Day off.

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Hum.. Estação das flores.


 O tempo estava um pouco mais brilhante, as flores desabrochando e o clima parecia diferente. O mesmo lugar que sempre vou, um café que abre as seis e fecha meia noite. Tudo com que estou familiarizada me faz sentir uma sensação de paz e em casa. Nunca quis nada além do que eu possuo ou posso aguentar, nada que me puxe para fora da minha bolha e dos meus limites. Mesmo possuindo tudo aquilo que quero, mesmo podendo encontrar qualquer coisa que eu quiser com apenas um estalar de dedos tudo ainda é tão..

chato.


 Monótono, monocórdico, indiferente, invariável, repetitivo. 

 Poderia colocar o dicionário inteiro, jogar sinônimos de desagrado. Ainda assim sobraria algo, a monotonia me deixa entediada. Quanto mais a terra gira, quanto mais eu volto para o mesmo vazio de casa nada mais é do que um tédio, tedioso, irritante, sem sabor. Apenas nada, nada além de nada. Mas mesmo que tudo seja tão tedioso e estressante ainda estou aqui, apunhando uma espada que deveria ter largado a anos. Tenho tudo que sempre sonhei, então o que me falta?

 A maneira em que me sinto cada dia mais estragada por dentro causa apenas um gosto amargo e metálico em minha boca. O porta retrato que está na minha frente talvez seja a única coisa que me mantém de pé, mesmo que eu esteja me sentindo vazia sei que não posso simplesmente assumir isso para os outros e faze-los choramingar por pena. O que mais me estressa além da forma em que estou amargurada é a pena que alguém sentiria de mim, não é o que desejo e nunca será. 

Estou sendo muito ríspida comigo mesma?

 O calor de minhas mãos segurando o quadro me fez questionar se talvez já não fosse hora de mudar, mesmo que um pouco. Minha linha de raciocínio estava perdendo-se ao longo dos anos, mesmo que eu nem fosse tão velha. Ainda nem cheguei no auge dos meus 30 anos e me sinto como um poeta amargurado da vida. So espero não desejar a morte. O relógio de parede estava parecendo um pouco silencioso, olhei para ele e vi que já eram quase sete horas da manhã, eu já deveria estar a caminho da empresa. 

Tudo bem, melhor tarde do que nunca.

 Deixei o porta retrato no lugar e então busquei a chave do automóvel. Meu óculos escuro estava acima de minha cabeça, caminhei elegantemente até o estacionamento e destranquei as portas. O melhor de ter um carro é poder esbanjar na cara dos outros, não que eu faça, mas é bom poder ter. O caminho entre as ruas era tranquilo, o trânsito estava parado e não tive muito problema na estrada. Talvez meu problema fosse ao chegar.

— Os contratos fornecidos por outras empresas chegaram hoje, mas cabe a você dar a palavra final. — Lumine entregou alguns papéis logo que Arlecchino estava subindo para seu escritório. Pareciam importantes.

— Quais são os mais beneficentes para a empresa? tenho que pensar mais antes de aceitar. — Falou começando a sentir seu corpo pesar so com a ideia de trabalho rodeando sua cabeça mais uma vez.

Seria errado desejar enterrar esses dias apenas para conseguir descansar um pouco?

— A empresa da senhora Raiden pediu uma parceria faz uma semana, aparentemente isso trará lucros para a empresa. Principalmente com a fama que ela tem com diretoria de livros de sua atual noiva, pode trazer bons benefícios. — Lumine seguiu Arlecchino até seu escritório. 


 Lumine era uma das secretárias de Arlecchino, umas das mais competentes para trabalhar dentro da empresa. Ela movimentava seus funcionários quando Arlecchino estava indisposta e conseguia gerar bons acertos, aquilo era ótimo, mas a voz real da empresa era a chefe. Lumine era a porta-voz, mas ainda assim era útil e eficiente para seu cargo.

Call me maybe |  ArlefuriOnde histórias criam vida. Descubra agora