Capítulo 1

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Os guardas vieram minutos depois para levar o corpo de alicent, Daemon quase não a quis soltar. Em minutos, ele viajou em lembranças assim como ela, para o tempo onde muitos não haviam morrido, onde era mais fácil a vida

"Avisem a rainha apenas pela manhã, sem perturbações agora pela noite" ordenou ele aos guardas antes deles saírem dali. Se levantou, se sentindo estático, paralisado. O sangue dela manchando suas roupas, a coisa mais próxima que já tiveram juntos, daemon riu, e uma lágrima solitária caiu de seu rosto sem perceber. Se dirigiu aos seus aposentos privados, e no caminho pediu ao criado que levasse para lá, todo o vinho que pudesse carregar, Dorne havia mandado algumas jarras de presente pela coroação de Rhaenyra, então devia ser aproveitada de imediato, ele tomaria essa frente. Um dos seus criados mais atentos, viu as roupas dele manchadas, e tratou de preparar o banho dele, daemon não sabia se queria se livrar de alicent assim agora. Tirá-la do seu corpo como se tivesse sido nada apenas uma doença a ser descartada, o vinho chegou rapidamente e Daemon tomou logo algumas taças uma seguida da outra.

"Quero ficar sozinho, não quero visitas, me entenderam?Quem desobedecer perde a cabeça" ordenou aos criados, que assentiram com medo dele, ele adorava ver o medo em seus olhos. Era mais fácil ter o que queria.  Mas ele nunca teve ela.

Tinha valido a pena tudo aquilo? Todas as pessoas mortas e não apenas da casa Targaryen mas do próprio reino? Com certeza não haveria tido uma pessoa que não perdeu um familiar. Talvez a casa Tyrell e a casa martell visto que não quiseram participar da luta, foram espertos.

"Vou me juntar aos meus filhos" relembrou as palavras de alicent. Aegon havia sido morto por rhaenyra, aemond tinha sido morto por ele, e helaena havia se matado igual a mãe de tanta tristeza, talvez alicent quisesse que ele fosse a testemunha da sua partida também por ele ser responsável por tirar dela coisas preciosas para uma mãe. Mas foi uma guerra....ele teve que fazer o que era necessário.

Bebeu mais uma taça de vinho e quebrou ela no chão com a mais pura raiva, esmagou o que era possível ali naquele quarto, deixando sua raiva, sua fúria, o dragão se libertar. Todo o seu trabalho foi pelo trono, foi para ser rei de alguma forma e ainda sim não era o suficiente, ele era apenas príncipe consorte. Daemon deu uma risada, sentindo algo não familiar o invadir, a tristeza, o pior dos sentimentos existentes no mundo.

"Até isso você foi melhor do que eu, eu nunca serei rei mas você já foi uma rainha" disse ele em uma espécie de confissão solitária como alicent tivesse ali, poderia até imaginar a resposta dela como algo de realeza não trás felicidade. Não conseguia concordar com isso totalmente, se daemon fosse rei, e... não tivesse tido uma guerra...se tivesse tido ela...ele poderia ser feliz

Peça por peça ele retirou suas roupas e entrou na banheira com a água já meio morna de tanto que demorou, os criados deixavam sempre fervendo como ele gostava. Não se esfregou inicialmente, apenas se encostou ali e bebeu mais vinho, será que alguém já morreu por tanto consumir essa bebida?Um leve pensamento ocorreu de querer ser o primeiro a tentar. A cada gole as lembranças o invadiam de quando tudo começou, a primeira vez que a viu, o torneio no dia da morte de aemma, a guerra dos degraus, sua obsessão tão longa por rhaenyra, seu irmão anunciando o novo casamento, seu desespero pelo trono aumentando, o amor que sentiu por laena e a dor de sua morte, ver alicent com os filhos que não eram dele, ter rhaenyra finalmente para si, a morte dos seus irmãos, o início de uma guerra que durou menos que 2 anos mas pareceu ser muito mais longa que isso. Daemon podia estar prestes a morrer pois diziam que sua vida passa pelos seus olhos nesse momento mas não era isso que acontecia, era alguém de luto por algo que nunca viveu.

Começou a se esfregar para tirar o sangue de si, e mais algumas poucas lágrimas silenciosas caíram se misturando com a água e sangue.

"Me arrependo até mesmo de ter vindo para este castelo" a voz dela ecoando em seus ouvidos

"Sai da minha cabeça, eu não posso aguentar isso" implorou ele, a tristeza lhe consumindo, e passou a esfregar a pele com mais força até ficar vermelha. Saiu do banho com mais raiva ainda. Se ficasse naquele quarto o resto da noite, poderia ficar maluco, pois como se não fosse o suficiente, não sentia o sono vindo reivindicá-lo. Apenas pensamentos que ficavam cada vez mais altos, se vestiu com apenas um roupão, pegou uma jarra de vinho e saiu dali, sem direção específica, apenas queria ar puro. Os seus pés lhe levaram para os jardins, foi ali que ele a viu pela primeira vez, a dama de companhia da princesa, ambas sorrindo, felizes, sem nada ao mundo para preocupa-las. A noite o local era tudo menos algo agradável, o vento estava forte o suficiente para lhe causar um pouco de frio, só não sentia mais coisas pois o vinho lhe aquecia o corpo faz horas. Não havia nuvens, mas também não havia estrelas, era uma visão limpa e escura da noite dos tremores.

"Você disse que queria apenas ler, eu tinha uma coleção de livros secretos que sequer os meistres sabem que existe, conta algumas histórias de valíria. Sobre os sacerdotes que usavam encantamentos" começou a falar novamente em voz baixa "nunca fui um homem religioso, mas gostava dos contos, cada dragão que temos, a maioria é nomeado de um deus valiriano, e cada deus tinha seu grupo de sacerdotes, syrax era a deusa das sombras, e seus seguidores podia manipulá-las a sua vontade"

Tomou outro gole do vinho para se aquecer e molhar a garganta "fiquei irritado ao não encontrar o que o deus caraxes fazia, eu sabia que ele existia pois havia sido mencionado em outro livro mas era apenas isso, me pergunto se teria um deus do tempo em valíria, eu iria pedir a ele uma segunda chance, nem que fosse para lhe dar esses livros, você iria gostar"

O vento aumentou, e existia um coreto ali que tinha vista para o água negra, Daemon entrou e ficou encarando o mar que se encontrava agitado.

"Se tivéssemos uma 2 chance alicent hightower, eu faria de tudo para torná-la minha, se algum deus de valíria ou dos sete estiver ouvindo isso, meu pedido é verdadeiro"

O mar ficou mais agitado assim como os ventos, as folhas do jardim faziam um barulho, que o deixou desconfiado, e uma luz azul se encontrava na entrada coreto

"Não acabou de dizer que não era um homem religioso daemon targaryen?"

Eu vou ter você de voltaOnde histórias criam vida. Descubra agora