Capítulo 1

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Era um dia perfeito, o céu estava nublado, e um fina camada de chuva caia pelas ruas, se você prestar atenção ouvirá o vento soprando sobre os telhados. As pessoas estavam aproveitando o sábado a tarde no sofá de casa com cobertas quentinhas e um chocolate quente delicioso enquanto assistiam novelas na Tv, bem... era o que eu estava fazendo nesse inverno.

Infelizmente minha caneca esvaziou rápido de mais para o meu gosto, reuni coragem para levantar do meu cantinho confortável e fui em direção a cozinha fazer mais chocolate.

Quando terminei e estava pronta para voltar ao meu cobertor, ouvi a porta da sala abrir, mas não vi ninguém entrar e como minha cozinha é separada da sala apenas por uma ilha, achei estranho. coloquei minha caneca sobre a bancada e estava indo fechar a porta, talvez fosse apenas o vento.

Dei apenas dois passos e escutei um miado, olhei para baixo e vi um gato preto como a noite mais escura com olhos verdes brilhantes como esmeraldas, ele estava sentado e parecia que tinha curiosidade em seu olhar.

_ Oi fofura, Está perdido? - falo com um sorriso, me abaixando devagar para não assusta-lo.

_ Fofura? Com quem acha que está falando, mera mortal! - o gato respondeu, me encarando como se eu fosse insignificante perto dele.

_ Um gato que fala.. ele falou.. meu Deus ele fala.. eu 'to ficando maluca! - me levanto o mais rápido que pude, andando para trás para ficar longe dele, peguei a primeira coisa que vi para me defender e era uma frigideira. Mesmo eu sendo contra bater em animais, acho que posso abrir uma exceção caso o animal esteja possuído.

_ Não.. não se aproxime! - grito apontando a frigideira, minha voz falhando de medo e minhas mãos levemente tremendo - Como.. como é.. possível você falar?

_ Por quê não falaria? Eu sou Loki príncipe de Asgard, o deus da trapaça, e você mera humana não deveria erguer a voz para mim! - Ele disse calmamente me olhando com superioridade.

_ O que? Eu só posso ter enlouquecido de vez! - Falo tentando arranjar uma desculpa plausível para isso.

_ Desse jeito eu é que vou enlouquecer, vocês humanos não entendem a honra que é estar na presença de um deus! Vocês vivem falando "oi pequenino", "olha que fofura" e tentam por essas mãos em mim! - Ele fez uma voz engraçada imitando as pessoas, mas ainda tinha um olhar de quem diz "eu sou o rei do mundo!".

_ Se você é o deus da trapaça, prove! - Se eu já estou falando com um gato, por quê não ouvir o que ele tem a dizer?

_ Eu não preciso provar nada! - Ele me olhou como se eu fosse uma criança fanzendo birra.

Apenas levantei a frigideira ameaçadoramente e o encarei com um olhar furioso.

_ Prove! Ou eu vou te expulsar na base da panelada e eu não 'to nem 'aí se você é príncipe das adagas ou deus das travessas! - Gritei andando em sua direção.

Não sei de onde veio tanta coragem, mas parece ter dado certo porquê ele deu um passo para trás e pude ver um flash de medo em seus olhos, mas logo se recompôs e me olhou com indiferença.

_ Bem... já ouviu falar em mitologia nórdica? - Perguntou, seu tom parecia mais amigável.

_ Um pouco - Aceno com a cabeça, me lembrando de alguns filmes que vi sobre isso, torcendo para ser igual a realidade.

_ Então, eu sou Loki o deus da mentira e trapaça, meu irmão Thor é o deus do trovão, e nosso pai é Odin o Pai de Todos e rei de Asgard. Eu fui expulso do Reino após tentar assassinar meu irmão, e minha mãe Frigga lançou uma maldição que me prende nessa forma felina para sempre. Preferia ficar preso no calabouço do palácio do que ficar entre esses meros mortais. - Ele fez uma expressão de desprezo no final.

_ E por que você está na minha casa?

_ Eu senti o cheiro de chocolate quente - Ele fez um olhar de gatinho abandonado de derreter o coração, ele queria o chocolate.

_ O chocolate quente! - olho para onde estava minha caneca e coloco um mão ao redor dela, estava frio, tão frio que parecia gelo, um contraste com minha mão quente.

_ Meu chocolate! Como pude esquecer! - Resmunguei triste, agora teria que fazer outro e minha novela preferida estava quase acabando, perdi a maior parte conversando com um gato e agora vou perder o resto fazendo mais chocolate, mesmo que eu consiga ouvir a Tv enquanto o faço, não é a mesma coisa que ficar em baixo das cobertas tomando um maravilhoso chocolate quente.

_ Eu vou esperar meu chocolate no sofá - Ele caminhou até meu cantinho e deitou lá como se fosse dele.

_ O que? Não! De jeito nenhum você vai ficar na minha casa! - falo colocando a frigideira no lugar dela e jogando o chocolate frio no ralo da pia.

_ Você não mandaria para a rua um gatinho abandonado, sozinho e com frio? - Ele fez aqueles olhos de gato abandonado de novo, parecia aquele olhar do Gato de Botas e eu realmente não consegui resistir a tamanha fofura.

_ Tudo bem! Você fica - Ele rapidamente colocou suas patinhas no controle remoto e mudou de canal - Eí! Eu estou assistindo Tv!

Ele apenas me ignorou e continuou a assistir um programa de culinária aleatório que estava passando.

_ Pelo visto vamos ter que estabelecer regras, a primeira delas é quando eu estiver assistindo novela não interrompa... - Continuei listando algumas coisas, mas no fundo sabia que ele não estava escutando.

_ Ah propósito eu me chamo Mari. - Falei da cozinha, percebendo que não tinha falado meu nome até agora.

Ele apenas me olhou como se isso fosse irrelevante para sua vida, e foi 'aí que eu percebi que ele provavelmente não vai me chamar pelo nome.

Terminei de fazer os chocolates quentes, bem para ele eu coloquei em uma tigela e ponhei no chão ao lado do sofá, depois de muita reclamação da parte dele e muito "Eu sou um deus!", ele finalmente bebeu da tigela, mas em cima do sofá e eu torcia para não sujar tudo.

Bem minha tarde passou com várias reclamações de um gato irritante e a noite teve mais delas, mas consegui convencer Loki a dormir no sofá com uma coberta só para ele.

Eu não sei o que é mais louco, um gato que se diz o deus da mentira da mitologia nórdica ou eu que acredito nisso.

Loki, o gato trapaceiroOnde histórias criam vida. Descubra agora