☯︎ ᴍɪɴʜᴀ ᴜɴɪᴄᴀ sᴀʟᴠᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ ✩

Eu quero apenas você.

[🌑]

Já era o próximo dia, nesse horário eu já estava saindo de casa, de cabeça baixa, estava tendo que usar um tampa olho por causa do roxo e alguns curativos em partes específicas do meu rosto.

Meu pai nessas horas gritava comigo, mas eu não o escutava, pois estava de fones com uma música alta, eu apenas saí de casa e fechei a porta de forma agressiva. Eu olhei para o lado e acabei me assustando, Satoru estava ali, me observando com um sorriso grande no rosto, como diabos ele conseguia sorrir daquela forma em plena 7:50 da manhã?

- Bom dia, Suguru!! - Ele disse de forma animada, me abraçando em seguida, eu fiquei levemente corado com o ato e sem saber o que fazer, mas logo retribuindo o abraço fortemente.

- Bom dia, Satoru. - Respondo baixo, e meio seco, o meu jeito de sempre, mesmo falando daquele jeito seco, eu não desgrudava dele, também pelo fato que eu não queria que ele olhasse meu rosto.

- Credo, bom dia seco. - Ele diz num tom de voz irônico, ele percebeu que eu não desgrudaria tão rápido dele, apenas rindo baixo.

Senti meu corpo se levantar, fiquei confuso e afastei meu rosto do ombro do platinado, percebendo o garoto me carregando no colo em direção ao nosso destino.

Meu rosto ficou ruborizado, e eu apenas aceitei, o abraçando e enterrando meu rosto no ombro dele de novo, até chegarmos no local exato.

Percebi que havíamos chegado quando ele me colocou no chão, me afastei do mesmo e olhei nos olhos deles, percebendo o olhar de preocupação dele ao olhar as feridas cobertas em meu rosto.

- O que aconteceu, Suguru? Se meteu em briga? Me fale, por favor... - O tom de voz dele revelava toda a preocupação, eu sentia o dedo dele passar sobre os curativos de forma delicada para não me machucar, obviamente.

- Não foi nada, Satoru, acabei me machucando sem querer, apenas isso. - Meu tom de voz trêmulo, assim como meu corpo revelava que aquilo era uma mentira, abaixei minha cabeça, sentindo as mãos quentes de Satoru segurando as minhas.

- Suguru, não precisa ter medo, me diga, quem fez isso? - A voz dócil junto com a preocupação me fazia ter vontade de dizer tudo, mas eu não estava preparado, nunca estou preparado para falar minha vida por completa pra alguém, já que eu também nunca tive ninguém para conversar de verdade. Mas essa confiança em Satoru aumentava aos poucos, talvez eu conte para ele mais pra frente.

- Eu não quero falar sobre isso, Satoru... - Meu tom de voz saía falhado, e eu continuava de cabeça baixa, sentia meus olhos se encherem de lágrimas ao lembrar da surra que eu levei sem motivo, nessas horas o sinal havia tocado, todos já estavam dentro da escola, menos eu, Satoru e algumas pessoas sem importância.

- Como quiser, meu anjo. - Satoru não ficou insistindo, o que foi muito bom, mas a forma que ele me chamou me derreteu todo, tirando um sorriso extremamente bobo de mim. Satoru me pegou no colo novamente, ele não entraria no colégio comigo no colo dele, né? Ele não seria idiota de fazer isso? Ele foi idiota, ele entrou comigo no colo dele.

Eu pudia sentir os olhares e risadas das pessoas, mas Satoru não se importava com aquilo, assim como eu, afinal, eu estava confortável ali. Ele apenas me colocou no chão na porta da nossa sala, ajeitei meu cabelo e entrei primeiro na sala, indo direto ao meu canto, e Satoru me seguindo, fazendo o mesmo.

A fileira na qual eu sentava estava com uma cadeira a mais, o que foi bom até, eu sentei na última cadeira e Satoru na cadeira da frente.

A aula começou, eu não iria copiar nada como sempre, se aquele deus a minha frente não tivesse pedido para eu copiar as coisas.