𝙲𝙷𝙰𝙿𝚃𝙴𝚁 𝙵𝙾𝚁𝚃𝚈-𝚂𝙴𝚅𝙴𝙽: 𝚒 𝚑𝚊𝚝𝚎 𝚒𝚝 𝚊𝚕𝚕

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CAPÍTULO QUARENTA E SETE
Eu odeio tudo isso

ISABELLA FOI ACORDADA no meio da noite com algo que parecia choro lá fora. Talvez um dos adultos tenha ficado muito bêbado? Não não. Este foi o choro de uma criança.

Isabella esfregou os olhos e depois olhou pela janela. Freddie estava sentado na beira da estrada, com a cabeça entre as mãos e seu corpo tremia como se estivesse chateado. Isabella gemeu, Freddie a havia irritado antes, mas ela não podia simplesmente deixá-lo assim. Inferno, ela não deixaria ninguém assim.

Ela calçou os sapatos, deixando os cadarços desamarrados porque não se deu ao trabalho de calçá-los. Ela abriu lentamente a porta do quarto, todas as luzes da casa estavam apagadas e pelo que parecia, todos estavam dormindo. Então, ela foi na ponta dos pés até a porta da frente e a abriu, assim que saiu, ela acelerou o passo.

────── Freddie? ── Isabella sussurrou, mas ele estava fungando demais para ouvi-la. ────── Freddie. ── Ela acrescentou mais alto.

Quando Freddie olhou para cima, ele tinha sangue seco escorrendo do nariz e descendo até o queixo, descendo por todo o pescoço. Seu nariz estava vermelho e machucado, mais ou menos como o de Sam.

────── Isabella? ── Freddie se levantou e passou os braços em volta dela. Isabella tinha acabado de conhecer esse cara e ele a estava abraçando, ela se sentiu um pouco estranha, mas retribuiu o abraço rápido.

────── O que aconteceu com o seu rosto? ── Isabella perguntou. ────── Foi Sam?

────── Não. ── Freddie balançou a cabeça e tentou limpar um pouco do sangue com a manga do suéter.

────── Quem fez isso então? ── Isabella perguntou com mais firmeza, quem diabos andava por aí socando crianças? Pelo que ela sabia, ela, Sam e Freddie eram as únicas crianças em Alexandria.

────── Nosso-nosso pai fez isso... foi um acidente. Eu juro, ele não faria isso de propósito. ── Freddie divagou, era como se ele estivesse tentando se convencer de suas palavras. Isabella sabia que Pete era como John, ela sabia disso desde o momento na enfermaria.

Isabella sabia o que tinha acontecido, claro que sabia. Todas as memórias voltaram. Depois que John atacasse, ele pediria desculpas, diria a ela que ela sempre seria sua garotinha. Mas, isso não era sobre Isabella. Freddie precisava de ajuda.

────── Está bem, está bem. ── Isabella murmurou, ela não queria assustar ainda mais Freddie, ele já estava estressado o suficiente. ────── Uh, você pode entrar e limpar se quiser. Talvez conversar com um dos adultos. Glenn é muito legal.

Freddie assentiu rapidamente, então Isabella o levou para dentro e o levou para cima, ela esperou do lado de fora da porta do banheiro. Ela estava tentando tanto se concentrar em Freddie, se concentrar no que poderia fazer para ajudá-lo.

Embora ela só conseguisse pensar em John e Daryl. Ver isso acontecer com outra pessoa a fez perceber a fantasia em que está vivendo. Daryl não é o pai dela, ele nunca será o pai dela. John era o pai dela, John está morto. Ela não tem pai.

Tudo o que ela vivia era falso. Essas pessoas não eram sua família.

Seu coração lhe dizia uma coisa enquanto sua cabeça lhe dizia outra.

Daryl cuida de mim, ele é tudo que um pai deveria ser.

Não, ele é apenas alguém que cuida de você. Isso não faz dele um pai.

Daryl gosta quando eu o chamo de pai? Ele não tem filhos, nunca os quis. Ele nunca me quis.

Não, ele não gosta quando você o chama de pai. Por que ele faria isso? Você não é filha dele, você nunca será filha dele. Pare de ser tão ingênuo, pare de chorar o tempo todo, cresça.

𝗥𝗘𝗙𝗟𝗘𝗖𝗧𝗜𝗢𝗡❜ ᵗʰᵉ ʷᵃˡᵏⁱⁿᵍ ᵈᵉᵃᵈOnde histórias criam vida. Descubra agora