𝐗𝐈𝐈𝐈

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Hell No — Capítulo treze:
para pedir ajuda à mamãe se resgata um amor.

Hoseok point of view

🐺

Durante todo o tempo em que fiquei limpando tudo que o professor mandou, eu estive no meu limite. Um lupus não deveria ficar tanto tempo guardando raiva, mas também não deve sair arrebentando caras por aí, é tipo um paradoxo, ter que descontar a raiva para não deixar o lobo sobrecarregado surtar, mas não poder descontar a raiva porque o lobo pode se descontrolar.

É uma droga, mas em casa eu estava mais calmo depois de passar duas horas ouvindo Daeun escutar música e gritar no meu ouvido.

Minha mãe veio dizer que Yoongi passou o dia todo me xingando por ter pegado detenção pouco depois de concordar em levar ele lá para casa. Eu ri um pouco disso, deveria ter sido fofo. Agora eu estou completamente largado na minha cama, eu mandei uma mensagem para Yoongi, mas sequer chegou para ele então eu supus que ele estava dormindo e fui terminar de fazer tudo que minha mãe me mandou fazer e aparar o undercut que já cresceu demais.

Eu tinha que arrumar a cozinha e meu quarto, não era nada muito difícil, mas a preguiça estava morando em mim. Eu tentei mandar outra mensagem e ainda continuava não chegando.

Resolvi colocar na cabeça que ele não vivia por mim e fui pro meu banheiro procurar aquela bendita máquina de cortar cabelo. Era bem rápido e eu já estava acostumado a fazer isso, mas eu ia precisar ir no salão para cortar o restante já que não sou bom com tesouras. Acabei limpando o banheiro também já que tinha cabelo para todo lado.

[…]

Na manhã seguinte minha mãe me acordou porque eu estava começando a me atrasar, precisei tomar um banho rápido para tirar o suor do corpo já que durante a madrugada eu tive uma onda estranha de calor e inquietação.

Como sempre ignorando o uniforme escolar, vesti uma blusa preta com a estampa belíssima de uma das minhas bandas atuais favoritas, Dadaroma, e uma calça fodida em que os rasgos foram feitos por mim e as quedas de skate, coisa que abandonei, minha altura sempre me fez ser um pouco desengonçado e eu não tenho paciência para aprender as coisas. Meu all star preto que nunca viu água e sabão também estava nos meus pés junto com as vergonhosas meias da moranguinho. Não era realmente da moranguinho, só tinha umas bolinhas vermelhas e uns morangos desenhados.

Como eu estava atrasado eu não parei na casa de Yoongi, ele já deveria ter ido. Quando cheguei tive que pedir permissão para entrar na sala, meus olhos buscaram Yoongi e ele não estava lá, isso fez meu sorriso desaparecer e eu passei a aula toda exatamente como passava antes de conversar com ele: copiando o que os professores passavam e dormindo nas aulas chatas.

Durante a tarde ele não foi trabalhar. Minha mãe ficou preocupada, mas chegou à conclusão que ele poderia ter entrado no cio, só assim para ele não ter aviso sobre sua falta. Aquilo não melhorou meu humor, eu queria a presença dele, queria ele comigo e não passando o cio sozinho provavelmente em um ninho de cobertas com o próprio cheiro.

A teoria do cio acabou se firmando quando se passaram sete dias e nenhum sinal dele, fiquei esperando ele aparecer na escola na segunda-feira, assim seria o décimo dia e ele poderia ir normalmente e sem atrair alfa nenhum, mas novamente ele não apareceu. Acabei indo na diretoria perguntar se ele estava com a licença de cio, mas disseram que ele já tinha pego antes e que ele nunca teve o cio desregulado, ninguém sabia o motivo de seu sumiço e ninguém atendia o telefone fixo da casa. Preocupado, pedi que me liberassem para eu poder ir na casa dele saber se ele estava bem.

Eu nunca corri tanto em toda minha vida, meus pulmões e minhas pernas doíam quando eu parei na frente da casa dele. Estava tudo fechado e escuro, eu mal conseguia sentir o cheiro de Yoongi ali dentro, então dei a volta na casa e procurei ver se tinha um jeito de subir na janela do quarto dele, e tinha: canos e umas madeiras empilhadas que provavelmente foram usadas na reforma do telhado ou algo assim. Sabendo como o pai dele é eu não ia voltar para casa sem saber o que estava acontecendo com o meu — quase — namorado.

Quase caí duas vezes tentando subir, mas quando cheguei pulei de uma vez, bati o pulso e arranhei a mão mas tudo deu certo.

A cortina salmão estava na frente da janela e só tinha um espacinho entre elas, mas só dava visão para a porta fechada de seu quarto e várias coisas jogadas no chão, aquilo me deixou ainda mais preocupado, Yoongi odiava bagunça. Bati na janela várias vezes até ver a mão branquinha dele mexer na cortina e ele me olhar assustado.

— Abre, Ji.

— Não tenho como abrir… tem um cadeado. — Ele mordeu o lábio antes de continuar falando — Todas as janelas da casa tem. E as portas estão trancadas.

— Você tá me dizendo que tá trancando no quarto há dez dias? — Ele não respondeu, só abaixou a cabeça e soltou um suspiro, como se não quisesse dizer aquilo em voz alta e se dar conta do que realmente estava acontecendo ali. — Sai de perto da janela.

Ele estranhou, mas obedeceu sem ao menos pensar. Tirei tinha blusa xadrez que estava amarrada na altura do cós da minha calça e enrolei na minha mão antes de dar um soco forte na janela, quebrando o vidro completamente. Apenas o aro de metal ficou no lugar, preso ao cadeado.

Yoongi estava com os olhos arregalados e eu voltei a amarrar a blusa no quadril pulando dentro do quarto dele em seguida. Antes de abraçá-lo eu examinei seu corpo podendo ver alguns hematomas fracos e outros mais fortes que provavelmente eram mais recentes.

Eu quis ir atrás do pai dele e sufocá-lo até vê-lo perder a cor diante dos meus olhos. Yoongi estava machucado demais, o suficiente para eu temer abraçá-lo e acabar piorando então apenas dei um beijo em sua testa, deixando que ele me abraçasse.

— Senti sua falta.

Hell No • sope | ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora