Daryl Dixon
Me perdi em meus pensamentos com mais facilidade do que o normal.
Quando menos percebi, já estávamos na fazenda da família da garota que apareceu no dia anterior carregando Lori consigo.
O sol tinha estava no céu fazia algumas horas, mas foi o suficiente para nos instalarmos perto do casarão entre algumas árvores e sabermos como estavam os nervos de todos por ali. E em resumo: todos nervosos. Parece que um dos caras que morava na fazenda morreu enquanto buscava itens para uma cirurgia que o garoto precisava. Shane estava com ele, e pela fusa que ele tem feito desde hoje cedo, eu diria que o dedo dele está podre por ter algo haver com a morte do pobre coitado que ajudou a salvar o filho do amigo.
Rick está com uma cara péssima. Não posso culpá-lo, ele ainda se preocupa com o bem estar do filho e de todos enquanto doa sangue pra criança que ainda se recupera em um dos quartos da grande casa.
E falando na casa, eu diria que tem espaço o suficiente para todos nós estarmos acomodados lá dentro, mas o velho dono desse pedaço de terra não parece ser tão tolerante com estranhos.
O velho tem três filhas segundo Lori, mas só vi duas delas. Uma se chama Maggie, já a outra miúda de cabelos loiros compridos eu nem sei como chamar. Já a terceira... Não vi a fusa dela ainda.
Outras pessoas vivem na fazenda além da família do cara. Ao todo são ele, suas três filhas, a mulher e alguns que trabalhavam para ele antes de tudo acontecer, bem, acho que agora só sobrou um moleque que não parece ter chegado aos 18 ainda.
Essa terra é farta. É o lugar perfeito para sobreviver durante anos. Tem galinhas, vacas, porcos e cavalos, sem contar na pequena plantação que eles tem. É tudo rodeado de árvores, mas não sei dizer se isso é algo realmente bom. Se um grupo igual aquele que vimos na rodovia vir para cá, não tem como vermos com antecedência e nos prepararmos para sair.
Rodeio a casa olhando ao redor o máximo que eu posso. Embora parecesse seguro, não podíamos relaxar só porque achamos um lugar bom como aquele. Se o velho acha que tem algum tipo de poder para manter os bichos longe, deixe ele pensar, mas se for preciso eu o sirvo de jantar para podermos ficar ali mais uma noite.
- Ei, sabia que não precisa ficar tão na defensiva assim aqui, né? - Ouvi uma voz feminina que atraiu meu olhar. Era a loirinha filha do velho da fazenda.
- Se quiser, fique você quietinha debaixo do teto do seu pai. - Bufei voltando a olhar em direção as árvores.
- Ah, você é um daqueles caras que dorme com um olho aberto e o outro fechado. - Ela diz e eu consigo sentir que ela sorria.
Rolo meus olhos e aperto a besta em minha mão.
- O que é que você quer... - Digo sem a olhar novamente.
- Nada... Na verdade vim te avisar para não entrar na mata. - Ela diz e eu a encaro franzindo o rosto. Ela estava na varanda apoiada sobre as madeiras. - Minha irmã mais velha montou várias armadilhas ao redor da casa para nos manter seguros. - Irmã mais velha? A terceira que não deu as caras ainda? - Ela está caçando. - A menina diz apontando para a floresta. - Ela faz isso com frequência. Some por alguns dias e volta coma cara suja, fedendo igual a eles mas com comida para nós.
- Não te perguntei - Resmungo voltando a andar.
- Eu sou a Beth! - Ela diz alto.
- Não perguntei isso também! - Respondo indo para os fundos da casa.
Essa garota só pode ser carente...
Vou em direção as árvores e devagar eu começo a ver as maracutaias escondidas entre as folhagens e pedras no limite da área entre a fazenda e a floresta. Tudo parecia meticuloso e muito bem colocado. Havia cordas, linhas, farpas, troncos e até mesmo estacas. Quem quer que seja a filha mais velha do fazendeiro, ela era inteligente pois parecia ligar para o que acontecia fora das terras do pai, diferente dele.
De volta na frente do casarão, posso sentir o cheiro de comida enlatada no ar fazendo meu estômago apertar por estar vazio por tanto tempo.
Me aproximo devagar largando a besta que estava em minhas mãos este tempo todo de lado a deixando pender em meu corpo por conta da bandoleira. Pego um prato e uma colher que estavam em uma pilha e me aproximo da panela que estava acima da fogueira improvisada para fazer comida.
Começo a me servir sentindo os olhos de alguém queimarem em minha nuca. Suspirando eu inclino minha cabeça para trás vendo Carol parada ali desviando o olhar para a pequena mesa de madeira que haviam montado mais cedo, ela não parecia ter coragem de me olhar nos olhos depois do que houve.
Fungo e levo uma colher do ensopado enlatado até a boca sentindo o mesmo gosto de sempre enquanto deixo meus olhos passearem na vista das árvores, arbustos, grama e cercas. Aquilo parecia um sonho.
Comendo outra colherada eu escuto os outros começarem a se aproximar.
- Como está Carl? - Pergunta Carol.
O filho de Rick parecia estar lutando bastante no final das contas.
Ignorando a conversa eu termino de comer o mais rápido que consigo para me retirar do meio deles. Embora estivesse me acostumando com toda aquela gente, não suporto certos olhares como o de Carol e sua cara de coitada, ou os de julgamento de Dale por eu ter brigado com a mulher.
Deixando o prato e colher por perto deles eu vou em direção a barraca que eu havia montado um pouco afastada de todos. Conforme entro nela de forma desajeita eu peço e rezo para ela não desmontar.
Retirando a besta de meus ombros, eu alongo meus ombros e nuca sentindo uma leve pressão ali por conta de outro dia agitado. Respirando fundo eu me deito sobre o colchonete deixando meus pés para fora da barraca e fecho os olhos esperando relaxar um pouco até a manhã seguinte. Mas tudo o que consegui foram longos cochilos entre o barulho do coreano indo ao matinho e a porta do trailer abrindo de vez em quando.
Quando percebi que o sol já estava nascendo, resolvi sair da barraca.
Esticando os braços, eu peguei uma garrafa de água e alguma outra coisa para forrar o estomago.
Ao terminar, agarro a besta dentro da barraca e a arrumo sobre meu ombro junto das flechas.
- Vai sair Daryl? - Consigo ouvir Dale falar baixo me fazendo erguer os olhos para perto de onde a fogueira estava acessa na noite passada.
- Vou ir atrás da Sophia, como eu disse que faria. - Digo olhando o velho pela última vez antes de dar as costas para ele.
A última vez que vimos Sophia, foi na rodovia, porém, Rick diz tê-la deixado escondida na margem do rio. Vou ver se a acho por perto da água escondida em alguma cabana.
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SAME SCARS - Daryl Dixon
Fanfiction𝐎𝐬 mortos andam entre os vivos, e agora mais do que nunca existem razões para matar algo ou alguém, e uma dessas razões, é a sobrevivência. 𝐀𝐧𝐠𝐞𝐥𝐚 𝐇𝐚𝐫𝐫𝐢𝐬 𝐆𝐫𝐞𝐞𝐧𝐞 acredita que está tudo bem criar cicatrizes para proteger aqueles q...