Alaric

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Pov: Alaric

Tudo parece tão embaraçoso, tão sem cor. Desde que perdi meu irmão, sinto um vazio constante no peito, uma falta de emoção que me consome. Agora estou aqui, nesta jornada com pessoas que mal conheço, caminhando por horas em direção aos destroços de Yster.

Quando aquele desconhecido nos abordou oferecendo carona, não me surpreendi tanto quanto poderia. Era estranho alguém tão feliz e disposto a ajudar um bando de estranhos que nem sabia se eram confiáveis. Aizek, como se apresentou, irradiava uma alegria que contrastava profundamente com meu próprio estado sombrio.

"Então, não é querendo me intrometer, mas o que vocês estão indo fazer nos destroços de Yster? Ninguém vai lá", disse Aizek, com um sorriso que parecia nunca desaparecer.

"Estamos indo atravessar até o Mar Sombrio, e depois tentaremos atravessá-lo também", respondi de forma direta, recebendo um olhar repreensivo de Liam pelo tom simplista. Eu sempre temia aquele olhar dele, como se fosse um pai, sempre dava de ombros, mas no final ele sempre estava certo.

"Sério? Que coincidência, eu também quero atravessar. Faço isso frequentemente. Vocês já têm uma tripulação e um barco?", perguntou Aizek, seu sorriso permanecendo constante.

"Temos sim. Podemos nos encontrar quando chegarmos lá. Mas o que você faz para querer atravessar o Mar? É bem perigoso, pelo que sei", indagou Anabel, claramente desconfiada.

"Digamos que tenho um gosto por explorar lugares...", respondeu Aizek, deixando um ar de mistério em sua resposta.

Eu observava Aizek interagir com o grupo. Sua confiança e otimismo eram refrescantes, mas ao mesmo tempo despertavam minha cautela. Será que podíamos confiar em alguém tão abertamente alegre em um mundo tão sombrio quanto o nosso?

O resto da viagem passamos em silêncio, e confesso que prefiro assim. Nunca fui bom com palavras nem tive o desejo de socializar. A quietude ao meu redor me conforta, permite que eu mergulhe nos meus pensamentos sem interrupções. É como se o mundo ao meu redor desacelerasse, dando espaço para eu refletir sobre tudo o que perdemos desde que meu irmão se foi.

O sol brilha forte, iluminando o caminho à frente enquanto o vento leve sopra por entre as árvores. Estamos quase chegando ao nosso destino e...

- Ei, desculpa te incomodar, mas você parece estar no mundo da lua. Já estamos quase chegando, sabia? - Sua voz suave e o sol ressaltando seus olhos castanhos me fazem erguer o olhar para ela. Percebo que a estou encarando sem querer, e isso a faz corar levemente.

- Se continuar me encarnado assim irei ficar com vergonha. - Ela sorri gentilmente, suas covinhas aparecendo de maneira encantadora.

Sinto meu rosto esquentar um pouco com o comentário dela.
- Peço perdão, não quis te deixar constrangida. - murmuro, tentando não parecer tão desconfortável. - Obrigado por me avisar que já estamos chegando.

Decidindo que é hora de romper meu casulo de introspecção, tento iniciar uma conversa. "Você parece ser muito mais à vontade com essa jornada do que eu. Como você lida com tudo isso?"

Rayla olha para mim, considerando minhas palavras por um momento antes de responder.

- Bem, acho que todos estamos fora de nossa zona de conforto aqui. Mas acho que precisamos uns dos outros para atravessar esses momentos difíceis. É bom ter alguém com quem compartilhar essa jornada, não acha?.

Concordo com a cabeça, apreciando sua maneira direta e sincera de encarar as coisas.
- Sim, faz sentido. Nunca fui muito bom em lidar com mudanças repentinas, mas estou tentando me adaptar.

Ela ri suavemente, mostrando suas covinhas novamente.
- Você não está sozinho nisso, Alaric. Todos nós estamos enfrentando nossos próprios desafios. É normal se sentir assim.

Ouvir suas palavras me traz um pouco de conforto, percebendo que ela entende mais do que parece à primeira vista. Talvez, neste grupo de estranhos que agora chamamos de companheiros, exista espaço para amizades inesperadas.

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E assim chegamos ao nosso destino, com os destroços sombrios de Yster diante de nós, envoltos em mistério e melancolia. Aizek parou sua carroça diante das ruínas, e ele nos ajudou a descer um por um, começando por Rayla, Anabel, Anyaa e finalmente Liam.

- Se me permite dizer, você tem belas mãos, senhor, dignas de um anjo por assim dizer. - Disse Aizek para Liam com um sorriso brincalhão.

Liam soltou uma risada escandalosa e contagiante.
- Obrigado, Aizek! É um elogio inusitado, mas aprecio a gentileza.

Aizek parecia radiante com sua própria piada, e isso aliviou um pouco a tensão que pairava entre nós. Ele era realmente uma figura interessante, com seu jeito descontraído e seu sorriso perene que parecia iluminar até mesmo os lugares mais sombrios.

Enquanto nos orientávamos entre os destroços, encontramos uma tripulação adormecida profundamente. Estavam estirados no chão como se em um sono pesado, o que me deixou intrigado.

Anabel olhou ao redor, claramente surpresa.
- Eles estão vivos, mas o que teria acontecido com eles?

Aizek se aproximou dos marinheiros adormecidos e os examinou atentamente.
- Parece que foram colocados em um sono profundo. Algo muito estranho está acontecendo aqui.

Liam concordou, sua expressão agora séria.
- Isso não parece obra do acaso. Alguém os colocou assim. Precisamos descobrir o que aconteceu.

Rayla, sempre pronta para ação, sugeriu imediatamente.
- Temos que acordá-los. Eles podem nos dizer o que aconteceu aqui.

Com cautela, começamos a tentar despertar a tripulação, um por um. Infelizmente, nenhum deles respondia aos nossos esforços. Estavam em um sono tão profundo que sequer se moviam.

-!Isso é estranho... Não consigo acordá-los. - murmurei, frustrado com nossa falta de progresso.

Aizek observava a situação com uma expressão pensativa.
- Se eles estão assim, não podemos esperar por eles. Eu posso ajudar vocês a atravessar o Mar Sombrio. Conheço as águas e os perigos que podem surgir.

Liam ponderou por um momento, avaliando as opções à nossa frente, encaramos uns aos outros e sabíamos que era a única opção, o tempo estava passando.

- Aceitamos sua oferta, Aizek. Precisamos seguir em frente, com ou sem eles.

Com isso decidido, começamos a nos preparar para a jornada que nos aguardava. Aizek se juntou a nós, sua presença agora mais do que nunca crucial para nossa missão incerta.

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No sopro suave do vendo a bailar,
Um ser avoado se deixa levar,
Entre sonhos e devaneios voa,
Perdido em pensamentos que o abraça.

Asas da mente o levam ao voar,
Onde o vento sopra, ele vai vagar,
Em espirais de ideias e ilusões,
Dança leve em sintonia com venturas.

Ah, vento que carrega meus suspiros,
Leva-o além, onde não há limites,
Entre o céu e a terra, encontro minha estrela,
Avoado, perdido, mas sempre em busca da mesma.

𝑺𝒆𝒊𝒔 𝑹𝒆𝒊𝒏𝒐𝒔 𝑬𝒏𝒕𝒓𝒆 𝑴𝒊𝒔𝒕𝒆𝒓𝒊̀𝒐𝒔- salve me Onde histórias criam vida. Descubra agora