Hell No • sope | ABO

𝐈𝐈

Hell No — capítulo dois:
é uma obrigação, idiota.

Without point of view

Hoseok queria meter o pé dali. Odiava a ideia de ficar muito perto de Yoongi e ainda por cima tendo que falar diretamente com ele sem ser para reclamar ou retrucar algo.

Mas lá estava Hoseok, após chegar ao colégio, indo na direção do ômega atirado, que vestia uma saia branca tão curta que se aquilo era uma calcinha mesmo, o alfa estava vendo sem esforço algum — era apenas um short de proteção.

O ômega sequer notou a aproximação de Hoseok, ele estava mais focado em tirar fotos fazendo biquinhos fofos. Haviam algumas florzinhas brancas no cabelo cor de pêssego, provavelmente tiradas do canteiro no jardim do colégio, Hoseok achou fofo, combinava com a delicadeza dele, mas isso não era algo que ele diria para Yoongi.

— Min Yoongi. — chamou usando um pouco do tom ativo, o que fez o pequeno choramingar antes de erguer o olhar.

— Não faz isso… — Hoseok mordeu o lábio inferior com a frase dita em um gemido manhoso. Sua intenção era assustar, não excitar Yoongi. Aquilo não deveria machucar? — Que milagre é esse você vindo falar comigo?

— O professor disse que você precisava de ajuda com as questões sobre o livro, e eu estou livre hoje, posso passar na sua casa para ajudar a fazer o que não consegue. — disse sério, os braços cruzados. Yoongi olhou a tatuagem no dorso da mão do alfa, e sorriu, gostava de pássaros.

— Podemos ir depois da aula? — perguntou ficando de pé para não precisar virar tanto a cabeça para trás ao falar com o alfa, mas não ajudou muito, Hoseok era alto demais.

— Sim, me espere no portão se sair antes de mim, eu te espero se sair antes.

— Somos da mesma sala… É só eu esperar você lá mesmo. Ou tem vergonha de ser visto comigo? Eu sei que você não gosta de mim, mas eu não tenho nada contra você, te acho legal apesar de implicar comigo… O que custa você tentar ser ao menos gentil?

— Você não vai começar a chorar, vai? — Hoseok perguntou, e Yoongi negou, mas dava para ver os olhinhos levemente molhados. — Tudo bem, a gente pode sair junto, vou ir atrás dos meus amigos, até depois.

Hoseok saiu e Yoongi voltou a se sentar no banco do pátio, soltando o ar de seus pulmões.

Era tão patético conseguir falar com todos os alfas menos o que queria.

— x —

Hoseok point of view

Durante a aula, Yoongi me olhou algumas vezes, provavelmente querendo dizer algo, mas desistindo de falar. Dessa vez ele não ficou se atirando para cima dos alfas, ele parecia meio abatido até. Não que eu me importe, claro que não, mas eu achei estranho isso.

Ao fim da aula, ele guardou as coisas dele e ficou parado na porta segurando a mochila sobre os dois ombros. Ele parecia  ainda menor daquele jeito.

— Vamos? — perguntei ao parar ao lado dele, que sorriu assentindo. Estranhei quando ele segurou no meu braço, mas não reclamei, desde que ele fique calado, tudo bem. — Você tá meio estranho hoje, calado demais, quieto demais… quase chorou na minha frente.

— Não é nada demais… briguei com o meu pai. Só isso. — Deu de ombros. Eu tinha a impressão de que ele estava mais perto de mim, quase colado na verdade.

Andamos por mais um pouco de tempo até chegar na nossa rua, ah é, somos vizinhos. E mesmo nesse tempo, Yoongi não se soltou de mim.

— Tem certeza que não tem nada acontecendo? Você parece assustado. — Talvez eu esteja começando a ficar preocupado, ele não é do tipo de ômega que anda olhando para trás a cada cinco segundos e que se agarra desse jeito (em alguém que nem tem intimidade) como se fosse um filhote perdido.

— Sim. Vem, eu vou abrir a porta. — Ele revirou o bolso menor de sua mochila até achar a chave cheia de adereços. — Pode entrar.

— Ah, licença.

Deixamos nossos sapatos perto da porta e Yoongi me segurou pela mão, puxando até seu quarto.

— Sério que vai trazer um alfa praticamente desconhecido para dentro do seu quarto? — perguntei assim que ele empurrou a porta e me puxou para dentro.

— Eu ando com spray de pimenta extra forte. — E sim, essa foi a resposta dele. Como se eu não fosse um lupus dominante que consegue prever qualquer ameaça. Vou deixar ele se iludir achando que eu não conseguiria imobilizar seu corpo antes dele tirar a tampa do spray. — Tem um frigobar ali no canto, tem água, doce, refrigerante e chá de pêssego, se quiser é só pegar. Vou separar meus materiais. Pode sentar na cama, não tem nenhum vibrador aí, você não corre riscos.

Ele gargalhou brevemente e se abaixou para colocar a mochila no chão depois de tirar os cadernos de dentro dela e bom, talvez tenha sido proposital, mas eu quase pude ver as costuras de sua roupa de baixo. Ele não sabe que essa saia é curta!?

— Você não deveria se abaixar assim, eu consegui ver tudo por baixo da sua saia. — Notei quando o rosto dele ficou mais vermelho que um morango e ele abaixou o suéter, como se quisesse se cobrir melhor. Ok, ele realmente não tinha percebido. Certo, isso foi fofo. — Quer trocar de roupa? Posso sair.

— Não, você já viu mesmo. E é só um short. — Deu de ombros, se jogando na cama e logo em seguida parando para ler os enunciados das questões. — Hoseok, o professor disse o que eu não entendi?

— Na verdade não.

— Ótimo, porque eu só não tinha lido nada e tava com preguiça, mas acabei achando um resumo do livro e entendi tudo. — ele disse, me mostrando o caderno com todas as questões respondidas, corretamente inclusive. — Te trouxe aqui por outro motivo.

— Qual?

— Quero que me diga por que me odeia. — Eu juro que queria pensar em uma resposta plausível, mas aquelas roupas nele e o jeitinho que ele estava sentado não me ajudava a pensar em algo decente. Eu sou um alfa e ele é um ômega, estamos no quarto dele e o cheiro dele está em todo lugar.

Como raios eu vou pensar assim?

Notas finais

Uai Hoseok cadê o ódio