Discussão com meu namorado falso

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Abri a porta do meu quarto, eu estava bem hesitante, afinal estava entrando com um garoto no meu quarto, completamente sozinha. Credo, pensar nisso me fez querer vomitar, mas o Draco era a última pessoa que eu esperava que fosse querer fazer alguma coisa, se é que você me entende. Ele estava odiando isso tanto quanto eu.

Draco entrou primeiro, nada cavalheiro. Ele nem pediu licença e sentou na minha cama. Eu suspirei baixinho e me sentei em uma cadeira na frente dele, pensando no que falar, mas não precisei, porque ele foi mais rápido.

— Não concordo com isso — ele disse cruzando as pernas e me lançando um olhando de nojo.

— E você acha que eu concordo? —Ri descontraída e olhei para o espelho.

—Ótimo, vamos apenas fingir então — Ele também desviou o olhar.

Eu analisei a situação, talvez eu possa tirar proveito disso. Pensem comigo, esse garoto provavelmente passa pelas mesmas coisas que eu, se não pior. Todos sabemos que ele tem medo do pai, e o jantar de hoje só me provou isso. Acompanhem minha ideia, eu vou educar esse merdinha, quanto menos política puro-sangue sangue no mundo, melhor.

— Por mim está perfeito — cruzei os braços e me encostei na cadeira. — Admita Draco, você tem medo do seu pai.

Se eu sempre fui abusada assim? Sim queridos, eu nasci diva.

O garoto arregalou os olhos, depois franziu a testa. — O que?! Tá maluca garota?! Quem você pensa que é-

Eu sorri malisiosamnete, segurando a risada e interrompi ele. — Shhh, você grita demais, cale a boca. Não estou aqui para tirar sarro de você, eu não me rebaixo a esse nível.

Ele pareceu ainda mais bravo e confuso. — Do que você tá falando?!

— Quero dizer, eu também sinto medo do meu pai...eu jamais concordei com essa política nojenta de sangue puro e...

Ele se levantou, o rosto dele expressava raiva e nojo. — Garota você está maluca! Você está sendo insana, como pode dizer algo assim?! — Nessa hora ele cuspiu um pouco em mim. — Famílias puro-sangue são e sempre serão superiores.

Eu também levantei. — Escute aqui Malfoy, se você se importa tanto em agradar seu pai, terá que conviver comigo! — Disse apontando para ele — E eu não tenho medo de você, se quer se dar bem comigo minimamente é melhor controlar sua boca!

Ele me olhou furioso, mas não disse nada. Ele se virou e saiu do quarto. Eu rapidamente segui ele, eu estava rezando para que ele não acabasse com tudo, eu não estava afim de ouvir sermão do meu pai.

Quando chegamos lá em baixo o casal Malfoy já estava na porta, provavelmente prontos para ir embora.

— Ah bem na hora, vocês estão aí! Meu pai sorriu daquele jeito para mim e para Draco.

Draco substituiu a cara feia dele por um rosto neutro, ficou ao lado do pai, que colocou a mão no ombro dele, apertando mais que o normal.

— Fico feliz que vocês tenham conversado, Draco...— o jeito que ele falou o nome de Draco bem devagar fez minha nuca arrepiar. — Muito obrigada pelo convite, Leonard, aposto que nos veremos muito mais vezes a partir de hoje... — lançou um sorriso mesquinho para o meu pai e depois para mim.

Meu pai se despediu, e fechou a porta. Ele pegou a gola da minha camisa e me arrastou para o meio da sala.

— Escute aqui mocinha, isso não é uma brincadeira, não quero nada dos seus joguinhos. Os Malfoy são uma família de pessoas de elite e eu quero que você seja perfeita para Draco, isso não é um conto de fadas garota, isso são negócios, trate de fazer tudo dentro da linha ou vai se arrepender de ter nascido! — Ele olhava pra mim com os olhos pegando fogo e me segurando pela gola da blusa.

Eu engoli o choro. Como eu odiava ele, como eu odiava aquela casa. Suspirei e ignorei minha raiva, apenas acenei com a cabeça concordando com meu pai.

— Sim senhor...— disse tremendo um pouco.

Ele me largou e se virou, subindo as escadas. Minha irmã olhou pra mim, mas desviou o olhar logo em seguida.

Subi para o meu quarto, enterrei minha cara no travesseiro e gritei. Não sabia o que era pior, ir para Hogwarts e ter que fingir que gosto de Draco, ou ficar em casa e ver a cara do meu pai todos os dias.

A partir daí minha vida que já era uma loucura, virou completamente de cabeça para baixo. Se eu tinha alguma paz na biblioteca de Hogwarts, talvez já não tivesse mais. Eu tinha que ser perfeita, e sabia muito bem o que ia acontecer se eu não fosse exatamente como meu pai queria, pensar nisso me dá calafrios.

O problema é que eu não sou perfeita, e sempre odiei regras. Eu nunca seria quem meu pai desejava que eu fosse, eu até poderia ter notas altas, eu até poderia ser da sonserina como ele foi, mas isso nunca seria o suficiente, primeiro porque eu não sou homem, e nosso sobrenome não seria passado para frente por conta disso, já que minha irmã também é uma garota...isso é o que ele pensava porque...segundamente, eu sou lésbica, e no fundo sempre soube, mas eu não ousaria abrir a boca para ninguém sobre isso, a não ser que eu esteja pronta para morrer.

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