Capítulo 20

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Yoonah

Tudo Pronto!
Eu queria chorar de tanta felicidade.
Meu estúdio...Minha conquista pessoal. Eu estava orgulhosa, eufórica e pela primeira vez, cheia de confiança de um futuro melhor pra mim.
Três meses atrás, passando pela rua, voltando pra casa, vi a placa de "Vendo" em uma pequena escola de dança. Parei um pouco na frente, me identifiquei de cara com uma fachada simples mas muito elegante. Resolvi entrar.
Uma senhora linda, com roupas de balé clássico e porte suave me recebeu.
Ela me contou um pouco de sua história na dança e como a escola foi sua vida inteira. Mas que infelizmente após a pandemia vieram problemas financeiros e ela teria que ir morar no exterior com a filha. A escola teria que ser vendida.
Enquanto ela saiu pra trocar de roupa, uma música contemporânea tocava baixinho... me levantei observando o ambiente e me senti emocionada... em casa. Fechei os olhos e fiz o que não fazia há muito tempo. Dancei...
A melodia passou por mim novamente, movendo meu corpo e me fazendo sentir tudo que eu reprimi. Ela ganhou força e o sorriso veio junto com as lágrimas. Dancei e dancei mais... com tudo de mim naquele momento.
Quando a música parou eu estava esgotada. Ouvi palmas solitárias e ela estava parada me observando com lágrimas nos olhos.
- Minha filha... que coisa linda. Você nasceu pra isso. A música faz parte de você.
- Obrigada... eu precisava disso. Me desculpa.
- Não se desculpe. Dançar é uma poderosa terapia. Pelo visto você não se permitiu por um tempo, não é?
Abaixei a cabeça e não consegui conter as lágrimas. Ela me abraçou tão carinhosa que eu me deixei chorar em seus braços maternais.
- Chore querida. Coloque tudo pra fora... Mas depois levante a cabeça e volte a fazer o que você sabe que precisa. É assim que a vida funciona. Se abra pra todas as boas oportunidades. Pra amar novamente... a música,a dança,as pessoas... a vida.
Eu olhava pra ela como se fosse um anjo vindo diretamente do céu pra falar o que eu precisava ouvir.
- É isso que eu quero.
- Porque você não fica com meu estúdio? Eu preciso vender, mas saber que alguém que ama a dança como eu, vai ficar, me dá uma sensação boa de continuidade.
- Não sei se eu posso...
- Vem no escritório... vamos conversar.
Falamos sobre valores e uma chama se acendeu no meu peito. Os bancos estavam ajudando a população a se reerguer pós pandemia. O não eu já tinha... fui atrás de um sim.
Fui na agência onde eu tinha uma conta inativa por muito tempo. Conversei com o gerente e expliquei rapidamente meu plano de negócios.
Depois de passar a noite pensando, tive a idéia de um espaço onde a música servisse como terapia. Dança, instrumentos e canto. Seria a 'cura' usando o poder da música. Usaria meus poucos contatos pra buscar instrutores pra diversas áreas e as pessoas pagariam pequenos valores pra participar das aulas.
Falei com todo entusiasmo esperando que o gerente entendesse minha emoção.
Ele pegou meus dados e o número da minha conta. Mal conseguia conter minha empolgação.
Ele arregalou os olhos e checou a tela novamente.
- Tem certeza que essa conta estava inativa?
- Como assim? Estou devendo alguma coisa?
- Não. Pelo contrário. Ela tem uma soma considerável depositada.
- Hã? Desde quando?
Ele teclou novamente.
- Mais ou menos um ano atrás.
Jam! Ele falou ao se despedir que nos ajudaria. Mas o pai dele é que enviava ajudas mensais pra minha mãe. Graças a eles não sentimos tanto a ausência do meu pai financeiramente. Então porque ele depositou dinheiro nessa conta e não me disse nada?
- Esse valor cobre o que a senhorita precisa e ainda dá pra iniciar seu negócio. Gostaria de fazer a retirada?
Meu coração parecia que ia explodir. Eu tinha que agradecer mais uma vez ao meu primo.
- Eu vou finalizar a proposta com a proprietária e venho com ela formalizar o contrato.
Saí quase correndo do banco e fui dar o ponta pé inicial do novo capítulo da minha vida.

Voltei a observar cada pedacinho do MEU espaço. Era lindo e estava pronto pra inauguração. No meio da minha alegria o rosto de Parker apareceu sorrindo. Eu queria contar pra ele... mostrar pra ele, e dançar com ele aqui. A saudade como sempre foi uma faca afiada no meu peito.
Eu não queria entrar em contato antes de estar bem denovo. Eu sabia que ele ia querer cuidar de mim. Com aquele jeito de príncipe salvador, mas eu não queria ser pra sempre sua princesa indefesa e sofredora. Ele já tinha me dado tanto. Me ajudou a me sentir livre, uma mulher, e não mais uma menina. Me amou como eu jamais imaginei e mesmo no meu silêncio, ele se faz presente, me contando pequenos momentos do seu dia, me deixando livre pra voltar pra ele quando eu me sentisse pronta. Eu me sinto péssima por não correr e aceitar todo amor que ele tinha pra me dar. Mas eu queria ser uma força também. Uma companheira pros dias difíceis dele. Lutar junto todas as batalhas que nós vamos enfrentar. Só peço baixinho toda noite que quando esse dia chegar, não seja tarde demais.

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