Capítulo 02 - O Acordo

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Kakashi Hatake estava visivelmente incomodado com a carta que chegara aquela manhã.

De Fugaku Uchiha.

Kakashi não era bobo nem ingênuo, Fugaku estava doente e tinha um filho solteiro, isso era de conhecimento geral. O Uchiha mais jovem precisava de uma esposa, e Sakura estava à deriva, já com dezoito anos – ainda que recém completos. A contragosto, levou a carta para Kisashi e o velho passou os olhos pelo papel assinalado por letra fina e repuxada. O velho assentia para a carta enquanto andava de um lugar a outro do cômodo.

― Fugaku pede um encontro. ― Finalmente o senhor falou. Kakashi estreitou os olhos, como se cada vez mais sua teoria se concretizasse, um ciúme ameaçando aparecer, a sensação de posse. ― Em dois dias, no mais tardar, ― Dois dias! Que diabos aquele velho queria? Kakashi rejuntou todas as forças que haviam em si antes de questionar:

― Devo arrumar a carruagem, meu senhor? ― assentindo o homem confirmou ainda que permanecesse com os olhos no papel, dispensando Kakashi com uma de suas mãos.

Kakashi era um homem simples, mas cheio de ambições. Estava trabalhando com Kisashi desde muito tempo, quando teve seus olhos voltados para sua filha única, e a mais linda de todas as mulheres com quem já tinha estado. Sakura era um anjo de cabelos róseos. Os grandes olhos verdes, sua quietude, seu corpo magro, pequeno. Tudo nela lhe chamava atenção, excitava-o, até que aceitasse que estava rendido por ela. Sempre deixara muito claro tudo que pensava sobre ela, embora soubesse que, por sua condição financeira, a menina era apenas um sonho, nada mais que um sonho para ele.

O momento que mais temia estava chegando ― ele sentia isso. Sakura já era uma mulher e passava da hora de casar. Seu pai estava sendo generoso com ela ao deixa-la solteira até então e não a entregar ao primeiro velho que aparecesse com dinheiro. O velho rosado era ciumento com suas terras, com seu poder ― não com sua filha.

Avistou-a ao longe, caminhando com sua dama, e aproximou-se a passos rápidos. Especialmente aquela manhã, sua menina parecia estar mais corada que cotidianamente, talvez, por estar andando por aí, em seu esforço. Tão delicada... ― ele pensava.

― Senhorita Sakura! ― ele aproximou-se um pouco ofegante pelo pequeno gesto de rapidez em vê-la.

Virando-se para trás, reconhecendo a voz incômoda, a menina responde ― Kakashi. Como está? – forçou um sorriso sem mostrar os dentes. Sakura odiava a presença dele e o jeito como ele a olhava, como estava sempre correndo atrás de si, como estava sempre querendo sua atenção. Tudo nele a enojava.

― Feliz, agora, por vê-la! – Sakura forçou mais o sorriso. ― Se tiver um tempo, gostaria que pudéssemos conversar – o homem nota a dama, e diz: ― a sós. A senhorita Kurenai pode ficar à espreita, se quiser. É importante.

Contrariada, a aia olha para sua senhora que também olha para si. Recebendo uma confirmação de cabeça, Kurenai se afasta um pouco, ao longe, mantendo os olhos nos dois que tornam a andar lentamente lado a lado.

― O que é, Kakashi? ― Sakura inicia sorrindo forçadamente. Esperava que não fosse mais uma de suas investidas. ― O que tem para me dizer?

Pensativo, o homem dá mais dois passos na companhia dela em silêncio, até que por fim, inspira fortemente. ― Estou preocupado.

― Preocupado?

― Seu pai acaba de receber uma carta. Estará indo a um encontro em dois dias... ― Sakura não entendia o que ele queria dizer. Isso sempre acontece, não? ― Temo que, desta vez, seja sobre você, Sakura. ― ele a olha profundamente, parando de andar brusco. Começando a absorver a informação aos poucos, Sakura assente. Havia ficado, de repente, muito nervosa. Agora entendia sobre o que ele falava. Seu olhar fica distante para além do ombro de Kakashi, que continua; ― Não está com medo, Sakura? Podemos estar falando sobre um casamento. ― Voltando sua visão focada novamente no de cabelos claros, ela ajeita a postura antes de dizer:

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