COM A MÃO PRESA na maçaneta da própria casa, Toji Fushiguro se mantém duvidoso se quer encontrar a mulher dentro do cômodo, a senhora Fushiguro, sua esposa.
Os dedos dele tamborilam, impacientes, o objeto frio e ele encosta a testa na madeira branca e grossa, suspirando em um som alto após um dia cansativo com o conselho do seu antigo clã. Jamais queria se casar novamente, mas, com todos os bens que adquiriu com o tempo e já na casa dos trinta, sabe que tem a obrigação de gerar um herdeiro para prosseguir a sua própria linhagem.
Toji se deu por vencido após tanta pressão para cima de si. Iria tomar uma esposa, disse a todos que ansiava por uma companhia feminina, foder todas as noites e bebês, muitos bebês para que preencham a mansão tão vazia com falatórios, cheiro de comida assada e risos amorosos.
No entanto, o Fushiguro nunca se imaginou sendo assim, vivendo numa fantasia despretensiosa em que estivesse compartilhando a vida, novamente, com alguém. Foi por isso que mandou a antiga esposa embora, ela vivia atrás de amor, paixão e carinho, tudo o que ele não podia — e não pode — oferecer.
Não sentia nada pela antiga Fushiguro além de desejo, apenas roubou o sobrenome dela para si e a ofereceu uma quantia generosa de dinheiro para que sumisse da vida dele para sempre. Toji é assim, e não sente vergonha em admitir que descarta aquilo que não é mais útil para ele.
Agora, está em uma situação mais delicada, terá que lidar com uma nova esposa possivelmente repleta de sonhos, cheia de amor para receber e com palavras doces direcionadas para ele.
Um arrepio o toma e ele engole em seco, sentindo a garganta apertada em busca de algum líquido forte, já não tem mais idade para suportar esses melodramas romancistas.
Toji Fushiguro rir diante tantas incertezas, ele, que geralmente é tão acertivo em seu trabalho e vida pessoal, está fugindo de uma mulher completamente desconhecida. Ele se sente ridículo e um canalha por tê-la deixado sozinha no "altar", mas não tem culpa se o dever o chamou bem antes disso. O trabalho sempre foi e sempre será a sua prioridade.
Só soube que a cerimônia ocorreu quando uma queimação tomou conta do seu pulso direito, indicando que agora ele pertencia a alguém quando uma marca escura se fez ali, presente, e na cor preta mais bonita que ele já viu.
O símbolo de um demônio, de um homem perigoso assim como ele é.
Ele gira a maçaneta sem fazer ruído algum, abrindo a porta e sendo recebido por um cheiro delicioso de comida. O estômago dele ronca e seu olfato traiçoeiro o guia até a cozinha, onde depara-se com uma silhueta pequena e, definitivamente feminina, trabalhando com as panelas fumegantes no fogão, espalhando um delicioso aroma temperado por todo o ambiente.
Toji observa a imagem a sua frente, encostado na batente de mármore da cozinha e com os braços cruzados, ele vislumbra a sua esposa movendo-se pela cozinha como se aquele espaço fosse desenhado por ela, ao parecer conhecer tão bem, até mais que ele próprio.
Uns bons minutos se passam e ela ainda não notou a presença dele, mesmo que Toji tenha camuflado, de início, a si mesmo, percebe o quanto Cyra parece ser alheia quando está concentrada.
Cyra Fushiguro, a nova esposa, que foi comprada por ele mesmo em um templo destinado a mulheres que não têm mais chances na vida, que estão desesperadas para saírem de suas situações vulneráveis, sedentas para se agarrarem a qualquer oportunidade beneficiadora.
E a sua companheira se saiu a mais beneficiada de todas, uma vez que ele gastou uma quantidade generosa de dinheiro para adquirir a mulher mais alfabetizada daquele lugar inóspito. Ao ter uma resposta do templo, fez uma investigação completa sobre ela e não descobriu nada fora do comum, somente que ela é compatível com ele e que pode aturá-lo.
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ᴍᴀᴛʀɪᴍᴏ̂ɴɪᴏ, toji fushiguro
Romance-Você está realmente casada com um demônio! em que, devido as necessidades de uma vida melhor, Cyra se ver obrigada a se abster a um casamento arranjado com um homem impetuoso, sugestivo e que não a quer em seu caminho.