela não sorriu de volta, talvez forcei demais e ela percebeu que era falso, mas como? Eu treinei no espelho antes de sair de casa, e tenho certeza que não demorei sorrindo para parecer um psicopata de alguma série.) Pego a senha que ela me dá e agradeço, ela sorri. (Tudo bem.)

Olho para a recepção de espera, crianças chorando e reclamando, elas também estão impacientes. Muitas pessoas no mesmo ambiente. ( Quero chorar. ) Pelo menos duas pessoas me olham. ( Preciso sair daqui logo, estou tonto.) Me sento em uma cadeira e tenho certeza que estou entre duas cadeiras vazias. Mas alguém senta ao meu lado. (Estou respirando errado, minha respiração parece que é manual, onde aperta o botão para deixá-la automática de novo? Será que devo sair de perto da pessoa e sentar em outra cadeira? não, agora não. Vou parecer mal educado talvez).

A pessoa conversa baixinho no celular, sussurrando, mas eu escuto tudo. ( Pare de sussurrar por favor, está me dando mais vontade de fugir do lugar onde ninguém me prende, de chorar e arrancar cada fio de cabelo da minha cabeça.) Minha senha é a próxima, melhor conferir o cartão de crédito algumas vezes no meu bolso, eu posso ter deixado cair, olho as publicações no celular ( Será que eu mando mensagem para minha amiga agora? Sou péssimo me comunicando pelo celular, não. Mando depois. ) É a minha vez de ser chamado para pagar.

Ando até o balcão. (Será que estou andando certo? Ou pareço engraçado?) "Débito ou crédito? Débito." (Eu acho, e se for crédito e eu estou confundindo? Só posso tentar três vezes, se eu errar só tenho mais duas tentativas.) "Obrigado, deu certo. Seu nome vai aparecer no telão, sala sete descendo as escadas no final do corredor." Eu agradeço também. (Sete, desce, escada, final do corredor.) Presto atenção na conversa de alguém que fala alto demais, volto a me sentar. Trinta minutos de atraso para me chamarem, minha consulta é às dez horas. (Será que devo perguntar o por que do atraso? Será que estarei incomodando? O que eu vou falar nesta sessão? Eu não sei, não sei.) Checo as anotações da lista que eu fiz para falar o que quero resolver. (Será que eu vou conseguir falar? Será que ele vai achar que estou atuando e que inventei tudo isso? E se eu tiver realmente exagerado? Deus tem muitas pessoas aqui.)

Sou chamado. Me levanto. (Será que pareço acostumado com isso?) Andei, alguém esbarrou em mim e não prestou atenção, tudo bem. Desci as escadas. (corredor pequeno, parece um beco.) Seis passos, corredor estreito, escuro, cor de parede terrível, meu chinelo parece grudar no chão, qual a marca do produto de limpeza? que sensação ruim (acho que não consigo respirar.) Bato na porta três vezes. Ninguém responde, mas empurro a porta devagar com os ouvidos atentos.

O psicólogo sorri para mim.

"olha quem resolveu voltar." Eu dei uma falsa risada, baixinha. (será que forcei demais?)

Pensar - Original curta.Onde histórias criam vida. Descubra agora