Quarta-feira ☕ ♡

10 0 0
                                    

— Hoje vai dar certo, Nahyun! — Afirmei confiante enquanto me aproximava da loira que enchia dois copos com a bebida em expresso.

— Se você não conseguir até sexta, vai ficar me devendo um jantar com carne. —  Ela deu uma piscadela enquanto preparava a bandeja com os pedidos.

— Preciso. Ontem eu olhei nos olhos dele, foi tão mágico, como se ele quisesse me falar algo através daquela troca de olhares...

— "Não derrube meu café dessa vez"—Nay soltou uma risada, me entregando sua tarefa.
— Ei! — Exclamei com os olhos cerrados.
—Chega de contos de fada, leve esse pedido para o casal da mesa um.

Puxei a bandeja e analisei a porta antes de ir, ele ainda não havia chegado. Estava planejando convidá-lo para jantar novamente, será que ele iria recusar?

Chega! Não posso pensar negativamente.

— Aqui seu pedido, tenha um bom dia. —  Sorri para os dois jovens apaixonados à minha frente.

Antes de me retirar, ouvi o sino da porta cantar, meu coração palpitou e as pernas tremeram, olhei de relance e vi ele com sua mesma expressão de seriedade enquanto se aproximava da parte de atendimento.

Já iria correr em sua direção quando escutei uma voz masculina exclamando em um tom anormal:

— Ei, moça!— Eu sabia que vinha em direção à mesa do casal que atendi segundos atrás.

— Sim! —  Trinquei os dentes tentando entender o motivo de me chamarem justo na hora em que eu não podia.

— Como podem servir algo assim?

A voz do rapaz se alterava a cada palavra enunciada e me dei conta de que estava passando por um problema com o cliente.

— Tem um cabelo na minha bebida! — Continuou.

Nesse momento ouvi sussurros se instalando pelo café, precisava resolver isso com calma para não gerar tumulto, meu príncipe do café de baunilha teria que esperar um pouco.

— Senhor precisa se acalmar.

— Senhor? Eu tenho cara de velho?

— Me... Me desculpe, posso ver a bebida?

— Você sabe muito bem do que estou falando, é cabelo longo de mulher, seu. Por que precisaria ver?

O homem se alterava à medida dos segundos e parecia vermelho igual um pimentão, isso estava me deixando preocupada, por que justo agora?

— Por favor, se acalme.

— Chega! Não vou pagar por isso!

—Por favor, me entregue sua bebida. Preciso conferir. —Estendi a mão com seriedade enquanto tentava olhar em seus olhos, mas ele desviava constantemente.

—Está me chamando de mentiroso? — Sua testa franziu.

— Só preciso confirmar antes de tomar uma atitude.

— Tá dizendo que meu namorado é um blasfemador? — A moça veio em minha direção, que me fez recuar dois passos pensando que seria atacada por sua bolsa pequena de mão.

Aquilo estava saindo do controle justamente quando a chefe não se encontrava, eu podia ligar para ela, mas era uma viagem ao médico. Em situações como essa, deve-se encarar mesmo sendo uma simples funcionária.

— Estou pedindo que me entregue a xícara.
Repeti.

Nesse momento, o homem pegou o objeto e jogou no chão, respingos de café sobrevoaram meu avental e cacos de porcelana ficaram espalhados pelo chão.

— Procure você mesma!

Estava prestes a ficar de joelhos me sentindo incapaz de conseguir resolver aquilo para procurar um simples cabelo quando senti alguém tocar meu ombro impedindo. Era Bang chan, estava ali entre a gente, então significa que ele tinha visto tudo?

— Ela pediu com formalidade, mas você quebrou uma parte do patrimônio do estabelecimento e provocou um escândalo que muitos estão vendo, não se sente envergonhado?— Eu só conseguia ficar mais encantada com tanta elegância que ele transmitia ao falar.

— Mas foram elas que serviram algo errado. — O homem mais baixo ao lado de Bang Chan gaguejou.

— Qual era a cor do cabelo? — Indagou.

— Castanho. - O cliente confessou com a vista baixa.

—  As duas garotas que trabalham aqui usam touca, uma é loira e a outra tem o cabelo rosa. — Ele me analisou bem e senti  meu estômago embrulhar de emoção. Chan sabia a cor do meu cabelo mesmo debaixo daquela touca feia.

— Enquanto isso, a garota que o acompanha tem o cabelo da cor que mencionou. —  Continuou.

— Tá, eu me confundi, mas não posso fazer nada. — Ironizou.

— Peça desculpas para ela e pague pelo estrago que provocou. -Os olhos do rapaz seguiam cada movimento do casal.
O silêncio se estendeu pelo local, eles vieram em minha direção para fazer uma reverência, o homem que provocou todo escândalo retirou dinheiro da carteira e me entregou como se estivesse segurando fogo em suas mãos, em poucos segundos deixaram o local e o resto dos clientes voltaram para seus respectivos cantos.

— Você está bem? - A voz do rapaz soou com uma canção entre meus ouvidos, com um pulo virei para ele que me encarava com aqueles olhos como o pôr do sol.

— Estou sim! - sorri, fechando os olhos.

— Que bom... Eu tenho que ir, cuidado com os cacos de vidro.

Senti que estava de boca aberta admirando-o sair, minhas pernas ainda estavam travadas e a voz, tanto que esqueci de dizer "obrigada" e a chance que tive novamente, foi embora com ele, mas ele se preocupou comigo, mesmo? Como assim? Eu só podia estar sonhando. Quase pedi para Nay me beliscar.

Café Con AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora