VI

121 17 0
                                    


Ao entrar na sala, viu Ashura sentado à mesa baixa, concentrado em alguns manuscritos espalhados.

- Bom dia - cumprimentou ela, aproximando-se do amigo.

- Bom dia, Sakura-chan. Dormiu bem? Parece um pouco cansada - observou Ashura.

- Dormi... mais ou menos - respondeu ela, sorrindo levemente enquanto começava a se servir - Tive um sonho bem esquisito - enfatizou.

- Se quiser conversar sobre, estou aqui - ofereceu Ashura, piscando para ela.

- Agradeço, mas está tudo bem - respondeu Sakura, aproximando-se mais para ver o que Ashura estava lendo - Que língua estranha - comentou, incapaz de entender o conteúdo dos manuscritos.

- É a língua dos meus antepassados, da minha avó - explicou Ashura.

- Por que está lendo isso?

- Meu pai disse que minha avó possuía grande poder, incluindo a capacidade de viajar entre dimensões. Estou procurando algo que possa nos ajudar a entender a sua presença aqui.

Sakura assentiu brevemente com a cabeça enquanto continuava a comer.

- Onde está Indra? - perguntou ela, percebendo o silêncio persistente na casa.

- Ele saiu cedo para uma missão, mas não se preocupe, seu amado volta ainda hoje.

- Meu... Ele não é meu amado.

- Não seja tímida, Sakura. Meu irmão é a pessoa mais fria que eu conheço, e ele está totalmente diferente desde sua chegada aqui.

- Frio? - Sakura sustentou o olhar de Ashura.

- Sim, desde que ele despertou aqueles olhos. - Desviou brevemente de Sakura para sua própria comida

- Olhos? - Questionou novamente, Ashura não era bom em ir direto ao ponto.

- Sim, a evolução do Sharingan.

- O Mangekyou? - Sentiu sua boca secar.

- Isso, como você sabe? - Encarou novamente a garota.

Por um momento, Sakura se perdeu em pensamentos. Indra era portador do Sharingan, mas aqueles olhos amaldiçoados eram característicos da linhagem Uchiha. Ela se lembrou da luta que teve com ele, pensou em ver aqueles olhos... mas na hora não tinha certeza.

- Sakura? Está tudo bem? - Ashura tocou suavemente os ombros da garota, trazendo-a de volta à realidade.

A garota deu um pequeno sobressalto com o toque em seu ombro.

- Eu preciso... eu preciso conversar com o Hagoromo - disse Sakura, levantando-se, a cabeça um pouco pesada.

- Tem certeza que está bem? - Ashura se levantou com a intenção de prestar auxílio à amiga.

- Sim, estou... eu só preciso encontrar seu pai.

- Ele está no escritório dele, é um prédio alto de três andares - informou, indicando a direção com um gesto.

Sakura agradeceu com um aceno de cabeça e dirigiu-se ao escritório de Hagoromo.

Ela andou a passos rápidos, co coração batia apressado em seu peito. 

Ao chegar ao prédio, Sakura subiu os três andares, sentindo a ansiedade crescer. Bateu suavemente na porta do escritório e, ao ouvir um "entre", adentrou o local.

Hagoromo estava sentado atrás de uma mesa repleta de pergaminhos e livros antigos. Seus olhos encontraram os de Sakura.

- Bom dia, Sakura. Vejo que algo a preocupa - cumprimentou Hagoromo, convidando-a a se sentar.

- Bom dia, Hagoromo-sama. Tive um sonho estranho, e algo me diz que está relacionado a tudo isso - começou ela, buscando as palavras certas - Acabei de descobrir que Indra é portador do Sharingan.

Hagoromo afirmou, incentivando-a a continuar

- No meu mundo, um único clã é portador do Sharingan, eles eram tão fortes e não sei direito... estavam planejando uma guerra civil, então um membro matou todos, e apenas um sobreviveu.

A expressão de Hagoromo tornou-se séria.

- O Sharingan é uma herança poderosa, mas também uma maldição que moldou muitos destinos. Essa história do seu mundo reflete os problemas que envolve esses olhos. Indra, ao despertar o Mangekyou Sharingan, assumiu um fardo significativo.

Sakura assentiu.

- Eu não entendo como ele pode ter esses olhos. A linhagem Uchiha é exclusiva do meu mundo. Não existem Ōtsutsuki lá - encarou o homem à sua frente - Será que vocês foram dizimados, assim como o clã Uchiha?

Hagoromo manteve um olhar sério, ponderando as palavras de Sakura.

- Não fomos dizimados, Sakura. Os Ōtsutsuki são uma linhagem antiga que existe há anos. No entanto, nossos caminhos se entrelaçam com diferentes dimensões, e eventos em um mundo podem reverberar em outros.

- É difícil aceitar que há algo além da minha compreensão, eu quero entender.

- Continue seguindo o caminho, Sakura, e as respostas se revelarão no devido tempo.

- E se Indra for alguém do meu mundo?

- Como uma reencarnação? - O homem a questionou, vendo-a afirmar - Reencarnação consiste em o chakra de algum indivíduo morto renascer em um outro indivíduo vivo, quantos anos no futuro você estava?

- Não sei - Sakura mordeu o lábio inferior, sentia as mãos inquietas em seu próprio colo - Talvez uns 200 anos... Talvez mais... 

- É uma teoria interessante a sua, irei pesquisar um pouco sobre isso e ver o que posso encontrar.

- Quando o Indra volta? - Sakura perguntou ao mais velho.

- Ele voltará ainda hoje. Pediu a missão porque estava estressado e precisava de um tempo sozinho - explicou Hagoromo.

Imediatamente, Sakura lembrou-se de Sasuke. Aquilo não podia ser apenas mais uma coincidência. O paralelo entre os dois momentos em suas vidas era inquietante, e uma sensação de déjà vu a envolveu.

- Tempo sozinho... - murmurou ela consigo mesma, perdida em pensamentos.

Decidida a dar espaço para os pensamentos fluírem, Sakura agradeceu a Hagoromo e deixou o escritório.

À medida que se afastava do prédio principal, a agitação suave da vila se tornava mais evidente, pessoas de diversas idades se ocupavam com suas atividades diárias. Sakura caminhou entre as construções, observando a arquitetura singular que marcava aquele mundo alternativo.

Ao alcançar os portões da vila, ela se viu diante de uma vista espetacular. A paisagem exuberante se estendia à sua frente, revelando campos verdejantes e uma trilha sinuosa que levava até um rio próximo.

Sakura cruzou os portões da vila e seguiu a trilha que a levou até a margem do rio. A beleza serena do lugar trouxe um alívio temporário para a mente perturbada da jovem.

O reflexo do sol nas águas cristalinas criava um caleidoscópio de cores dançantes. Sentou-se na margem, permitindo que a brisa suave acariciasse seu rosto enquanto observava a vida fluir diante dela.

"Seriam Indra e Sasuke do mesmo clã?" começou a se questionar, enquanto jogava pequenas pedrinhas nas águas fluidas do rio. "Seriam eles parentes distantes?" murmurou. "Aquele sonho, onde eles se juntavam..." suspirou, cansada, a cabeça estava pesada. "Seriam eles a mesma pessoa?"

As águas do rio continuavam seu suave murmúrio. Sakura, perdida em seus pensamentos, contemplava as possibilidades diante dela.

A conexão entre Indra e Sasuke tornava-se cada vez mais intrigante. Os paralelos entre seus mundos, suas linhagens e até mesmo os eventos que vivenciou..

"Seria possível que, em algum nível, Indra e Sasuke compartilhem a mesma essência? Uma essência que transcende as barreiras dimensionais?" sussurrou para si mesma, como se as águas do rio fossem testemunhas de sua busca por respostas.

Hanami - Indra Otsutsuki+18Onde histórias criam vida. Descubra agora