3. Who is she?

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• Alane Dias POV

Desviei o olhar, incapaz de esperar pela resposta dela. Em um impulso, passei apressadamente por entre as pessoas que estavam ali presentes, sentindo cada vez mais o peso esmagador da atmosfera ao meu redor. O ar parecia me sufocar, e eu precisava desesperadamente de espaço para respirar. Com o coração acelerado, meus passos tornaram-se mais rápidos, pesados e frenéticos até que encontrei uma varanda. Num ímpeto, empurrei a porta que estava entreaberta e me lancei para fora.

O ar fresco da noite foi um alívio imediato. Apoiei-me no parapeito, tentando acalmar meu coração acelerado e organizar meus pensamentos confusos. Inspirei profundamente, tentando processar tudo o que havia acontecido, mas as perguntas voltaram à minha mente em uma enxurrada incontrolável. O que Fernanda sentia em relação a tudo isso? Seria apenas um jogo pra ela, um capricho passageiro? E o senhor Amaral, ele sabia de alguma coisa? Quem era essa mulher misteriosa? Eram questionamentos que só ela poderia esclarecer, mas eu não me atreveria a perguntar, especialmente depois de seu pedido para que eu esquecesse tudo que vivemos juntas.

E também, vamos combinar, nem tinha por que questioná-la; nós não prometemos nada uma à outra. Quando aceitei me deitar com Fernanda, sabia que seria apenas por uma noite. Eu nem tinha esperança de vê-la de novo. Mas, como o destino parece adorar brincar comigo, desde a noite de ontem não paramos de nos encontrar, parece que ela virou minha sombra, onde eu tô ela tá.

O som suave de passos aproximando-se da varanda interrompeu meus pensamentos. Virei-me devagar e, não é possível, o universo deve estar zoando com a minha cara mesmo. Para meu espanto, lá estava Fernanda, parada à porta, me encarando com uma expressão que eu não conseguia decifrar.

Enquanto eu a encarava de volta, por um breve instante, minha mente retrocedeu à noite passada, quando estávamos juntas na varanda do quarto de hotel, dançando sob as estrelas. Tudo parecia tão perfeito, tão mágico; eu me sentia como se estivesse vivendo um conto de fadas.

Agora estamos de novo em uma varanda, mas tudo parece tão diferente. O céu, que outrora brilhava com estrelas cúmplices de nossos momentos, agora se cobre de nuvens sombrias. Parece que a magia da noite passada sumiu completamente, deixando em seu lugar um vazio que cresce a cada instante que passamos juntas. Será que Fernanda também tá sentido essa estranheza? Ou seria apenas eu, presa na lembrança de algo que talvez nunca tenha sido real para ela?

— Que surpresa te ver por aqui — disse ela, aproximando-se lentamente. — Tô começando a achar que você está me perseguindo. — disse com um sorriso brincalhão, parando a alguns centímetros de distância de mim.

— Não, Fernanda, não estou te perseguindo. — Respondi, em um tom mais sério. Não conseguia ver graça nessa situação. — Eu também não esperava te encontrar aqui, estou tão surpresa quanto você.

Ela arqueou uma sobrancelha, avaliando minha resposta como quem analisa uma obra de arte em um museu.

— Hm... o que você faz aqui? — perguntou, com um misto de curiosidade e desconfiança.

— Estou apenas a trabalho — respondi rapidamente, tentando desviar o foco do incômodo crescente entre nós.

— Eu devia ter imaginado que a WC seria a responsável por recepcionar os convidados hoje. A Camargo não perde uma boa oportunidade.

— Vocês parecem se conhecer bem. — comentei tentando sondar mais fundo, queria entender mais a relação delas. O envolvimento de Camargo na vida de Fernanda me intrigava. Como essas duas mulheres se relacionavam realmente? Era uma parceria de negócios puramente profissional ou havia algo mais profundo?

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