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Fernando Mocó

Confesso que depois de ser largado às vésperas do casamento pelà minha ex noiva eu não estava a procura de um relacionamento, eu fui naquele bar pra afogar as mágoas mesmo, até que conheci ela. Maraisa uma bartender, morena, com jeitinho de menina e um sorriso bonito, ela me despertou um lado protetor, não sei nem dizer o porque, e confesso que só voltei dia a pós dia pra vê-la e falar com ela.

O nosso assunto sempre fluía, ela tiráva facilmente as coisas de mim, e mesmo afundando ela me fazia rir de coisas bobas, é isso fez com que eu quisesse ficar cada vez mais perto dela.

Cada dia que passava ela me despertava sentimentos que eu não queria, minha atração por ela não tinha como ser evitada, principalmente depois de termos transado, e sei que com ela aqui vai ser cada vez mais difícil de me segurar.

Agora estou olhando ela dormindo aqui em minha cama, com a cabeça em meu peito, ela não aguentou nem metade do filme, e pelo pouco que estudei sei que é normal em mulheres grávidas, apesar de ser difícil lidar com os hormônios de grávidas, até assim Mara me parece uma menina doce e tranquila, vamos ver convivendo juntos todos os dias.

Abraço seu corpo, e inspiro seu cheiro doce fechando meus olhos, me lembrando da vovó me dizendo que eu estava apaixonado por Mara e nem tinha me dado conta, que toda vez que eu mencionava o nome dela meus olhos brilhavam, eu disse que era pela gravidez, mas acho que eu tava tentando mais me convencer disso do que convencer a minha avó, meu avô também conversou comigo sobre isso ele disso que era pra mim dar uma chance, que deixasse as coisas acontecerem de coração aberto, sem tentar afastá-la de mim e é isso que eu vou fazer, deixar as coisas rolarem, os sentimentos que tentei esconder ficarem visíveis, o desejo que tenho por ela também, espero que ela não me veja só como um amigo, acho que não aguentaria outra perda.

🫀

Acordo com a Mara se mexendo em meus braços, aperto mais ainda sonolento querendo ficar com ela aqui um pouco mais, e dormir mais um pouco.

-Fe dormimos demais, tô com fome - ela diz baixinho de uma forma fofa que me faz sorrir

-que horas são ? - resmungo

- já são 22:00, eu estou com vontade de comer mandioca com nutella

Abro os olhos encarando ela e faço uma careta

- apesar de nojento é seu primeiro desejo que eu estou perto pra realizar

Ela sorri

- é verdade, comigo morando aqui você vai presenciar vários

Solto ela dos meus braços que sai como um risco pro banheiro, imagino que ela deveria estar apertada ou enjoada.

-está tudo bem aí Mara ? - pergunta

-sim, só estava apertada - ela fala um pouco alto pra que eu ouço aqui do quarto.

Me sentando na cama esticando o corpo e ela logo vem até mim

-se quiser pode ficar deitado, eu arrumo tudo lá rapidinho, você quer algo?

-eu vou com você, bom que conversamos um pouco antes de dormir, amanhã vou precisar trabalhar - digo e ela concorda

Fomos juntos pra cozinha, me sentei no balcão enquanto via ela colocar as mandiocas pra cozinhar, ela combinava bem com essa cozinha, ou com tudo nessa casa, estava fácil imaginar ela com a barriga bem saliente, andando por aqui com a minha camiseta e reclamando que suas calças não fecham mais.

-tá no mundo da lua ? - ela brinca com os cotovelos no balcão e a cabeça apoiada nas mãos

-tava pensando que daqui algum tempo você vai estar andando por esse apartamento, com minhas camisas e reclamando que suas roupas não servem mais - ela me olha de bochechas coradas mas sorri

-isso seria um problema? - pergunta

-com certeza não

-eu não sou muito do tipo que reclama das coisas, quando se passa a vida com pouco e ainda tento que se virar em muitas, a gente aprende a curtir quantos as coisas estão boas - explica - única coisa que me incomoda mesmo é a falta de emprego.

-eu vou tentar ver algo tranquilo pra você, não quero que se esforce tanto - digo e ela concorda.

-tudo bem, mas não fique tão pilhado com isso, você mesmo viu o médico falando, eu estou bem

-eu sei, mas você sabe eu sonhei tanto com isso, tenho medo que algo tire isso de mim de novo, eu não faço por mal - suspiro - também me preocupo com você, não é só a criança

Ela sorri vindo até mim

- não se preocupe tanto, estamos bem

Não resisto em puxar o seu rosto de leve e beijar seus lábios, era um beijo calmo, diferente do que tínhamos dado mais cedo.

-acho que as mandiocas estão prontas - diz assim que nós separamos, ela tem as bochechas vermelhas de vergonha e eu sorrio.

Ela tira as mandiocas da panela, e coloca em uma travessa de vidro trazendo pro balcão, me levanto pegando os pratos, talheres copos, pego suco na geladeira, e alguns temperos e o nutella que ela tanto quer.

Começo temperando a minha com manteiga, sal, limão, pimenta do reino, enquanto ela espalha a nutella pelas mandiocas com uma cara satisfeita.

Ela comia aquela gororoba como se fosse a coisa mais gostosa do mundo, soltando gemidos de satisfação.

-isso está muito bom, quer provar ? - pergunta e eu nego

- prefiro não encarar essa gororoba, a parte boa de ser o pai dessa criança e não ter esses desejos estranhos, sou muito fresco pra isso

- nem parece que seus avós são da fazenda, as pessoas mais antigas comia mandioca com leite e farinha ou açúcar

- eu sei, meus avós comem ainda, mas isso não é pra mim, e com certeza com nutella não é nada parecido com o que eles comem

Ela da de ombros

- quando seu filho nascer, questiona com ele, se tô comendo isso é por pura influência dele.

Eu rio, Mara as vezes parece uma criança, e eu admiro ela, por que as coisas não foram fáceis, e mesmo assim ela está sempre sorrindo, brincando e tratando bem todos a sua volta, imagino que ela seja gentil até com quem não mereça a gentileza dela, a prova disso é que mesmo o pai dela tendo sido um filho da puta, ainda sim ela se preocupa com ele, e sei que quando ela fica com a cabeça no mundo da lua, é pensando onde ele está, e se está bem.

Depois de comermos, eu guardei as coisas enquanto ela colocava as coisas que sujamos não lava louças.

-como que funciona as coisas aqui na sua casa?

-como assim?

-você que limpa tudo, tem alguém que faz ?

-uma moça vem aqui três dias na semana pra fazer faxina, e a comida eu me viro - explico

-se não se importar eu posso fazer essas coisas, lá no meu ape eu fazia tudo

-Mara essa casa é grande, muitos móveis, não seria bom você fazer faxina, mas a comida eu não me importo se você quiser fazer

-mas eu posso fazer coisas básicas, tirar o lixo, forrar as camas, dar uma geral, não quero me sentir uma completa atoa e inútil aqui - diz

-essas coisas geralmente sou eu quem faço, mas se quiser pode fazer eu não me importo, quero que se sinta em casa e se sinta a vontade - digo

-tudo bem então, você costuma almoçar em casa ? - pergunta

- não por que eu não tenho tempo de fazer, mas como você está aqui eu venho pra almoçarmos juntos, e não se preocupe eu trago comida

-eu faço questão de fazer, não se preocupa

-Apesar de não querer eu concordo com ela, sei que se sente melhor assim e por mim tudo bem, não posso deixar meu medo atrapalhar a vida dela, sei que gravidez não é doença e que essas coisas normais do dia dia ela pode fazer, não queria que se sentisse obrigada, mas se ela quer fazer por mim tudo bem.

Saímos da cozinha indo pro quarto, me despeço dela com um beijo na testa de boa noite, então ela entra no quarto de hóspedes e eu vou pro meu, me deito na cama e me permito dormir

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⏰ Última atualização: Jun 22 ⏰

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BARRIGA DE ALUGUEL -adaptação Onde histórias criam vida. Descubra agora