Capítulo Um

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“O chefe está esperando por você. Boa sorte." Pete  deu um leve sorriso para a secretária antes de abrir a porta e entrar. Havia muito poucas coisas que Pete detestava tanto quanto ser chamado ao escritório de seu chefe.

Como chefe de departamento, ele o via com mais frequência do que o funcionário médio, mas ser chamado inesperadamente ao escritório de Kinn Theerapanyakul nunca era um bom sinal. Felizmente, isso não
acontecia com tanta frequência nos anos em que ele trabalhou para a empresa.

Pete parou, seu rosto Cuidadosamente disfarçado em uma máscara de
atenção educada enquanto Kinn olhava para ele do outro lado da mesa.


“Sente-se”, Kinn disse secamente. Pete não levou o tom para o lado pessoal. A maneira abrupta e dura de Kinn era bastante lendária.
O vice-presidente do Grupo Theerapanyakul não era de conversa fiada.

Pete sentou-se em uma das cadeiras. "Você queria me ver, senhor?" Kinn era apenas um ano mais velho do que ele, trinta e três, mas sua própria presença parecia exigir respeito, então não era tão desagradável ter que chamar seu colega de senhor. Kinn tinha homens com o dobro de sua idade se dirigindo a ele dessa maneira. Seu chefe o observou por um momento, seus olhos negros um tanto  enervantes fazendo Pete se sentir nervoso.

"Preciso da tua ajuda." -Disse Kinn

Pete piscou. Até agora, ele tinha certeza de que essas palavras não
faziam parte do vocabulário de seu chefe. -"É claro. Como posso ajudar?"

Kinn cruzou as mãos sobre a mesa, sua expressão afiada e avaliativa.
Encontrando seu olhar com calma, Pete manteve-se imóvel enquanto o
silêncio se estendia. Ele se recusou a deixar Kinn intimidá-lo.

“Você deve ter ouvido falar do incidente que aconteceu comigo há três dias”, Kinn disse finalmente.

Pete ergueu as sobrancelhas. Incidente? Era isso que Kinn estava
chamando de tentativa de homicídio? A empresa inteira estava cheia de
especulações desde que alguém atirou em Kinn. A bala passou de raspão na
cabeça, mas ainda havia muito sangue e, no entanto, Kinn voltou ao trabalho no dia seguinte como se nada tivesse acontecido. O homem era realmente um workaholic.

“Eu ouvi,” Pete disse secamente. Ele achava que não havia ninguém em
Boston que não tivesse ouvido falar disso. Kinn foi um dos empresários mais bem-sucedidos da cidade. Não ajudou muito o boato de que ele tinha ligações familiares com a máfia italiana - o boato que existia há anos e era um assunto quente novamente.

“O que você não sabe é que foi o terceiro atentado contra a minha vida este mês”, disse Kinn, em tom suave, como se estivesse falando sobre o tempo.

Terceiro?

Kinn beliscou a ponta do nariz e recostou-se na cadeira. “Tem mais,”
ele disse com óbvia relutância. “Houve uma tentativa de sequestro de Porsche.”

Pete franziu o cenho. Era amplamente conhecido na empresa que Porsche
Kittisawasd era amante de Kinn. Tinha sido um assunto de muita fofoca no ano passado. Embora a confraternização na empresa fosse malvista, não era proibida desde que não fosse dentro do mesmo departamento.

As pessoas ainda fofocavam, é claro. Muitas pessoas desaprovaram, considerando que Porsche havia
sido assistente pessoal de Kinn antes de ser transferido para departamento de Pete para trabalhar como designer de níveis. Pessoalmente, Pete não
dava a mínima. Porsche era um bom desenvolvedor e fez o trabalho. Pete não se importava se Porsche também estava chupando o pau de seu chefe.

Mas aparentemente algumas pessoas se importaram o suficiente para tentar sequestrá-lo. "Por causa do seu relacionamento?" Pete disse em uma voz neutra.

APENAS UM POUCO SEM CORAÇÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora