Prólogo

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Na agitação da noite, o andar mais baixo do casarão era dominado por barulhos de destruição, junto de uma voz desconhecida, que anunciava um intruso. Gritos dolorosos e comoção vinham de todas as paredes. Ninguém estava a salvo, e ninguém sairia vivo daquele edifício. Enquanto sangue era derramado e corpos já sem vidas foram arremessados, no andar mais alto, Violet Kinsei se agarrava a qualquer acrescento a mais de tempo. Seu corpo se contraia em dor toda vez que imaginava aquelas pessoas serem brutalmente assassinadas a sangue frio, ela não queria acreditar que teria de haver tantos sacrifícios para que, pelo menos, suas filhas saíssem salva. Na situação atual, a chance de todas viverem era minúscula, e, perante dois caminhos, Violet escolheu aquele que salvaria as pobres garotas de uma morte violenta, assim, então, cavando sua própria cova por elas. Desde o princípio, o pensamento de escapar nunca passou pela cabeça, pois, em sua juventude, Violet era uma exterminadora de demônios. Mais que ninguém sabia sobre a verdade cruel de priorizar aqueles à sua volta, e não a si mesma- O que traía os seus instintos humanos.

Quando o ataque começou, Violet se levantou rapidamente, procurando sua Miki e Eri no quarto. Afinal de contas, naquela noite, a Sra. Kinsei decidiu que Eri ficasse a noite na casa dela, e ela nunca se perdoaria se algo acontecesse com a criança. Contudo, tudo que aguardava a mulher naquele cômodo era uma cama bagunçada e cortinas esvoaçantes devido a janela aberta, o vento frio a cercou, causando calafrios desconfortáveis por sua pele. "Onde estavam as suas crianças? Elas desceram as escadas? Para onde foi Miki e Eri? Cadê suas filhas?", era tudo que conseguia pensar naquele momento. Parte dela tentava acreditar que Miki, assim como Eri, estavam bem e, com sucesso, escaparam. Por outro lado, se desesperava com a ideia de ter morrido.

Como se estivesse no meio de um redemoinho excessivamente agressivo, seus pés descalços pisam cada vez mais forte e persistente contra a madeira, ressoando sons graves com duração prolongada. No meio de seus pensamentos complexos, surgiu aquele que a guiará para o quadro de moldura dourada, e, grudada na parte detrás dele, uma nichirin é escondida. Sua dona arrancou o utensílio bélico, cerrando seus dedos com firmeza ao redor do cabo. A nichirin, com seu protetor de mãos em forma de estrela, parecia contar histórias silenciosas do passado. A nostalgia penetrou pelas camadas de seu coração, logo isso atiçou a raiva pelos onis que há tempos não sentia. Sua cabeça se ergue após a breve onda de memórias invadir sua mente, aquela mulher estava mais do que pronta para sacrificar a vida.

O kimono rosa, enfeitado com flores violetas, parecia mais apertado a cada passo que ela dava. A raiva fervilhava dentro dela, como um vulcão prestes a explodir. Cada movimento rápido aumentava a tensão no tecido já justo. Sua respiração pesada e o olhar fixo denunciavam sua fúria. Em um movimento brusco, ela avançou sem se importar. Um som seco ecoou pelo corredor - o kimono havia rasgado na coxa. Ela nem parou para olhar; continuou andando, deixando para trás um rastro de fios soltos e uma prova tangível da sua ira descontrolada. Durante sua caminhada pelo corredor, não pôde deixar de notar os corpos ensanguentados de suas empregadas, a causa da morte sendo um ferimento grave e, à procura de refúgio, as jovens subiram para o andar mais alto, no entanto, as vítimas sucumbiram sob a dor intensa.

O corredor parecia mais longo do que lembrava, e seu coração já não podia controlar o desejo insaciável de ver aquele demônio cair de joelhos no chão, enquanto acima de seu corpo sem cabeça, um rosto imponente o observava, transmitindo o auge de sua autoridade. Violet Kinsei queria vê-lo sentir-se como um verme, alguém tão inferior que jamais teria a audácia de perturbar sua paz. Afundá-lo nessa dor agoniante, a mesma dor que fez cada uma dessas pessoas estiradas no chão passar por.

Subitamente, seus pés encontraram-se imóveis e seus ombros, antes tensos, relaxaram. Até mesmo a firmeza para segurar a nichirin desapareceu num sopro. A expressão em seu rosto suavizou percebendo duas crianças indefesas perto do primeiro degrau, ambas tremiam de medo com olhos marejados. Uma delas parecia mais assustada, enquanto a outra emanava mais coragem-- Violet familiarizou com a coragem da pequena criança. Diante da situação, precisamos manter quem amamos sã & salvo e, para mostrar a luz no final do túnel para essa pessoa, aquela garota, mesmo aterrorizada, tentava manter-se erguida. Emanando o máximo de confiança e coragem que tinha para transmitir, uma frase bastante simples, mas ainda assim tranquilizadora: "Tudo ficará bem.", mesmo que a esperança fosse falsa; mesmo que talvez não houvesse uma luz no final.

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