No silêncio, uma catedral

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Julian caminhava calmamente pelos corredores da catedral em que eles tinham o domínio, afinal de contas o Sabá como seita tinha um sistema organizacional como uma parodia ao sistema da igreja católica, e nada melhor para controlar humanos do que pelo medo e pela fé. O homem andava pelos corredores decorados com arquitetura gótica, até achar uma sala que era guardada por uma porta de madeira grossa e antiga, ao abri-la, Julian avistou varias pessoas dentro do cômodo, entre eles, a sua esposa com cara de pouquíssimos amigos com os braços cruzados e agora vestindo outro vestido, um de tom marsala com alguns bordados em seu decote. 

- Chegamos. - avisou o homem que segurava em seus braços o menino pálido quase sem pulso como se fosse uma criança de colo.

- Ele... - Daphne observou que o menino estava desfalecido nos braços de seu marido com uma respiração extremamente fraca, não estava morto, mas também estava literalmente por um fio. 

- Acalme-se, eu não o drenei totalmente, na verdade, eu não poderia, porque para que esse processo dê certo, você precisa terminar de drenar todo o sangue dele. - Julian adentrou ainda mais a sala que havia inúmeras cadeiras almofadadas, uma péssima iluminação e no centro dela havia uma cama de casal vintage de detalhes de cobre. Ele levou Logan até a cama, onde deitou o rapaz de cabelos pretos com calma o vendo gemer um pouco ao sentir seu corpo tocando a superfície macia, talvez a falta do sangue estivesse o deixando mais sensível, e ele tinha que admitir que sua mordida não era a mais leve de todo o Sabá. - Ssshhh... calma, meu garoto... 

- Julian, você tem certeza de que quer fazer esse processo? - questionou o vampiro mais antigo do local, também conhecido como Arcebispo Percival, que também fazia parte do clã ao qual Julian pertencia após o seu nascimento para a não-vida, os Tenebrarum, ou, mais comumente conhecidos, o clã das Sombras. - Não falo apenas pelos risco que você esta colocando em sua esposa, mas também da incerteza de que esse processo possa de fato funcionar. Muitos já tentaram criar indivíduos de linhagens únicas e raras, e essa linhagem que você esta querendo criar é extremamente rara, não só isso, as linhagens para isso não convergem. 

- O Arcebispo tem razão, Bispo Julian, é um experimento em todas as formas. - alegou um dos Bispos que estava presente no local e ambos ouviram o suspiro pesado de Julian antes do mesmo se virar para eles. - Nada pode nos confirmar de que essa criança vai viver após o nascimento, tudo isso pode resultar em um natimorto. 

- E na morte de Daphne. - uma das pouquíssimas mulheres daquela sala tomou a palavra, ela era loira de olhos verdes, parecia ter seus trinta e cinco anos, mas sua postura era firme e sua expressão era séria. - Podemos não querer trazer esse assunto a tona mas devo lembra-los que não temos muitos da linhagem de Daphne do nosso lado, e sua presença aqui é indiscutivelmente importante para assuntos mais políticos. 

- Me sinto tocado pela preocupação de todos aqui. - Julian levou suas mãos até suas costas e sorriu maliciosamente. - Mas a minha esposa é assunto meu, meu clã é assunto meu...

- Errado, Julian, o clã é assunto de Gratiano e você se quer teve resposta dele para esse seu... plano. - declarou Percival seriamente. - O que nos faz pensar que ou ele simplesmente não se importa, ou desaprova. 

- Se ele desaprovasse já teria expressado a própria opinião, Percival. - Julian respondeu. - Ele só não se importa e isso não é novidade para nós, o meu ponto é, tivemos essa conversa inúmeras vezes e todos aqui, incluindo você Bispa Verônica... - apontou para a mulher loira que cerrou os olhos. - Concordaram, então não sei porque estamos tendo esse tipo de discussão nesse momento, há uma criança nesta sala que precisa nascer. 

- Estamos apenas pontuando o que pode acontecer. - respondeu Percival sabendo que era uma luta perdida, já que seu irmãozinho era, de todas as crias de Gratiano, o mais obstinado e ganancioso quando dedicava toda a sua atenção a um assunto especifico. 

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