𝐕𝐈𝐈𝐈

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Hell No — Capítulo oito:
exposição de arte contemporânea e blusas de anime.

🐺

narração em terceira pessoa

Yoongi estava tão animado com o emprego que havia se vestido com o maior cuidado, como se o uniforme fosse feito com algum tecido muito caro, arrumou os cabelos — havia até mesmo aplicado um tonalizante para deixar a cor mais brilhante — e se maquiou levemente. Estava aproveitando que seu pai resolveu fazer hora extra e durante a semana sairia muito cedo e voltaria muito tarde, assim não teria que contar que estava trabalhando.

O caminho não era longo então foi a pé mesmo, vez ou outra ajeitando a franja que o vento bagunçava. Quando chegou, Hyelim estava na recepção dando instruções a Linseok. "Ah, ótimo" resmungou baixinho, sempre esquecia que ele era irmão de Hoseok.

— Boa tarde, Yoongi! — A mulher sorriu, Linseok não se parecia tanto com ela. Na verdade, não era exatamente filho dela, era filho do primeiro casamento do pai dos dois alfas mais novos. — Eu só vou mostrar pro Linseok como funciona o novo sistema e já começamos a fazer os sabonetinhos. Uma moça pediu alguns com cheiros complicados. Maçã com mirtilo, e outra de mel com hortelã, esse é menos estranho.

— Certo, posso separar os materiais? — Hyelim assentiu.

Yoongi foi para a sala usada apenas para produção de sabonetes e velas aromatizadas, era bastante organizado, os produtos com etiquetas e todos em prateleiras baixas — o que era ótimo para si — sem falar no cheiro que tinha ali, era bastante agradável. Começou a separar tudo que usariam para aqueles dois sabonetes tão específicos. Não demorou muito para Hyelim entrar naquela sala, havia prendido o cabelo com uma fita vermelha que provavelmente era usada para embrulhar presentes.

— Conseguiu achar tudo, hm? Você é esperto. — Yoongi sorriu um tanto envergonhado por não saber lidar com elogios e passou a prestar atenção em tudo que a alfa dizia que era preciso fazer. — Mirtilo tem um cheiro tão bom…

— Parece o cheiro do Hoseok, mas não é só isso… — Yoongi mordeu o lábio de notar o que havia dito, mas por sorte Hyelim pareceu não ter escutado. — Eu não sabia que Linseok também trabalha aqui.

— Ele cobre as folgas da Shuhua. — A alfa disse e entregou uma forminha para o ômega despejar o líquido para fazer o sabonete. — Normalmente é Hoseok quem faz isso.

— Ah, e por que ele não veio hoje?

— Ele saiu com a Shuhua, foram em uma exposição de arte. — A Lee contou com um sorriso simples no rosto. — Cuidado para não se queimar, sabonetes queimam muito mais que velas.

— Eles saíram como em um encontro?

— Creio que sim… exposição de arte é bem chato, te dá motivo para conversar e trocar alguns beijinhos. — Hyelim piscou um de seus olhos, rindo.

Yoongi assentiu, colocando alguns brilhinhos dentro da glicerina  derretida. Estava sentindo seu coração derreter igual aquele sabonete.

[…]

Hoseok point of view

Sabe aquela sensação de que você está completamente deslocado em um lugar? É exatamente como eu me sentia agora. Shuhua estava vestida como todas as outras pessoas ali: totalmente elegante. A garota havia feito um rabo de cavalo bem alto e mesmo assim o cabelo dela parecia enorme, também estava usando uma saia preta justa e uma blusa social feminina. Parecia uma barbie de cabelo preto.

Enquanto isso, eu estava com uma blusa com a estampa de Noragami, o bom e velho all star e para completar aquela única calça preta com correntinhas que eu amo. Parecia que eu fui sequestrado por pessoas chiques.

— Hm, você parece desconfortável. — Ela me assustou falando de repente.

— Ah… É estranho eu estar vestido assim? Eu deveria estar vestido de uma forma mais social? — Puta merda eu não sei fazer uma pergunta simples!

— Não, só estão assim porque são adultos. — Ela deu de ombros, os brincos pequenos brilharam contra a luz. Eu também me sentia estranho por estar ao lado de uma garota bonita que parecia ter saído de um dorama, queria me enfiar no chão.

Ela tinha um ar de intelectual, e eu estava parecendo um adolescente que passa o dia no quarto ouvindo rock e batendo punheta para um ômega bonito. Não que eu não seja, mas é estranho realmente parecer isso, eu não consigo simplesmente fingir que sou uma pessoa comum preocupada com conseguir um emprego ou algo assim.

— Ai meu deus! — Ela disse do nada, e foi para trás de mim.

— O que foi? Tem algum alfa te encarando? Eu posso resolver isso.

— Não… tá vendo aquela garota do outro lado? Aquela de batom vermelho com um vestido branco e jaqueta preto e branco? Não quero que ela me veja.

— É algum tipo de rival ou algo assim? — Perguntei realmente confuso. A outra garota também era bem bonita, me lembrava minha amiga, era magra com cabelos pretos com franjinha.

— Não, na verdade eu gosto dela.

— Crush é? Espera, você tá me usando para fazer ciúme nela? Isso é bem ridículo, e se eu sentisse algo por você? Ia destroçar meu coração! — Eu estava passando tanto tempo com Yoongi que até a mania de fazer drama eu já tinha pego.

— Não, você idiota? Eu chamei você porque não queria vir sozinha, e eu não sabia que ela estava aqui… Ah meu deus! Por que ela tá apresentando aquele quadro como se fosse dela?

— Ela se chama Soojin?

— Sim… Como sabe?

— Tá escrito no quadro, acho que ela tá expondo as obras dela. — Aproveitei o espanto de Shuhua e saí de perto dela, indo até a tal Soojin, quando me aproximei pude notar que ela é uma alfa, ela é menor que eu mas tem tanta presença quanto. Alfas mulheres geralmente são assim, nem me assusto mais. — Oi, você é a Soojin, sim?

— Sou. Está interessado nas minhas obras?

— Não, minha amiga é que tá interessada, mas em você, ela já te conhece e não tem coragem de vir falar com você então assumi meu posto de pessoa babaca e vim contra a vontade dela falar com você e saber se você não tem interesse em passar seu número e tentar conhecer ela.

— Ah, eu conheço a Shuhua… mas posso passar meu número sim. — Ela pegou a bolsa apoiada na cadeira e de dentro dela tirou uma caneta e um bloco de papel. — E você, deveria parar de se intrometer.

Ela me deu um olhar mortal, os olhos estavam laranja, certeza que ela pensou no desconforto que Shuhua deveria estar sentindo agora.

— Foi só dessa vez. Juro. — Ergui as mãos e ela me entregou a folhinha com o número dela. — Prometo não ser mais babaca assim.

— Tá. — Eu acabei rindo um pouco, mas nada que ela tenha notado. Quando voltei para perto da ômega, levei um tapa ardido no braço, depois ela ainda me deu um chute. — Okay, eu já entendi… Vai falar com ela? Não seja covarde.

— Vou. Mas não porque você conseguiu o número dela. — Dei de ombros, não era como se eu realmente quisesse saber do resto da história. — E você também deveria parar de ser covarde.

— Eu? Mas por quê?

— Você gosta do Yoongi e finge que não.

— Q-Quem te d-disse isso!?

— Nem precisou. Agora vamos, eu quero ir para casa, senhor covarde.

Hell No • sope | ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora