tw: violência, overdose, referência ao uso de drogas e bebidas alcoólicas.
SÃO FRANCISCO, novembro de 1967.
No corredor tranquilo do sofisticado hotel, o espesso tapete vermelho escuro silenciava os passos inquietos dos membros da banda. As paredes revestidas de papel de parede floral vibravam suavemente, enquanto os gritos ecoavam, fazendo as luzes amareladas dos lustres parecerem tremer. As portas de madeira escura permaneciam fechadas.
— Como é que você pôde fazer uma dessas comigo? — Georgia esbravejava com a voz meio rouca, o rosto vermelho de raiva enquanto encarava a irmã.
— Eu fiz o que tinha que ser feito, beleza? Quem tá sendo irresponsável aqui é você! — retrucou Seugyeon, com a voz embargada e segurando o choro.
Outra onda de raiva tomou conta de Georgia, fazendo com que ela se dirigisse até a cômoda com as pernas trêmulas. Agarrando o abajur com força, ela o arremessou na direção da irmã, lutando para manter a cabeça erguida e se equilibrar.
— Você não sabe de nada! Como é que consegues ser tão egoísta?
— Egoísta? Eu só tava fazendo o que precisava ser feito! Como posso ser egoísta? — a mais velha gritou, avançando na irmã e empurrando seus ombros. — A egoísta aqui é você, Georgia!
— Você não aguenta ver eu me destacando, né? Não suporta ver que tô mandando melhor que você na carreira! Que eu tô realizando meu sonho e você não tá conseguindo lidar com isso.— Jeongyeon gritou, levando a mão à cabeça girando, com a respiração ofegante. — E agora quer jogar tudo que eu conquistei no lixo!
— Tá se ouvindo agora? — Seungyeon gritou, incrédula, passando a mão pelos cabelos e balançando a cabeça. — Olha só pra você! Não consegue nem ficar em pé, Georgia! Você tem que se tratar, garota!
A mulher mais velha suspirou com frustração, sentando-se aos pés da cama e escondendo o rosto entre as mãos, permitindo que as lágrimas escorressem.
— Eu só quero que você se ligue e veja que tá se acabando. — ela murmurou, chorando. — Você vai acabar arrastando as meninas junto.
— Ah, valeu! E você acha que jogar essa conversa pra cima de mim vai ajudar? Só tá deixando a coisa toda mais encrencada! — Jeongyeon retrucou, sentindo a cabeça latejar ainda mais. — Eu tô mandando bem, sim, e você não tá conseguindo engolir isso! — ela continuou, com a voz carregada de raiva. — Sempre foi assim, desde pequena. Você nunca conseguiu me ver brilhando.
Seungyeon balançou a cabeça, frustrada.
— Isso não é verdade! — ela retrucou, com os olhos lacrimejando. — Eu sempre te apoiei, mas agora você tá virando um caso perdido. Se trata disso, não de quem é melhor.
— Caso perdido, né? — Jeongyeon riu, meio amarga. — Você só tá procurando um motivo pra me derrubar. E sabe de uma coisa? Já tô de saco cheio das suas desculpas, Seungyeon! — Georgia disparou, com a voz tremendo de raiva, arremessando o vaso decorativo contra a parede.
— Você tá de saco cheio porque não quer ouvir a real, né? — Seungyeon respondeu, levantando-se de novo. —Tá tão obcecada com a sua própria vida que nem saca o que tá fazendo com as suas amigas.
— Você acha que é fácil pra mim? Tudo o que eu fiz foi pra sobreviver nessa indústria insana! E agora você vem com essa de que eu sou o problema? — ela deu um passo pra trás, tentando se firmar.
A mulher mais velha caminhou em passos firmes até a sua irmã mais nova, agarrando os dois lados de seu rosto a forçando a encontrar seu olhar. Seu coração se partiu ao analisar o estado de sua irmã.

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Paradox
Fantasy[HIATUS] Nos primórdios dos anos 2000, Dahyun, uma estudante de música na Universidade Nacional de Londres, ao ser incumbida de um seminário sobre bandas icônicas de décadas passadas, ela decide explorar o sótão, onde sua mãe falecida costumava arma...