Desalinhados ( Futura Webtoon )

Encontros improváveis ( Parte 3 )

O evento era uma festa em comemoração ao aniversário de um amigo do pai de Zulmi. Antes que a celebração chegasse ao fim, Zulmi decidiu ser o primeiro a se retirar. Já era tarde, e haveria aula no dia seguinte. Contudo, todo aquele papo sobre negócios comentado no evento o havia estressado. Ele decidiu caminhar um pouco para respirar ar fresco antes de ir para casa.

Com as mãos nos bolsos, ele saiu do local e, assim que passou pela porta, Alice o avistou. Ela reconheceu a expressão de desânimo; era a mesma que ele fez na noite em que se encontraram pela primeira vez. Curiosa sobre o fato de ele estar naquela reunião, Alice decidiu segui-lo.

Zulmi andava sem rumo pelas ruas tranquilas até que chegou a uma praça, iluminada apenas pela luz dos postes. Ele caminhou até os brinquedos e sentou-se em um banco próximo. Alice, por sua vez, escondeu-se atrás de algumas plantas e árvores, observando à distância.

Depois de alguns minutos, Zulmi começou a murmurar algo, balançando o corpo de um lado para o outro; parecia uma melodia que Alice não reconhecia. De repente, ele se levantou, retirando os fones de ouvido. A música, antes inaudível, agora se fazia ouvir por Alice. Era uma melodia calma, mas aos poucos, uma batida começava a se formar.

"Ele está dançando?!", pensou Alice, incrédula com o que via, principalmente por não reconhecer aquele tipo de dança.

Zulmi começou fazendo ondas com os braços e, de repente, mudou para passos de pés, conhecidos como footwork no hip-hop. Ele fluía com a música, o que parecia aliviar um pouco a tensão em seu rosto. No entanto, ao mesmo tempo, parecia que aquilo o deixava triste, como se estivesse à beira de desabar. Alice sentia isso desde a primeira vez que o viu: Zulmi parecia triste, incompleto, embora ela não soubesse o motivo.

Ainda assim, os passos dele chamaram a atenção da garota. "Que legal!", pensou, enquanto puxava o celular da bolsa para filmar. No entanto, descuidada, deixou o celular cair, junto com outros pertences - a carteira, um batom e um pequeno espelho -, fazendo um barulho considerável.

Zulmi parou imediatamente, arregalando os olhos, e virou-se na direção do som. Ele avistou Alice, abaixada, recolhendo seus pertences do chão, embora seu espelho redondo tivesse rolado um pouco mais distante.

- O que você está fazendo aqui? - perguntou ele, incrédulo.

Alice se levantou, corando de vergonha e tentando recuperar a compostura.

- Eu... eu só estava passando e vi você dançando. Desculpa, não queria te assustar.

Zulmi suspirou, parando a música e guardando o celular no bolso. Ele cruzou os braços, encarando-a como se soubesse que ela estava mentindo. E ela estava.

Alice pegou o celular do chão, evitando o olhar de Zulmi.

- Desculpa... - sussurrou, dando um passo à frente. - Eu não queria interromper... eu te segui. - Zulmi estremeceu. - Segui porque você saiu do evento com a mesma cara de morte que tinha ontem à noite, quando esbarrei em você. Mas aí, de repente... - ela o encarou. Zulmi já havia deixado sua postura séria e a ouvia atentamente. Alice então correu até ele, segurando suas mãos.

"Tão perto", pensou Zulmi, curvando-se um pouco para criar distância.

- Aquilo foi tão legal! Por que você não disse que sabia dançar? - Alice soltou as mãos dele e começou a gesticular enquanto falava, deixando o garoto sem reação. - Que tipo de passos eram aqueles? Nunca vi nada parecido. Você dança há muito tempo? Você podia ter me contado! Eu podia ter me esforçado mais para ser sua amiga. Você me ensina esses passos? Será que dá para fazer com patins?

Enquanto Alice tagarelava sem parar, Zulmi apenas caminhou até o banco e sentou-se, olhando para os pés. Assim que ela percebeu que ele se afastara, parou de falar e o encarou.