Epílogo ☕ ♡

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Senti uma gota fria escorrer do meu pescoço enquanto observava o homem de óculos minúsculos analisando o relatório que levei a noite toda para finalizar a tempo, mas que ele fazia a leitura daquilo em segundos como se fosse algo fácil.

— Excelente. Como sempre, não me decepciona, Bang Chan! —  Exclamou, jogando a papelada em cima da sua mesa como um pedaço de madeira.

Suspirei aliviado, já tinha feito aquilo outras vezes, na verdade, várias. Mas nunca cheguei a ser promovido desde que comecei a trabalhar ali, mesmo ficando horas extras na empresa, escrevendo relatórios e assumindo tarefas alheias. Eu não conseguia sair do mesmo lugar. Sim, eu estava sendo extorquido de trabalho, e ele, o diretor, se aproveitava disso.

—  Tenho outro favor para lhe pedir… Na verdade, dois favores.

Revirei os olhos sem perceber.

— Preciso que prepare a lista de convidados para o jantar da empresa e também refaça o relatório da semana passada. Quando enviei para o CEO ele disse que estava faltando acrescentar palavras, sei que você é capaz e vai conseguir entregar para mim a tempo.

Ele sorriu, tentando amenizar a situação.

—  Mas eu terei que trabalhar durante o fim de semana para conseguir realizar isso.

—  É necessário sacrificar até mesmo nossa folga quando se faz parte de uma das empresas mais famosas da Coreia, mas vale a pena quando somos promovidos por isso, veja onde estou agora.

A risada dele ecoava pela sala, era extremamente irritante e forçada.

—   Mas...

Agradeci ao destino por justamente nessa hora ouvir uma batida na porta e evitar que eu falasse que ele só assumia aquele cargo de diretor por ser parente do CEO. Em seguida, a porta foi aberta, uma mulher baixa, aparentando ser da minha idade, mas com um rosto bem dócil, de cabelos descoloridos de rosa e usando um uniforme com logotipo de café carregando uma sacola, entrou na sala.

— Seu pedido, Senhor.

— Oh, isso mesmo. Pode deixar aí.
Antes que ela andasse mais alguns passos, acabou escorregando sem motivo algum e derrubou o saco com copos nos pés dele, causando uma bagunça.

— Aish!— Exclamou o diretor.  —   Como pode ser tão desastrada, garota?

—  Me... Desc… Desculpa. Irei limpar.  —  Ela começou a recolher os descartáveis e enxugar com papel o líquido que derramou dos recipientes.

—  Chega! Deixe isso aí.

—  O senhor vai relatar isso no feedback? —   Sua cara parecia desanimada e ela não deixou de encarar o chão.

—  Não. Só saia daqui!

—  Muito obrigada! Não sabia que o senhor era tão generoso, espero que possa ganhar muitos cafés para adoçar sua vida. —  Ela tinha um sorriso contagiante, como de uma criança alegre e começou a dar pequenos pulos.
Soltei uma risada abafada, mas me contentei quando ele me olhou de relance.

—  Só saia, por favor.

A moça de cabelos como um sorvete de morango fez uma referência antes de passar pela porta, mas acabou se chocando com uma parede ali perto.

Vê-la sendo tão desastrada daquele jeito me trouxe um alívio da tensão de minutos atrás,  era divertido.

—  Você também. Finalizamos a conversa aqui. —  Ele fez um gesto indicando a saída.

Antes de fechar a porta escutei seu grito abafado de raiva e que me tirou outra risada.

Voltei para minha mesa com mais desânimo que antes e vi Bang Hana, minha irmã se aproximando.

— Mais relatório? —  Perguntou.

— Sim, outro novamente só para reescrever. —   Me joguei  na cadeira giratória enquanto encarava o teto.

Hana me entregou um copo de café e achei um pouco estranho, porque ela sabia que eu não bebia aquilo.

— Nem reclama, só estou fazendo um favor. —  Revirou os olhos.

— Favor? - Arqueei as sobrancelhas.

— Uma garota de cabelo rosa me pediu para entregar isso ao moço que estava com o diretor, ela disse que era um presente.

—  Presente?  —  Indaguei confuso enquanto pegava o copo embalado e logo vi um bilhete em cima da tampa de plástico.

"Não tenha medo de falar oque deseja. Figthing!"

Um sorriso escapuliu novamente do meu rosto, foi quando só me dei conta, ela tinha escutado nossa conversa e entendido um pouco do que estava acontecendo, era um conselho, bem valioso, e talvez na hora certa. Pelo visto, não era só desastrada.

—  Ei! Você sorriu. —  Minha irmã me apontou o dedo indicador. —   Deve estar apaixonado pela moça do café.

—  Não exagera, é a primeira vez que vejo ela por aqui.

—  Ela é nova, começou a fazer entregas recentemente, não sabia nem mesmo encontrar a sala do diretor.

—  Onde ela trabalha?

—  Acho que é alguma coisa em espanhol...Cafeteria am… Cafeteria Con amor!

—  Interessante. —  Cocei a cabeça pensativo encarando o bilhete.

—  Vai convidá-la para sair? Ela nem sabia seu nome.

—  Ela é uma pessoa boa.

—  Deve tá apaixonado mesmo.- Hana Desdenhou.

—  Chega, volte ao trabalho.

—  Bobão, vai passar o fim de semana trabalhando?

—   Provavelmente… Na verdade, não vou.

—   Mas e o relatório que ele te passou?

—   Tem horas que devemos falar oque desejamos.

—   Mas você não vai ser demitido?

—   Vou arriscar. Hoje uma garota me mostrou que o diretor pode ser generoso e doce como um café expresso. —  Sorri lembrando da cena de mais cedo.

Hana não parecia entender nada do que eu disse e apenas fez o costume.

—  Vou beber isso, então. —  Tomou o copo das minhas mãos sem esforço.

—  Pode beber, vou outro dia comprar mais um.

—  Do outro lado da cidade?- Seus olhos cresceram como um balão.

—  Talvez.

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Obrigada por lerem até aqui! Espero que tenham gostado, ainda quero postar se possível uma fic com cada membro do Stray kids. Até a próxima e aceitam um cafézinho? 👀☕

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